19 de jul. de 2015

Porto o Surgimento da Cultura



O problema da comunicação de muitas empresas do Porto está entrelaçado à mistura das culturas empresarial e portuária que se confrontam na junção do presente ao passado. 
Muitos trabalhadores ainda estão presos às raízes portuárias que cultivam os movimentos trabalhistas.
 A mecanização, a terceirização movimentam o pensamento neoliberal que está direcionado às novas formas de gestão, aos programas de qualidade total e às certificações. 
A linguagem, hoje utilizada pelas empresas, foge do campo de compreensão dos trabalhadores que ainda visualizam seus interesses como os únicos a serem seguidos. 
A comunicação no trabalho portuário precisa ter uma lógica ligada aos trabalhadores e não somente à produtividade. Mais do que nunca, a transparência se faz necessária para que os funcionários percebam o porquê das mudanças e como elas estão acontecendo. Diante desse conflito, cabe ao comunicador elaborar propostas de políticas internas,  conhecer os agentes sociais envolvidos e a identidade cultural; reunir a prática com as teorias e desenvolver novas perspectivas ,gerenciar e planejar os processos comunicativos; fazer diagnósticos e assessorar a alta administração nesse conflito interno que prejudica as relações do trabalho Portuário  e a aderência aos programas da companhia.
 “Esse profissional Comunicador é aquele capaz de cumprir seu papel de mediador, utilizando-se com o mesmo peso, da sensibilidade e da técnica.”

A resistência pode ser definida como a oposição a um sistema de forças ou a capacidade de lutar em defesa de algo e de fazer frente aos mecanismos de repressão em que se enfrente uma luta ideológica,  que adota uma definição de cultura popular como elemento que age no íntimo da cultura dominante, refutando-a ou não. Nas manifestações que existem em função da cultura dominante, seja assimilando-a numa atitude conformista, seja recusando-a através de atitudes de resistência. 
Suas práticas e vivências culturais surgem das relações de conformismo e resistência, sem considerar outras relações possíveis como a troca ou a influência do popular sobre o dominante. 
Na busca de um espaço de contradominação, propõe-se a elaboração de uma cultura alternativa enraizada à cultura da classe operária, que representa uma radical ruptura, entrando em choque com a cultura dominante. Hoje, nas empresas do segmento portuário, as formas de comunicação e as mudanças culturais são claramente influenciadas pelo acúmulo dos lucros, desfavorecendo o relacionamento entre empresários e trabalhadores

Para compreender o problema, foi ouvido os trabalhadoresAo relatar suas experiências e opiniões, os trabalhadores reafirmam o orgulho que têm de trabalhar no Porto; no entanto, mostram-se decepcionados com a distância que se criou diante das novas perspectivas e formas de gestão. Além disso, foi comentado que as empresas não aproveitam seus talentos, preferindo contratar pessoas jovens pouco experientes para funções que poderiam ser ocupadas pelos portuários atuais. O medo do desconhecido fica evidente entre os entrevistados, as novas tecnologias geram mais vontade de aprender e estudar. Esse novo perfil é uma novidade na cultura portuária, pois os próprios trabalhadores estão buscando qualificação. Antes o saber era algo proveniente da prática; hoje, os trabalhadores complementam essa afirmação com a graduação. 
Os entrevistados apontam a falta de transparência das empresas nos processos de seleção e que os programas são impostos aos trabalhadores, sem explicações. 
Cabe ressaltar que através da pesquisa foi possível perceber que os trabalhadores vivem um conflito por não compreenderem a mudança na forma de trabalho do Porto. A autoestima profissional dos entrevistados apresenta-se, aparentemente, baixa. Muitos afirmam que se sentem mais um número de crachá e que não enxergam perspectiva de crescimento dentro da empresa. Parte desse descontentamento estava relacionado à falta de políticas e regras claras, a superiores ausentes e salário defasado. Nas relações de trabalho, foi destacada a amizade entre os colegas de trabalho e a dificuldade de interação com as chefias. Trabalhadores do mesmo nível hierárquico não enfrentam tantos problemas, mas na relação chefe e subordinado há um desgaste atribuído à falta de comunicação e respeito. Mesmo com todos os problemas, os trabalhadores revelaram grande orgulho de fazer parte da família portuária e contam várias histórias de suas famílias que também trabalharam no Porto. Muitos entrevistados expuseram que não se sentem pertencentes às empresas onde trabalham ao passo que as companhias crescem. Além disso, o foco nos novos projetos e nas tecnologias ofuscou a figura do trabalhador, outrora valorizada. Através da peculiar linguagem portuária, de momentos históricos e depoimentos vivenciados durante o trabalho no Porto, acreditamos ser possível retomar a participação dos funcionários nos futuros projetos da companhia. A memória diz respeito a algo que não podemos modificar, pois pertence ao passado.
 No entanto, ela é imprescindível para conhecer, preservar e determinar nossa relação com o mundo e escrever nossa própria história. Essa afinidade envolve suas significações e suas contradições, a construção política e histórica do Porto, os impasses criados pela tecnologia. Embora se diga que as mídias, particularmente a internet, estão ao alcance de todos, sua utilização exige um paciente diálogo entre a nova tecnologia e a cultura da empresa que pretende adotá-la. Especificamente nos terminais portuários, há uma grande preocupação em fazer com que os trabalhadores adquiram familiaridade com o meio tecnológico, uma vez que os novos equipamentos, cada vez mais, utilizam sistemas digitais para seu funcionamento. É imprescindível que o empresariado estruture seus projetos coletando sugestões e ideias dos trabalhadores, pois eles atuam no dia a dia dos problemas e vivenciam o mecanismo do Porto
A abertura de capitais, a chegada de investidores tornou o trabalhador alheio ao próprio trabalho. Com  a real mudança política do Porto, esse trabalhador perdeu seu papel dentro da cadeia produtiva e sua importância foi ficando abaixo da gestão. Com a ampliação do contato empresa  superando o Porto muito devido a impotência da Autoridade Portuária.O trabalhador se vê cada vez mais num ambiente individualizado onde o maior bem e a busca de ganho liquido para empresa contrapondo o ganho coletivo e social da comunidade Portuaria.
Fonte Porto de Santos: o surgimento da cultura de resistência à globalização 
Katherine Realle Nóbrega de Andrade

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