Kevin Higgins, CEO da empresa Orion Global Partners, escreveu recentemente um artigo no qual disserta sobre a ascensão transversal da varejista Amazon e o parágrafo introdutório deixa logo um alerta ao universo logístico: Se algum de nós vê a Amazon apenas como um cliente, não lhe estamos a dar o crédito que lhe é devido.
Levantando o véu da Amazon: uma companhia logística disfarçada de varejista
Na ressaca da revelação (indiscreta) que deu conta da aposta de Jeff Bezos no serviço Shipping with Amazon, Kevin Higgins abordou a temática da futura entrada da varejista digital no mercado das entregas de encomendas (onde marcas como a UPS e a FedEx dominam), sem esquecer o ainda fresco anúncio da Maersk sobre a necessidade de melhorar seus serviços para evitar que a Amazon se torne uma concorrente.
No artigo, intitulado Amazon: retalhista ou companhia logística?, Higgins explica que a empresa liderada por Bezos está longe de ser apenas um elemento do varejo, sendo ao invés, no seu âmago, uma companhia logística: A transformação da Amazon gigante do varejo tem sido tudo menos tradicional, por isso esperar que suas necessidades e capacidades de logística se assemelhem ao status quo é simplesmente naïve, afirmou.
À superfície, assemelha-se a uma varejista e um grande cliente para o setor de logística. Mas se mergulharmos mais fundo, ela é, na realidade, uma empresa de logística. Uma empresa de logística realmente grande, poderosa e inovadora, acrescentou, como que levantando o véu e descobrindo a verdadeira essência da Amazon.
Para fundamentar a sua opinião, Kevin Higgins lembrou que a Amazon adquiriu a licença de NVOCC (non-vessel operating common carrier) em 2017, possui aviões e criou uma extensa parceria com a USPS para entregas last mile, tendo como acima relatado, anunciado recentemente sua intenção de desenvolver sua própria rede de entrega. Para o CEO da Orion Global, tais esforços e investimentos não são desprovidos de um plano.
No futuro próximo, a Amazon terá o controlo total da sua cadeia de abastecimento.
Acreditamos que, no futuro muito próximo, a Amazon terá o controle total de sua cadeia de abastecimento. Não terceirizando-a para provedores de logística tradicionais, mas sim controlando-a na totalidade. Vemos a Amazon gerindo pequenos navios com menos tempos de trânsito, permitindo assim uma descarga mais rápida de conteineres, potencialmente nos seus próprios terminais de contentores, previu Higgins.
De seguida, transferirá a carga para a via aérea, carregando a carga nos aviões rumo aos seus centros de distribuição, entregando, por fim, as mercadorias nos seus veículos – o ciclo completo, explica Kevin Higgins, acentuando o pronome possessivo para enfatizar tal controlo e autonomia.
De cliente a concorrente? Higgins confirma os receios já confessados pela Maersk…
Esta consolidação de serviços cimenta o controle dos seus envios e elimina grande parte da possível disrupção de terceiros na sua cadeia de abastecimento, resultando no fornecimento de uma solução de ponta a ponta mundial perfeita e acelerada, incomparável, comentou o CEO, que, ao finalizar o artigo, deixou um aviso sério à navegação da dinamarquesa Maersk: Maersk, abre os olhos, a Amazon não é tua cliente, é a tua concorrente.
https://revistacargo.pt/maersk-amazon-cliente-concorrente/
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