11 de jan. de 2011

Cicatrizes invisiveis

Os seres humanos tem o (mau) hábito de repararem muito
nas cicatrizes visíveis que os outros carregam.
Seja por vaidade, por pré-julgamento ou por distanciamento,
essas marcas deixam uma revelação para a sociedade,
antes mesmo de cada pessoa abrir a boca,
mostrar seu caráter ou suas intenções.
Ou o seu valor.

Mas são marcas inocentes e acidentais,
bem menos dolorosas do que as cicatrizes invisíveis,
que muitos de nós carregamos.

As marcas internas,
de uma certa maneira acabam nos conduzindo pela vida,
com mais leveza ou dificuldade,
de acordo com as experiências emocionais que cada um teve.
São marcas de rejeição, indiferença,abandono,humilhação, agressão,
perda de entes queridos, etc.
Mas marcam e muito.
E não são inocentes nem acidentais.

E como são tratadas ou curadas?
Talvez em uma sociedade do descartável,
do imediatismo e do individualismo,não sejam.
Podem ser adiadas?
Não.
Mas podem ficar escondidas em um lugar de ampla escuridão,
mas que sinaliza a sua maneira,
quando novas situações parecidas se apresentem.

Muita gente hoje em dia,é analisada muito superficialmente,
seja para o trabalho, seja para pertencer a algum grupo,
ou apenas para se encontrar na vida.
Mas é muitas vezes,
de uma maneira definitiva e isso faz com que o seu lugar
fique momentâneamente ocupado por outro.
Ou o remédio que poderia estar remediando aquelas cicatrizes internas,
não seja encontrado.

Por trabalhar em uma área humana (que nunca será exata),
vejo muita gente sem auto-estima, sem confiança,carente e desorientada.
E cobrada por essa mesma sociedade,
para ser o profissional competitivo e brilhante
(que aos 30 anos tem de chegar ao posto de Diretor,
não cometer erros e criar a toda hora,
além de ser super equilibrado no plano emocional).
Também é cobrado para ser o marido (ou esposa) ideal,
para ser o irmão(ou irmã) especialista em questões familiares,
união e um expert em projetar o futuro.
Não se esqueçam nesta lista, de ser o melhor pai ou mãe,
aquele amigo,
o mais bem humorado e o mais bem sucedido financeiramente.

Mas as carreiras, as relações amorosas,
o merecimento e outros louvores são obscurecidos pelas cicatrizes internas,
que teimam em ditar o ritmo e a energia.

Por acaso existe a função nas empresas de’Integrador de Pessoas’,
de” Acolhedor de Seres Humanos”?
Existe fora do trabalho, a figura do Sábio,que é consultado por outros,
sem ser uma sessão de terapia ou ser paga?
Apenas pelo ombro amigo.

É mais cômodo,
dizer que trocamos de relacionamento como quem troca de roupa.
Que vamos tirar o excesso em uma academia.
Ou que os fracos não têm espaço nesse século.
Ou apenas rotular os outros e a nós mesmos.

Lembrem-se que
cicatrizes externas podem ser curadas com grife e dinheiro.
As internas, necessitam de gente e de coragem.
Mas tem cura.
Você já ouviu falar de felicidade?
Luiz Alvarenga Torres

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