21 de jan. de 2020

O Patrão Precariza a muralha

Os estivadores portugueses  estão enfrentando  uma dura realidade inaceitável para os padrões atuais de uma sociedade digna ,  sendo levados pela ganancia dos sócios do lucro a partir para novas formas de luta .Na beira do cais ou melhor na muralha se pergunta  .O que estão fazendo o  governo e as instituições judiciais ? Vão fechar os olhos e as togas e dar jurisprudência  a este precedente imoral dos patrões para violarem a lei e os CCT em vigor, transformando a muralha num faroeste caboclo  onde  vale tudo para saciar a fome .

Em Setúbal, os patrões que assinaram os acordos não os querem aplicar integralmente, castigando sobretudo os eventuais(bagres)  na distribuição do trabalho. Em Lisboa, os patrões continuam sem aplicar o acordo de atualização salarial de 2018 e os estivadores têm sido desrespeitados com o seu salário pago em 46 prestações nos últimos 16 meses. 


Como anunciado, o SEAL - Sindicato dos estivadores e trabalhadores da atividade logística de Portugal  avançou com um pré-aviso de greve para as muralhas  nos portos de Setúbal e Lisboa, pelo cumprimento integral do CCT assinado no porto da foz do Sado e que não está a ser respeitado pelo Grupo Yilport, que controla a Operestiva e a Sadoport.


A operação tartaruga acontecerá entre 3 e 17 de Fevereiro e visará o trabalho extraordinário aos dias úteis, aos sábados, domingos e feriados. E nos  dias úteis apenas será cumprido dois turnos : o primeiro (das 8 e as 17 horas) entre 3 e 9 de Fevereiro, e o segundo (das 17 e a 1 da madrugada) nos restantes dias. Igualmente haverá o movimento social de cruzada de braços  sempre que seja utilizada mão de obra estranha à profissão ou contratada a bel prazer do operador portuário (mão de obra própria de fora do sistema ).


O movimento e para esclarecer a sociedade portuguesa  a postura da empresa portuguesa do Grupo Yilport , por não aplicar o CCT que foi assinado em comum acordo ,em  Dezembro de 2018 ,pelas partes interessadas, na presença da então Ministra do Mar, que estabelecia a incorporação das regras que garantiam a distribuição equitativa de trabalho .


O mecanismo de zinabre ocorrera na muralha da Sadoport, concessionária do terminal de contentores de Setúbal.

Ja em Lisboa andam a castigar os estivadores, há 16 meses, com o pagamento do salário em 46 prestações e  na não aplicação do acordo de reajuste salarial celebrado em 2018, realidade que mantém os estivadores com os salários congelados há mais de uma década, posto que a última atualização ocorreu em  2010.
Sabemos que o assédio tem uma intenção, que não fere só estes dois portos mas também a Figueira da Foz e Leixões, de forma a quebrar a força coletiva e social dos associados do  SEAL que tem garantido a pressão necessária , esclarecendo a sociedade portuguesa , para que se acabe de vez com o trabalho à jorna, que se distribua o trabalho extraordinário em função de  garantir mais contratos com direitos e menos precariedade, o sindicato que, face ao seu trabalho, garantiu um salário mínimo para os estivadores que representa – com efeito também nos salários dos estivadores que não representamos – para a ordem dos 1.400 euros, e que garantiu, no porto de Setúbal, a proteção dos eventuais que o patrão ainda não aceitou integrar, garantindo que ninguém será contratado no seu lugar, o que significará, a curto e médio prazo, o fim do flagelo da precariedade naquele que era o porto onde essa precariedade mais raízes tinha criado.
A Yilport , grupo turco, que é hoje quase hegemônico no controlo dos portos portugueses , e tem procurado, por  varias vias , expandir ainda mais a sua influência no país, tem que ser obrigado a  respeitar a sociedade portuguesa ,cumprindo os Acordos que assina e a  Lei vigente.

O tempo não pode voltar para trás. O salário é para ser pago por inteiro, o trabalho distribuído com justiça e a precariedade para continuar a ser combatida, em nome de um mundo portuário digno .

Desse modo, o que busca o patrão e uma nova forma de ser do trabalho na muralha , precarizando  os  homens e mulheres que vivem da venda da sua força de trabalho,  buscando atropelar o trabalho coletivo portuário que vende sua força de trabalho como mercadoria em troca de salário digno .

Ela incorpora  uma teoria que   diretamente  tira a valia do serviço do estivador .Os  direcionando com alcunhas de improdutivos, criando FAKE NEWS para  incorporar  a aceitação do trabalho  precarizado.Mas para isso necessita   excluir os trabalhadores sindicalizados ,especulando que estes são um custo para a sociedade .

Compreender, portanto, a teoria de trabalho proposta pela   classe patronal portuária , implica em entender como agira  os  estivadores que vivem da venda da sua força de trabalho na muralha .


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