25 de jul. de 2023

O bagre o valente que briga contra os neos liberais para ser estivador.

 O porto de Santos, e um espaço social duro e de grande risco onde o trabalho não pode parar. Usam o muque e a física para certos privilégios. "Uma tática profissional cuja história não foi escrita".  Ser estivador, em Santos, Provoca orgulho e ciumeiras.

Em um porto como o de Santos, os trabalhadores não registrados ao OGMO, mas com cadastro, trabalhadores eventuais são chamados de bagrinhos.

Para se chegar a eficiência operacional sem o desgaste físico e psicológico do trabalho e necessário que o "terno", seja ergonomicamente correto. E quando se tem terno aberto ou acumulo de função ao vinculado está forma ética precariza a saúde e a segurança dos trabalhadores na área operacional do porto de Santos.

Mas não devemos esquecer que após os ventos da propaganda liberal da modernização portuária surgi o OGMO  que atraca gerando uma tremenda confusão sobre a passagem do cadastro para o registro. O problema de competência que faz toda chamada de estiva se tornar uma "greve de fome", com um lado mais perverso, pois, mantêm em seu quadro, trabalhadores com mais de 10 anos e 1 dia  como trabalhador eventual, cadastro.

Tudo isto provoca uma tremenda inquietação social, não? Então, o trabalhador parte para a pressão social, mas ele tem culpa? É preciso que se permita a esta categoria uma regra clara e transparente, sem a imposição empresarial, pois, este procedimento operacional posto em prática coloca em cheque a gestão da mão-de-obra portuária, com um grande valor de falta de responsabilidade social.

Mas o fato vem se repetindo ao longo dos anos?

Em 2018 os bagrinhos se acomodaram na porta do Ogmo de agosto a 23 de dezembro e somente foram retirados por determinação da juíza Ariana Consani Brejão Degregório Gerônimo, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Santos, decidiu que a Prefeitura de Santos deve promover a remoção do acampamento dos estivadores sobre a calçada e via pública em frente à sede do Orgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), na Avenida Conselheiro Nébias, 255, em Santos. Sendo o gestor da mão de obra portuária o autor da ação, sobre a alegação que a barraca feita de plástico e madeira fica próxima ao acesso principal do edifício, dificultando a circulação de pedestres e veículos. Sobre a reivindicação dos trabalhadores, o órgão já se manifestou contrário.

As reivindicações dos suplentes de estivador são a passagem dos trabalhadores do cadastro para o registro de acesso ao trabalho no Porto de Santos.

 O acampamento que lembra a luta da "greve de fome", realizada na praça enfrente ao fórum no centro de santos, a porta do Ogmo ja foi palco de vários movimentos há décadas e o que os bagrinhos esperam e a melhora de sua renda.

 

Passado 5 anos em maio de 2023 os mesmos bagrinhos, bagres, trabalhadores eventuais, cadastro do OGMO voltam com mala e cuia para reivindicar um direito ou um mero suspiro de um sonho.

O Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão (Sindestiva) reivindica a passagem de 600 bagres no patamar de cadastrados para a de registrados. A mudança pode proporcionar a estes trabalhadores, igualdade de acesso aos serviços da escala no Porto de Santos. Este valoroso grupo de brasileiros está acampado novamente em frente à sede do Ogmo Santos.

O movimento por dignidade profissional e por tempo indeterminado. A passagem de cadastro para registro não causaria ônus ao Ogmo ou a Sopesp porque já esta dentro do sistema. Apesar disto a última vez que houve a chamada para passagem de TPAs cadastrados para registrados foi há 8 anos. Na realidade o maior empecilho para os bagrinhos e a convicção dos profissionais liberais.

A luta dos bagrinhos contra os neos liberais já foi tema de livro.

Memórias do cais: cartas de um bagrinho de Lênin Braga.

O livro tem pouco mais de 60 páginas e dá informações sobre o que é ser um bagrinho e o que é a vida de um estivador no cais. Conta a história dos bagrinhos no início dos anos 60, após isso o autor passa a contar a nova crise que se instalou em 2010. A crise se instalou quando o OGMO (Órgão gestor de mão de obra) introduziu mais 250 cadastros, pois, segundo a empresa não havia mão de obra suficiente, ante isso os bagrinhos tentaram conversar com os representantes da OGMO reivindicando que 250 cadastros passassem para registros. A OGMO prometeu fazer estudos e nada, então os bagrinhos decidiram acampar em frente a sede do OGMO com uma barraca de camping 24 horas por dia com revezamento de vários bagrinhos.

A reivindicação dos bagrinhos para se tornar registros tinha como pontos:

Ser maior de 18 anos; ter as horas necessárias para se tornar um sindicalizado; não ter recusado 3 trabalhos ininterruptamente ou 5 trabalhos ao longo de 6 meses; ter o kit da OGMO; viver exclusivamente do cais e não ter vínculo empregatício com outras empresas; ser habilitado entre outras coisas.

Lênin mostra a evolução e o retrocesso do protesto na forma de acampamento, a solidariedade dos bagrinhos e a falta de consciência política em outros e também mostra como a OGMO soube manipular grande parte dos cadastros.



Uma coisa e certa, no porto de Santos trabalhador eventual, bagre ou cadastro do Ogmo, somente se tonara registro, carteira preta ou estivador com muita luta e garra, pois, se depender dos gestores de mão de obra portuária se aposentarão nesta condição indigna.

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