25 de mai. de 2018

A Greve dos Pombos

Ferrovias suspendem carregamentos,imensas filas de caminhões , operações portuárias de 45 navios são interrompidas, mais de 35 mil trabalhadores de 24 categorias de braços cruzados, interventores preocupados com desordens e ameaça eminente de tropas militares para estabelecer a ordem e retomar as atividades.
 Esse era o Porto de Santos, no final de março de 1980. Tão inoperante, que Nem os pombos apareceram no cais  para poder comer os grãos deixados ao relento. 
O reflexo de todo o contexto político e social, a partir de 1964, quando houve o Golpe de Estado, até duas décadas depois.

Causou grande impacto em todo o País a greve dos trabalhadores portuários de Santos  em meio ao governo da ditadura militar, provocando o deslocamento de tropas da marinha para assumirem o controle do porto, então considerado área de segurança nacional. 
A primeira greve depois de 64
O impasse nas negociações verificado no quinto dia da greve dos portuários de Santos, em conseqüência de sua recusa à contraproposta salarial apresentada pela CDS Companhia Docas de Santos,  concessionária privada dos serviços portuários que levou à paralisação total do maior complexo portuário da América Latina.
Mas as origens desse movimento ocorreu quando a Sunamam  Superintendência Nacional da Marinha Mercante,concedeu aos estivadores um índice de produtividade de 13,7 %. Os doqueiros, que receberam apenas três %, requereram equiparação, por manipularem em terra as mesmas cargas que os estivadores manipulam a bordo. Por isso, reivindicaram 15 %.
Atitude que  formou um pacto entre quatro categorias profissionais portuárias, a Unidade Portuária.  
No dia 5, uma delegação de dirigentes portuários esteve em Brasília, comunicando ao ministro do Trabalho, Murilo Macedo, que a categoria iria à greve no dia 16, se o Governo não concedesse a %.
Murilo Macedo não entrou no mérito das reivindicações, encaminhando os sindicalistas à sua assessoria econômica. Recomendou que apresentassem seus argumentos aos técnicos do Ministério do Trabalho. Macedo ficou de ouvir a opinião da assessoria econômica, prometendo que se entenderia com outras áreas governamentais, dentre estas o Ministério dos Transportes, para tentar resolver a questão.
No mesmo dia, ainda em Brasília, os representantes sindicais conseguiram uma entrevista com o presidente da Portobrás, Arno Oscar Markus, que prometeu servir de mediador entre os trabalhadores e a Cia. Docas, garantindo que não haveria greve no Porto de Santos.
Paralelamente, a Câmara Municipal de Santos aprovava requerimento de Mantovani Calejon, apoiando a reivindicação dos trabalhadores portuários, além de apelar ao ministro Murilo Macedo para que estudasse com boa vontade o pedido dos doqueiros.
No dia 6, representantes dos quatro sindicatos portuários santistas estiveram com o prefeito Paulo Gomes Barbosa, que mostrou a eles cópia de telex dirigido ao almirante Maximiano Eduardo da Silva Fonseca, ministro da Marinha, apoiando a reivindicação, e informou ter mantido contatos pessoais, no mesmo sentido, com o ministro dos Transportes, Eliseu Resende.
Enquanto isso, Del Bosco Amaral, deputado federal pelo PMDB, enviava ao presidente da República dramático apelo em favor dos portuários. E o deputado estadual Rubens Costa de Lara também intercedia em favor dos doqueiros.
Na sexta-feira, dia 14, o Governo comunicava que aceitava negociar com os portuários, pedindo novo prazo para discutir a reivindicação da categoria. A notícia foi transmitida durante assembléia de dois mil doqueiros santistas, que protestaram contra a dilatação do prazo: "Concedemos 15 dias; agora, o aumento ou a greve".
"Há 16 anos vivemos o regime de opressão e promessas não cumpridas. Não acreditamos mais em nada. Nós, portuários, recebemos essa proposta do Governo, prometendo o diálogo em troca de um novo prazo, como uma tentativa da parte dos assessores do presidente da República de esfriar o nosso movimento. Agora é tarde demais. Podem, os ministros, sentar à mesa de negociações a partir de segunda-feira (ontem); os trabalhadores esperarão o resultado, com o porto parado".

A decretação da greve ocorreu exatamente às 22h40 de domingo, a primeira a ser deflagrada no porto desde 1964, depois de muitas discussões entre os 7.500 trabalhadores que se reuniram no Ginásio Municipal Antônio Guenaga. O secretário da Federação Nacional dos Portuários, Arlindo Borges Pereira, assumiu o comando da greve, em nome dos sindicatos portuários da Baixada, enquanto o presidente da Confederação Nacional dos Marítimos, Romulo Augustus Pereira de Souza, rumava para Brasília para comunicar oficialmente às autoridades federais.
Movimento com unidade absoluta e completa calma, mesmo assim  200 fuzileiros navais, trazido pelo contratorpedeiro Santa Catarina andavam pelo cais santista para manter a ordem .
http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0156b.htm

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