20 de nov. de 2015

O que ocorreu em Mariana

Questionado a respeito da avaliação do governo sobre o rompimento das barragens ser acidente ou crime ambiental, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga  disse que "agora qualquer informação é prematura com relação ao episódio, a não ser o fato de lamentarmos profundamente o episódio pela magnitude, (pela) forma como aconteceu".
"Nós estamos analisando tudo com muita transparência e muita responsabilidade, porque nós sabemos que qualquer informação que se dá de forma precipitada pode se tornar uma verdade que não seja verdadeira", "Portanto, nós temos que ter muito zelo com a informação, mas nós não podemos deixar de perseguir o esclarecimento dos fatos. É isso que o governo está fazendo em todas as suas instâncias".

Enquanto o governo adota cautela para tratar do assunto, o Ministério Público de Minas Gerais tem feito críticas à mineradora.
Um dos promotores que investiga o caso, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, disse que houve "negligência" por parte da Samarco.
"Não há fatalidade nisso. Não podemos admitir que seja acidente um rompimento de um empreendimento de tamanha magnitude", afirmou.
O Ministério Público analisa quatro hipóteses: "o cumprimento das condicionantes de licenciamento da Samarco; a explosão de uma mina da Vale próximo ao local; o possível abalo sísmico; e se as obras de alteamento (elevação) da barragem causaram o rompimento"
A expectativa é que o inquérito seja concluído em 30 dias.
Desde quinta-feira, quando as barragens se romperam, usuários do Facebook e do Twitter vêm usando as hashtags #NãoFoiAcidente e #FoiCrimeAmbiental para cobrar a responsabilização da Samarco e de suas donas – a Vale e a anglo-australiana BHP.


Além do grande impacto humanitário e ambiental em Mariana a avalanche de dejetos também está afetando outros municípios ao longo do Rio Doce, em Minas e Espírito Santo.
"Eu avalio como um acidente gravíssimo", disse o deputado Leonardo Quintão -MG, relator do novo Código de Mineração que tramita na Câmara dos Deputados. "A empresa tem que arcar com todas as indenizações das famílias e recuperar o meio ambiente. Agora, a empresa estava operando dentro da legalidade. Crime ambiental só se comete quando está operando fora da legalidade."
A tragédia de Mariana chama atenção para os riscos e impactos da exploração de minério. Há três anos, está em debate no Congresso Nacional o novo Código de Mineração, que deve reciclar as regras do setor.
O texto em tramitação no Congresso não dá garantias de proteção socioambiental.
"A mineração é uma atividade muito danosa ao meio ambiente e à população. É o setor que mais mata, enlouquece e mutila no mundo. Não tem nada (no texto em discussão no Congresso) falando de legislação ambiental, trabalhista, casos de acidente", afirma Jarbas Vieira,  Movimento pela Soberania Popular na Mineração.
Questionado sobre essas críticas, o ministro de Minas e Energia disse que "o código de Mineração está em discussão no Congresso Nacional há três anos" e que "não há açodamento na sua aprovação, nem cerceamento de debate".
Já Quintão disse que "foram feitas audiências públicas com todas as partes interessadas, desde o setor produtivo até o setor ambientalista".
Segundo levantamento do Ibase,vários deputados da Comissão Especial que analisa o código receberam doações de mineradoras.
A escolha do relator fere o Código de Ética e Decoro Parlamentar, cujo artigo quinto, inciso oitavo, prevê que "atentam contra o decoro parlamentar", entre outra condutas, "relatar matéria submetida à apreciação da Câmara dos Deputados, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral".
Quintão disse que as doações que recebeu são legais e que o código de mineração não afeta uma empresa específica, mas várias. O deputado disse ainda que foi "inocentado" no STF e na Câmara – onde o então presidente Henrique Eduardo Alves arquivou em 2014.
Autor da representação, a ONG Instituto Socioambiental entrou também com um mandato de segurança no STF solicitando a retirada de Quintão da relatoria, sob o argumento de que, devido às doações a sua campanha, sua atuação como relator feria o princípio da igualdade política previsto na Constituição Federal.
O ministro Luiz Fux arquivou o mandato de segurança sob a justificativa de que o instituto não tinha prerrogativa para mover a ação, já que a matéria em questão não lhes afetava diretamente.
O ministro Eduardo Braga defendeu a legitimidade dos deputados: "No processo democrático, esses deputados foram eleitos pelo voto direto como representante da população brasileira no Congresso Nacional. Do ponto de vista constitucional, portanto, eles estão aptos à representatividade da democracia brasileira", ressaltou.
Quintão afirma que manteve no seu relatório a elevação da cobrança de royalties ,no caso do minério de ferro, a alíquota passaria do atual patamar de 2% para 4%.
Em  outros países produtores, como Austrália e Índia, as taxas são 7,5% e 10% .

A realidade
A Samarco entregou ao Ministério Publico de Minas Gerais (MPMG) o plano de ajuda às famílias atingidas pelo rompimento de duas barragens de rejeitos. Entre as medidas está o repasse da verba e a retirada das vítimas  dos hotéis para casas, arcando os custos de aluguel, mobília e alimentação.

O valor da indenização não agradou aos moradores. A Samarco vai pagar um salário mínimo, mais 20% por dependente e uma cesta básica às 300 famílias atingidas e em  resposta ao Ministério Público, a mineradora assegurou que o pagamento será efetuado a partir de dezembro até o reassentamento definitivo dos cerca de 700 moradores.


Fica a dica a Comissão Especial que analisa o código, que em caso de abalo ou força da natureza e a empresa não ter plano de emergência ou tenha e gera uma catástrofe , os moradores das cercanias são automaticamente assalariados com 10 salários mínimos  pagos mensalmente ate  ate terem suas vidas voltadas a normalidade . 

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