21 de dez. de 2017

A Maersk no porto de Santos

Maersk estuda novo arranjo para o porto de Santos

Concluída a aquisição da empresa de navegação Hamburg Süd, a gigante Maersk Line assume a liderança no transporte marítimo de contêineres na América Latina com 34% do mercado e passa a transportar um em cada três contêineres movimentados nos portos brasileiros. Como impacto direto do negócio, possivelmente terá de rearranjar sua operação no porto de Santos.
 
Um dos desafios é como a Maersk irá operar os navios em Santos, onde atraca sobretudo no terminal da BTP, no qual sua coirmã, a APM Terminals, tem 50% do capital. Hoje a BTP não tem capacidade ociosa para abarcar a totalidade dos contêineres da Hamburg Süd - até então líder de mercado na navegação brasileira e que usa o Tecon Santos, da Santos Brasil, como terminal preferencial no porto santista há quase dez anos.
 
Listada na B3, a Santos Brasil tem na Hamburg Süd seu principal cliente: de 60% a 65% das cargas do Tecon Santos advêm dos navios da empresa alemã. Por isso, desde que o acordo de compra e venda entre os armadores foi anunciado, em dezembro de 2016, o mercado tenta antever o próximo passo da Maersk no Brasil. Entre investidores e analistas, a aposta é que a Maersk faça um contrato de longo prazo com o Tecon Santos. Ou até se torne sócia no ativo para concentrar as cargas em um terminal.
 
Soren Toft, diretor de operações da Maersk Line e um dos artífices da compra da Hamburg Süd, não desfez exatamente a dúvida. "Estamos felizes com a parceria na BTP, ainda podemos melhorar a produtividade e usar sua capacidade total. É para onde vão nossos investimentos", disse ao Valor em sua primeira vinda ao Brasil desde que a compra foi fechada.
 
Mas admitiu: "É verdade que não podemos movimentar todo o negócio da Hamburg Süd na BTP. Estamos olhando outras oportunidades. A Hamburg Süd tem um relacionamento de longo prazo com a Santos Brasil e estamos dialogando com eles", disse Toft. Questionado, afirmou que não "especularia" sobre firmar um contrato de longo prazo para escalar no Tecon Santos. Mas que usará a experiência da Hamburg Süd na relação com a Santos Brasil.
 
Firmado no fim da década passada, o contrato da Hamburg Süd com o Tecon Santos foi renovado em 2013 e vai até janeiro de 2019.
 
Com a Hamburg Süd, a Maersk passa a ter 773 navios, sendo 668 oriundos da sua frota. E 19,3% da capacidade mundial de contêineres medida em Teus (contêiner padrão de 20 pés), seguida pela MSC, com 14,6%. As marcas serão mantidas separadas, pois Maersk e Hamburg Süd têm operações complementares: a dinamarquesa é uma gigante global; a alemã é uma empresa de nicho, focada sobretudo nas rotas Norte-Sul.
 
Toft destacou que as sinergias beneficiarão os clientes, com mais frequência de navios, maior alcance e melhores produtos. Para os armadores, haverá ganho de escala com uma "rede mais competitiva e com eficiência de custos".
 
Um dos exemplos é nos terminais da APM Terminals, que investiu nos últimos dez anos US$ 4 bilhões em instalações na América Latina. Esses terminais "se beneficiarão muito obtendo volumes da Hamburg Süd", disse.
 
Além de Santos, o grupo está presente em Santa Catarina, com terminais em Itajaí e Itapoá - neste último, herdou a fatia minoritária da Hamburg Süd no ativo ao comprar a empresa. Questionado sobre os planos para o Sul, Toft disse que tem boa relação com os sócios de Itapoá e que o foco é operar os terminais. "Se alguma coisa mudar, veremos, mas não é onde estamos gastando energia agora."
 
A navegação passa por uma onda de consolidação há alguns anos e a compra da Hamburg Süd pela líder mundial coroa esse movimento. Para Toft, contudo, não é apenas a consolidação de armadores que vai elevar os fretes marítimos e tornar as empresas rentáveis novamente. "Temos de ter uma oferta de serviços que seja atraente para os clientes, esperamos que a consolidação reduza a volatilidade. Mas isso não elimina o fato de que precisamos oferecer melhores serviços e sermos competitivos."
 Fonte: Valor Econômico

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