A relação da cidade litorânea com
o Cais,
está intimamente ligada ao homem
portuário
e sua historia sócio econômica .
Essa evolução inicia em 1888 quando os empresários Eduardo Palassin
Guinle e Candido Gaffree receberam
da Princesa Isabel a
concessão, por 92 anos, do porto de Santos
onde fundam a Companhia Docas de Santos .
A Docas transformou a cidade de
Santos, 3.500 operários morreram na construção do porto.
O primeiro trabalho de grande efeito
social foi o saneamento do porto e da cidade de Santos,
que não tinha serviço
de água, nem de esgotos.
Em 1891 os Krumiros, os furas greves,vieram da capital para substituir os grevistas entre eles Quintino de Lacerda trazendo seus liderados para trabalho semi escravo .
A construção do cais possibilitou
para que as obras serviram de escola
para os trabalhadores, que aprendiam uma especialidade, no início de 1892 estavam
prontos os primeiros 260 metros do porto, que em 2 de fevereiro daquele ano
recebeu o primeiro navio, o cargueiro inglês Nasmyth.
Em junho, os trilhos do
cais já estavam interligados aos da São Paulo Railway.
No primeiro ano a movimentação no porto foi de
quase 125 mil toneladas.
O aumento da população com os imigrantes deu novo
impulso à economia de São Paulo,
mas agravou os problemas urbanos decorrentes da falta de infra-estrutura para atender ao comércio, interno e externo, e à
própria vida das pessoas.
Essas dificuldades eram sentidas principalmente em Santos, onde as condições climáticas e a insalubridade eram responsáveis pelas inúmeras epidemias que frequentemente dizimavam os moradores à volta do porto.
Esse quadro
levou exportadores e importadores, interessados no crescimento da agricultura e
do setor industrial, a reivindicar dos governos federal e estadual as melhorias de acesso ao e no porto e na cidade santista.
O Porto de Santos foi cenário em 1897 de 13 a 28 de Outubro da primeira Greve no Brasil .
O movimento eclodiu após o acidente
no vapor Salinas: um fardo de uma tonelada despencou no porão do navio, matando
um estivador e ferindo 12.
Os estivadores passaram a exigir aumento salarial, adicional noturno e redução da jornada de trabalho.
Durante 15 dias, houve
pancadaria, tiros, prisões, deportações e até a intervenção da Marinha,
que
enviou a Santos o cruzador Timbyra.
Em agosto de 1900, greve por melhores
salários, pagos mensalmente, substituição do feitor encarregado dos serviços de
carga e descarga e não dispensa de funcionários devido à greve, enquanto a
empresa ameaçava trazer trabalhadores da Capital para os serviços de carga
e descarga, a polícia interveio, prendendo muitos grevistas, o porto
ficou cercada por marinheiros armados a fim de garantir o andamento do serviço sem
a ação dos piquetes.
Seis dias depois, o movimento acabou
sem que os trabalhadores tivessem sequer um de seus pedidos atendidos.
Os serviços efetivos de esgoto começaram em
1903 pelo engenheiro José Rebouças.
Em 1905, o secretário da Agricultura,
Jorge Tibiriçá, convidou o engenheiro sanitarista Saturnino de
Brito a apresentar um projeto para drenagem do solo de Santos, completando
os serviços de esgotos.
No dia 12 de junho de 1905, se inicia uma
greve, envolvendo toda a cidade.
O movimento se inicia com um incidente
com o mestre-estivador P. Amazonas, que se recusa a pagar os
trabalhadores no mesmo nível dos demais. Um couraçado com 57 fuzileiros
navais, 74 homens da Força Pública, 20 praças do Rio de Janeiro
e mais 151 homens da polícia estadual.
Chegam também os
krumiros ex-escravos furas greves das fazendas da Docas,Pilares e
Outerinhos.
As galerias de águas pluviais e canais de
drenagem em 1907 chegam a mais de 2 km de canais e canaletes.
Em 1908, uma greve de 27 dias iniciadas
pelos carregadores de café tem o saldo de oito mortos e cerca de cem
feridos.
Com o cruzador Gustavo Sampaio e os
couraçados Deodoro ,Floriano e Riachuelo com centenas de fuzileiros e
praças da cavalaria trazendo terror a cidade .
O motivo da greve foi a introdução do regime
de 8 horas de trabalho , já adotado em outros portos , mas não
respeitada aqui , onde se trabalhava 15 horas por dia .
Os 4.720 metros planejados pela Cia Docas. foram concluídos em 1909, com 25 armazéns internos junto ao pátio de
movimentação de cargas, 23 pátios cobertos, 15 armazéns externos, dois
tanques para óleo combustível e 38.300 metros de linhas férreas e desvios.
A 17 de junho de 1909, a Federação
Operária, em Santos,foi surpreendida com atos violentos das autoridades
públicas, sob a alegação de que a reunião que se
instalava trataria de fins ilícitos.
Foram denunciados 154 operários, a
maioria de origem estrangeira, e suas identidades foram reveladas numa
lista publicada por A Tribuna.
Os imigrantes denunciados foram obrigados a
deixar o País com a aplicação da Lei de Expulsão dos Perturbadores
Estrangeiros, preparada no Governo Afonso Pena .
O Sindicato dos Estivadores foi fundado
no dia 1º de dezembro de 1910 por um grupo de trabalhadores. Denominada
internacionalmente Barcelona Brasileira, pela pujança da
organização Trabalhista .
Devido a um grande contingente
imigrante, italianos,espanhões
e portugueses, que juntos formavam 80%
da mão-de-obra do porto em 1910.
As condições de trabalho eram as piores
possíveis, longas e extensas jornadas com acidentes diários que marcavam
para sempre os operários, condenando-os a morrerem na miséria, na
inexistência de serviços sociais de assistência.
Um exemplo claro ocorreu no dia
13/9/1910, quando a Alfândega condenou um carregamento de batatas,
lançando-o ao mar, e
"...uma verdadeira procissão de
botes e barcos seguiram os batelões, pescando o
alimento".
Em julho de 1912, os trabalhadores da
Docas haviam parado de trabalhar por não terem recebido o aumento
salarial prometido em 1908.
A resposta foi a habitual: fura-greves,
navios com tropas da Marinha, trens repletos de soldados.
Em Santos, o recenseamento da Cidade, em
1913, aponta 23.055 portugueses, 8.343 espanhóis, 3.554 italianos,
911 turcos, 651 japoneses, todos empregando força de trabalho entre
os 88.967 habitantes.
O relatório da Federação Operária Local
de Santos ao segundo Congresso Operário Brasileiro, realizado em 8/9/1913
- publicado no jornal A Voz do Trabalhador de 1/3/1914
, traz informações sobre as condições
econômicas, "hijienicas" etc. das oficinas onde trabalha o
operariado de Santos. Diz que elas são "péssimas" e as habitações
"mais do que péssimas". "Estas,
situadas no perímetro da cidade,nada mais são do que cubículos de três ou
quatro metros quadrados, faltos de ar e de luz, onde se vêm obrigadas a
alojarem-se três a quatro pessoas (...) quando nos subúrbios ou arrabaldes
são casas de operários construídas em lugares antissalubres, feitas de
tábuas e chapas de zinco, de paredes de barro puro...".
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