23 de nov. de 2010

O tempo gasto pelos navios nos portos

Tempo perdido pelos navios nos portos subiu 20% este ano
Os navios de carga que escalam o Brasil
esperaram o equivalente a 3 mil horas (ou 8,2 anos) para atracar nos portos nacionais entre janeiro e setembro,de acordo com levantamento realizado pelo Centronave.
Segundo a associação,o número é quase 20% superior ao registrado no mesmo período de 2009
e diz respeito à soma das horas que as embarcações dos armadores filiados à entidade aguardaram para atracar ou desatracar em 5 mil escalas realizadas.
"Ao mesmo tempo em que é um indicador de que a economia está aquecida,demonstra que a infraestrutura não acompanha a velocidade desse crescimento.
É um gargalo que exige investimentos urgentes", afirma Elias Gedeon.

O porto de Santos
sozinho respondeu por cerca de 50% do volume de paralisação
no acumulado dos nove primeiros meses, calcula o dirigente.
Não à toa: mesmo em 2009,sentindo os efeitos da crise,a movimentação no complexo cresceu 4,4% sobre 2008,fechando em 83,1 milhões de toneladas,
e deve bater recorde neste exercício, com 95,5 milhões de toneladas.

Em agosto,um dos meses mais congestionados do ano,
43,3% das embarcações que estiveram em Santos demoraram 72 horas ou mais para atracar,
ante 25,7% do mesmo mês de 2009.
Em igual intervalo de 2008,o percentual de espera de três ou mais dias foi de 29,3%.
O custo diário de um navio com capacidade entre 4 mil e 5 mil Teus está em US$ 30 mil.


Por ser a origem e destino
da maior quantidade das cargas do comércio brasileiro,respondendo por 25% da balança comercial,
pular a escala no porto de Santos é o típico "crime que não compensa".
Consequentemente, há um efeito em cascata. Rio Grande (RS),
geralmente o último porto do serviço, é recordista em cancelamento de escalas,
o que tende a diminuir com a recente expansão de um terminal de contêiner,
diz Gedeon.
A estimativa da associação, que reúne 30 armadores,é de que são necessários R$ 40 bilhões em investimentos em novos terminais,modernização dos existentes e obras de acesso aos portos em até cinco anos,para evitar o colapso.
Pelo levantamento do Centronave,entre 2001 e 2008 o volume de contêineres movimentados por Santos
cresceu de 714 mil unidades para 1,74 milhão de unidades,
salto de 144%.
Mas a capacidade disponível para movimentação e armazenagem
aumentou apenas 49%. A oferta de cais, 6%.

O diretor de Planejamento Estratégico da Codesp, Renato Barco,
destacou que a retomada do comércio exterior após a crise financeira,
o crescimento significativo das importações e o contínuo aumento das exportações das commodities agrícolas influenciaram fortemente a movimentação.
Mas ponderou que a capacidade instalada tem atendido a demanda atual.
Para o médio e longo prazos.
Temos num cenário de até quatro anos a entrada em operação dos terminais
Embraport e da BTP, somando mais quatro berços de atracação,além do desenvolvimento de estudos
para a implantação de terminais de passageiros,contêineres e líquido a granel,
e a redução nos tempos de espera para atracação
será garantida com a entrega da primeira etapa da dragagem de aprofundamento,
a implantação do VTMIS (monitoramento virtual de navios) em 2011
e a remodelação do sistema rodoferroviário do porto.

A Secretaria Especial de Portos (SEP),destacou que o trabalho para sanar problemas com a espera tem sido feito.Segundo o secretário-executivo da pasta, Augusto Wagner Martins,
o setor portuário conta com quase R$ 40 bilhões em investimentos,sendo R$ 7,8 bilhões de aportes públicos do PAC,cuja carteira de projetos contratados soma quase 60%.
É um desafio enorme resgatar investimentos
que durante muitos anos não foram feitos.
Mas essa é a nossa missão,melhorar a eficiência dos portos.
As obras estão em andamento, agora,são medidas que exigem tempo para amadurecer.
fonte Valor Econômico

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