5 de dez. de 2023

Estivadores recusam-se a descarregar e carregar carros Tesla!

Goran Larsson, contramestre, posa ao lado da bandeira do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes no porto de Malmo, em 7 de novembro. Os estivadores recusam-se a carregar ou descarregar Teslas neste porto e em todos os outros em todo o país. No porto de Malmo, no sul da Suécia, um navio de carga paira sobre fileiras e mais fileiras de carros novos e reluzentes Volkswagens, Volvos, Mercedes. Notavelmente ausentes estão os Teslas.

 Às greves são a última ferramenta de luta do trabalhador onde está em jogo, dignidades fundamentais. A greve de Tesla na Suécia é um desses ataques. 130 trabalhadores da Tesla estão em greve desde o final de outubro. O sindicato,IF Metall, organiza cerca de 300.000 trabalhadores, e tem o sangue da solidariedade. No entanto, o seu adversário e um dos homens mais ricos do mundo, que mandou sua subsidiária sueca não celebraste um acordo coletivo. E esta atitude fez com que os estivadores, pintores e trabalhadores dos correios dessem as mãos na luta pelo comprimento do modelo de trabalho sueco.

Na Noruega, onde o Fellesförbundet representa 500 funcionários da Tesla, o líder do sindicato, Jørn Eggum, disse que iria impedir a Teslas sueca de vir ao país. "A Noruega não deve ser um país de trânsito para Tesla escapar impune. Devemos responsabilizar Tesla e fazê-los comprometer-se com os acordos coletivos nos países europeus em que operam. ”

O movimento social de greve ganhou apoio dos trabalhadores dos transportes e portuários, que se recusaram a carregar ou descarregar carros Tesla em todos os portos suecos; eletricistas que se recusaram a prestar serviços ou reparações nas oficinas e estações de carregamento da Tesla, e pintores, que não trabalharão nos carros Tesla. Trabalhadores de serviços e comunicações pararam de distribuir correios e envios para Tesla.

Os estivadores suecos declararam que se recusarão a descarregar veículos Tesla nos portos suecos, a menos que o conflito seja resolvido rapidamente.

 O problema é que os prestadores de serviços não se sentem muito valorizados pelos seus empregadores, devido às condições de trabalho que são piores na Tesla do que nas outras empresas e querem que a Tesla assine um acordo coletivo de trabalho para garantir que as condições sejam alinhadas com o resto do setor industrial. A postura de um dos homens mais ricos do mundo e no mínimo deselegante, pois neste pais a adesão a sindicatos é de cerca de dois terços dos trabalhadores, mas os trabalhadores não sindicalizados ainda estão abrangidos por acordos de negociação coletiva que são negociados em todo o sector. Demostrando a falta de empatia do empresário, pois, cerca de 90% dos trabalhadores em toda a economia sueca encontra-se protegidos por algum tipo de acordo coletivo. O país nem sequer precisa de um salário mínimo legalmente obrigatório, uma vez que este é abrangido por acordos de negociação coletiva.

 Portanto, é uma surpresa que a Tesla tenha chegado tão longe sem um acordo. A Tesla é famosa por se opor à sindicalização, e a dignidade social de seus predadores de serviço. E quando entrou nos mercados internacionais onde a negociação coletiva é considerada uma coisa natural, está reclamando.

Após os trabalhadores declararem greve, a Tesla não compareceu à mesa em resposta ao aviso, portanto, os trabalhadores prosseguiram com a greve. O sindicato permanecerá de braços cruzados até que seja estabelecida uma negociação coletiva que garanta dignidade social aos trabalhadores.

Resta saber quais serão os efeitos da greve nas operações da Tesla. Isto tornará a manutenção de um carro muito mais difícil na Suécia, mas a Tesla comprometeu-se a contratar fura-greves para que as operações possam continuar sem problemas.

Para os sindicalistas este procedimento empresarial, seria ultrapassar todas as fronteiras. Esse tipo de coisa aconteceu na Suécia nas décadas de 1920 e 1930.

A solidariedade da classe trabalhadora fez com que os estivadores ficassem a ver navios em quatro portos suecos Malmö, Södertälje, Gotemburgo e Trelleborg se a greve não for resolvida.

A ação laboral sueca, e uma resposta ao que parece ser um grande passo em falso da Tesla, por se recusa em sentar-se à mesa, demostrando teimosia, ignorância da cultura sueca ou simplesmente falta de foco.

 As greves são geralmente raras na Suécia. Os níveis de dignidade social de cobertura da negociação coletiva gera o bem-estar social no país, juntamente com a transparência salarial,geradores de um forte compromisso social com a igualdade, significam que todos, em todos os sectores, tem o mesmo tratamento.

Para muitos a maior luta em décadas para salvar o modelo sindical da Suécia das práticas precarizantes, o sindicato IF Metall tem liderado uma greve em oito locais de trabalho da Tesla na Suécia durante cinco semanas.

“Lamentavelmente, não temos negociações em andamento com a Tesla Suécia no momento, mas como sempre, estamos disponíveis para novas negociações o mais rápido possível.”

A greve de Tesla é uma batalha que os trabalhadores não podem perder.

Musk é conhecido pela sua oposição agressiva aos sindicatos. A Tesla perdeu recentemente um processo nos EUA contra um trabalhador que tinha sido despedido ilegalmente por se sindicalizar, e o Conselho Nacional de Relações Laborais apontou repetidamente como a empresa investigou, assediou, disciplinou e discriminou funcionários que se filiam a um sindicato.

A Tesla se comporta da mesma maneira em todo o mundo. Oligarcas como Elon Musk e o proprietário da Amazon, Jeff Bezos, gastam muito dinheiro na destruição de sindicatos como no financiamento de voos espaciais privados.

Vivemos numa época em que o modelo nórdico não é desafiado apenas por homens como Elon Musk, mas também por políticos de extrema-direita e arquiliberais, entre outros.

 É por isso que a greve de Tesla é como uma encruzilhada histórica: o resultado desta batalha decidirá muitas outras questões nos próximos anos.



 Ambas as partes sabem que há muita coisa em jogo.

Para o movimento sindical tem a ver com o direito fundamental de ser organizado, de poder negociar coletivamente sobre salários e direitos sociais dos trabalhadores de influenciar e moldar o seu local de trabalho.

Para Musk, uma concessão ao movimento sindical será a primeira que alguma vez fez, numa situação em que o movimento sindical está na ofensiva em vários países, até nos Estados Unidos.

A solidariedade do demais (profissões) cruzando os braços ou fazendo operação tartaruga em apoiou os grevistas da Tesla.

Do outro lado, a Tesla, que traz fura-greves como os empregadores costumavam fazer durante os “grandes anos de luta” na década de 30.

Diz-se que os próprios proprietários de Tesla apoiam os grevistas. O comportamento da Tesla pode custar-lhe caro, especialmente pela sua imagem. A Suécia e os demais países escandinavos são mercados importantes para veículos eléctricos. Ao querer aplicar pela força o seu modelo económico, o fabricante americano não estaria a dar um tiro no próprio pé?

 Uma coisa não muda mesmo com o passar do tempo as armas da ganância são sempre as mesmas.

https://electrek.co/2023/10/27/tesla-service-goes-on-strike-in-sweden-dockworkers-refuse-to-unload-cars/?fbclid=IwAR2JPVifaoCtHhBG4pUWb9E0B35MxavaO8cwCyapKHRTYcGv0MmuKvrYu18

 https://www.theguardian.com/world/2023/nov/23/elon-musk-decries-strikes-as-swedish-workers-take-on-tesla?fbclid=IwAR3HGce7nr-co6VoW_nsMHWUVAtBifHIsilIGgBhEE9POtfcLdNWyQVq3ic

 https://www.svenssonstiftelsen.com/post/the-tesla-strike-is-a-battle-we-cannot-lose?fbclid=IwAR1tj-XdTxKeDT_qPeOlKTVK6CNXfywgDItAPPWGGxeI1DGaz6Ybr3gSfcs

https://www.npr.org/2023/11/17/1213157550/tesla-sweden-union-workers-boycott

https://www.dna.fr/magazine-automobile/2023/11/29/mais-pourquoi-la-suede-boycotte-la-marque-tesla


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