O porto de Santos, e um espaço social duro e de grande risco onde o trabalho não pode parar. Usam o muque e a física para certos privilégios. "Uma tática profissional cuja história não foi escrita". Ser estivador, em Santos, Provoca orgulho e ciumeiras.
Em um porto como o de Santos,
os trabalhadores não registrados ao OGMO, mas com cadastro, trabalhadores
eventuais são chamados de bagrinhos.
Para se chegar a eficiência
operacional sem o desgaste físico e psicológico do trabalho e necessário que o
"terno", seja ergonomicamente correto. E quando se tem terno aberto
ou acumulo de função ao vinculado está forma ética precariza a saúde e a
segurança dos trabalhadores na área operacional do porto de Santos.
Tudo isto provoca uma tremenda
inquietação social, não? Então, o trabalhador parte para a pressão social, mas
ele tem culpa? É preciso que se permita a esta categoria uma regra clara e
transparente, sem a imposição empresarial, pois, este procedimento operacional
posto em prática coloca em cheque a gestão da mão-de-obra portuária, com um
grande valor de falta de responsabilidade social.
Mas o fato vem se repetindo ao
longo dos anos?
Em 2018 os bagrinhos se
acomodaram na porta do Ogmo de agosto a 23 de dezembro e somente foram
retirados por determinação da juíza Ariana Consani Brejão Degregório Gerônimo,
da 3ª Vara da Fazenda Pública de Santos, decidiu que a Prefeitura de Santos
deve promover a remoção do acampamento dos estivadores sobre a calçada e via
pública em frente à sede do Orgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), na Avenida
Conselheiro Nébias, 255, em Santos. Sendo o gestor da mão de obra portuária o
autor da ação, sobre a alegação que a barraca feita de plástico e madeira fica
próxima ao acesso principal do edifício, dificultando a circulação de pedestres
e veículos. Sobre a reivindicação dos trabalhadores, o órgão já se manifestou
contrário.
As reivindicações dos
suplentes de estivador são a passagem dos trabalhadores do cadastro para o
registro de acesso ao trabalho no Porto de Santos.
Passado 5 anos em maio de 2023
os mesmos bagrinhos, bagres, trabalhadores eventuais, cadastro do OGMO voltam
com mala e cuia para reivindicar um direito ou um mero suspiro de um sonho.
O Sindicato dos Estivadores de
Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão (Sindestiva) reivindica a passagem de
600 bagres no patamar de cadastrados para a de registrados. A mudança pode
proporcionar a estes trabalhadores, igualdade de acesso aos serviços da escala
no Porto de Santos. Este valoroso grupo de brasileiros está acampado novamente
em frente à sede do Ogmo Santos.
O movimento por dignidade
profissional e por tempo indeterminado. A passagem de cadastro para registro
não causaria ônus ao Ogmo ou a Sopesp porque já esta dentro do sistema. Apesar
disto a última vez que houve a chamada para passagem de TPAs cadastrados para
registrados foi há 8 anos. Na realidade o maior empecilho para os bagrinhos e
a convicção dos profissionais liberais.
A luta dos bagrinhos contra os
neos liberais já foi tema de livro.
Memórias do cais: cartas de um
bagrinho de Lênin Braga.
O livro tem pouco mais de 60
páginas e dá informações sobre o que é ser um bagrinho e o que é a vida de um
estivador no cais. Conta a história dos bagrinhos no início dos anos 60, após
isso o autor passa a contar a nova crise que se instalou em 2010. A crise se
instalou quando o OGMO (Órgão gestor de mão de obra) introduziu mais 250
cadastros, pois, segundo a empresa não havia mão de obra suficiente, ante isso
os bagrinhos tentaram conversar com os representantes da OGMO reivindicando que
250 cadastros passassem para registros. A OGMO prometeu fazer estudos e nada,
então os bagrinhos decidiram acampar em frente a sede do OGMO com uma barraca
de camping 24 horas por dia com revezamento de vários bagrinhos.
A reivindicação dos bagrinhos
para se tornar registros tinha como pontos:
Ser maior de 18 anos; ter as
horas necessárias para se tornar um sindicalizado; não ter recusado 3 trabalhos
ininterruptamente ou 5 trabalhos ao longo de 6 meses; ter o kit da OGMO; viver
exclusivamente do cais e não ter vínculo empregatício com outras empresas; ser
habilitado entre outras coisas.
Lênin mostra a evolução e o retrocesso do protesto na forma de acampamento, a solidariedade dos bagrinhos e a falta de consciência política em outros e também mostra como a OGMO soube manipular grande parte dos cadastros.
Uma coisa e certa, no porto de
Santos trabalhador eventual, bagre ou cadastro do Ogmo, somente se tonara
registro, carteira preta ou estivador com muita luta e garra, pois, se depender
dos gestores de mão de obra portuária se aposentarão nesta condição indigna.


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