18 de nov. de 2010

O trabalhador do Porto

Um dos assuntos de maior relevância em nossa região
é o Pré-sal e o Porto de Santos, batendo sucessivos recordes.
Para quem conhece superficialmente o Porto,
parece ser um conglomerado de atividades braçais e simples,
assim como, os profissionais que trabalham por lá,
que desenvolvem atividades repetitivas e sem precisar utilizar muito o pensar.
Pura bobagem de um mercado preconceituoso.

Atualmente ministro um curso de qualificação
para aproximadamente 60 profissionais deste segmento e nesta convivência,
além de descobrir suas competências,
reforcei minha visão de sempre respeitar pessoas e profissões,
fugindo da armadilha do pré-julgamento.
Agora, passado estes três meses,
minha visão sobre estes profissionais
é muito mais valorizada e próxima da verdade.

Nas discussões do curso que envolve:
mercado do trabalho, empreendedorismo, comportamento, relações humanas,
realidade politica, historia do Brasil, logística, petróleo, geografia,
português e outras questões interligadas,
a participação das três turmas (manhã, tarde e noite)
tem sido digna de elogios, em relação a ideias, debates, aprendizado,
consciência e sensibilização e tendências.

Em outras palavras,
são pessoas preparadas, objetivas, atualizadas e bem humoradas,
além de ótima visão de cidadania.
Muitos foram preparados mais pela escola da vida,
do que pela escola acadêmica.
Algum problema?
Nenhum,
pois correram atrás de fazer bem feito e com paixão
o seu dia-a-dia e não atrás de um diploma somente.
Em seu meio poderemos encontrar pessoas que fujam a este perfil?
Poderemos encontrar gente despreparada,
visando apenas ganhar dinheiro e sem espirito de equipe?
Sim, como em qualquer outra profissão,
inclusive as “ditas mais qualificadas”.

Temos de acabar definitivamente com este preconceito
de que o portuário ganha muito,
é desqualificado,
trabalha pouco,
não tem cultura geral e é alienado.
E bem verdade que alguns “críticos de plantão”,
poderão dizer que minha análise se baseia em 60 profissionais
e que este número perto de 5000 (ou mais) profissionais do setor,
existentes hoje, é uma estatística quase nula.
Mas eu pessoalmente,
não acredito que encontraria um quadro diferente,
mesmo se ministrasse cursos para toda categoria.

O que acontece na vida,
e no trabalho,
é que nos acostumamos a julgar os outros.
E julgar pela aparência,
pela forma de comunicação,
pelo que cada um tem de posse e pela sua importância em aparecer na mídia.
E assim, vamos sacrificando muita gente pela vida,
fechando portas e cortando cabeças.
Palmas para o poder.
Palmas para uma elite falida
que não mete a mão na massa e não cria,
só tem criados.

Não sei se esta experiência poderá chegar a muita gente,
a poucas ou a quase nenhuma,
mas que deve ser divulgada,
isso eu acredito, sem duvida nenhuma.
Desfazer uma impressão.

Posso dizer sem sombra de duvidas,
que quando falam em modernização do porto,
devem estar falando mais em tecnologia e automação,
do que em educação profissional para seus trabalhadores
(embora esta necessidade seja eterna,
pois precisaremos estudar e nos qualificar sempre).

Precisamos em primeiro lugar,
derrubar nossa arrogância e nossos preconceitos,
aprender a tirar diploma pela escola da vida,
ter um olhar mais atento as necessidades
e direitos deste grupo de trabalhadores
e escutar deles o que é o porto.
Senão, vamos nadar e morrer na praia.
Por Luiz Alvarenga Torres
Imagem Fatima Queiroz 

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