30 de nov. de 2010

Modernizar e expandir o rodoviario I

Investimentos na malha rodoviária
deverão suprimir os principais gargalos:
recuperação e manutenção das rodovias existentes
e promoção de novos empreendimentos

A Pesquisa Rodoviária CNT 2010 mostra
que apenas 16% das rodovias são de gestão privada.
E justamente as privadas são as que apresentam melhor qualidade:
87,3% são classificadas como “ótimo” ou “bom”,
enquanto 58,1% das públicas receberam avaliação “ruim” ou “regular”

Sendo este o pano de fundo,
o aumento da participação do setor privado
é de extrema necessidade
para alavancar o desenvolvimento do modal rodoviário.
Novos processos de licitação devem ocorrer para a ampliação da malha,
em um processo claro, seguro, ágil e sem atrasos na contratação das obras.
Ao mesmo tempo,
algumas medidas para garantir a manutenção
das rodovias se fazem necessárias:
aumento da fiscalização para controle de excesso de peso de carga;
regularidade na contratação de obras de conservação,
não apenas de obras de expansão;
e revisão dos limites de carga por eixo, com os devidos
ajustes nos projetos já existentes.

É de fundamental relevância a formação de funding
para projetos em estradas vicinais,
tendo em vista o potencial valor econômico da zona de influência
destas estradas.
Inclusive,
esta finalidade seria uma das aplicações para a CIDE,
instituída, através da Lei nº 10.336/2001,
a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)
incidente sobre a importação e a comercialização
de petróleo e seus derivados,
gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível.
Segundo a referida Lei, os recursos arrecadados pela CIDE deveriam ser
destinados às seguintes finalidades:

I. Pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível,
de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo;
Para que de fato os recursos oriundos da arrecadação da CIDE
sejam destinados para o desenvolvimento efetivo do setor de transportes,
é preciso que o Governo Federal,
junto ao Ministério dos Transportes ative
o Fundo Nacional da Infraestrutura de Transportes (FNIT),
que foi criado junto à CIDE, para ser o responsável pelo financiamento do setor.
II. Financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria
do petróleo e do gás; e
III. Financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.
No entanto,
este recurso tem sido pouco utilizado para os objetivos aos quais se propõe.
Conforme dados da receita federal,
a arrecadação da CIDE entre 2004 e 2009 acumulou cerca de R$ 40 bilhões,
valor não desprezível.
Se tivesse sido aplicado ao seu propósito,
o gargalo de investimentos no segmento rodoviário hoje seria 20% menor.
A canalização regular e direta dos recursos da CIDE para o Fundo
impediria desvios para outros usos e garantiria a liberação automática
em compasso com a velocidade das obras, federais ou estaduais.

Segundo a Confederação Nacional dos Transportes,
mesmo o Estado de São Paulo,
que apresentou em 2009 as melhores condições gerais de vias
(pavimentação, sinalização e geometria) do país,
está longe da situação de países com mesmo grau de desenvolvimento,
como por exemplo a Índia.
No Estado, apenas 33 mil km de vias,
de um total de 200 mil km 16%, são pavimentadas,
sendo que boa parte das vias pavimentadas se deve aos investimentos
realizados pelo DER, DERSA
e concessionárias de rodovias ao longo dos últimos anos.
Devemos também lembrar
que investimentos na malha rodoviária do interior diminuem os custos logísticos
e aumentam a capilaridade do escoamento da produção destas cidades,
promovendo um maior intercâmbio entre as regiões do interior.
Também permitem que a população residente
nas áreas mais afastadas dos centros urbanos tenha maior facilidade
para acessar os serviços públicos,
facilitando a concentração da infraestrutura desses serviços
e aumentando a eficiência dos investimentos públicos como um todo.
O estudo realizado pelo Sinicesp e elaborado pela LCA Consultores,
intitulado
“Propostas para o aumento da eficiência e alavancagem de
investimentos na infraestrutura rodoviária do Estado de São Paulo”,
apresenta sugestões para viabilizar o desenvolvimento
da malha rodoviária paulista,
a fim de descentralizar o desenvolvimento econômico e social do Estado.
Dentre os principais gargalos a serem superados, estão:

• O aprimoramento e ampliação do corpo técnico do DER e da DERSA;
• A recuperação das estradas municipais,
permitindo o desenvolvimento social e econômico dessas regiões;
• Auxílio técnico e financeiro aos municípios na realização de melhorias nas vias;
• Fim da inversão de fases em processos licitatórios,
visando garantir a contratação do melhor projeto;
• Buscar vincular os recursos da CIDE-Combustíveis,
para aumentar a capacidade de investimentos do Estado em infraestrutura;
• Viabilizar fundo de precatórios
como forma de cumprir determinações jurídicas e garantir,
ao mesmo tempo, recursos para investimentos em infraestrutura;
• Propor programa de redução de ICMS
para empresas que financiarem a manutenção de vias,
dentro de um programa coordenado pelo DER e DERSA;
• Tomar medidas para ampliar limites de créditos junto a financiadores internacionais;
• Capacitação da mão de obra do setor; e
• Planejamento de longo prazo para garantir a oferta de insumos
para a realização das obras.
Como podemos perceber,
muitas ações propostas podem ser adotadas em âmbito nacional,
diminuindo o custo logístico, o número de acidentes de trânsito
- que resultam em milhares de mortes anualmente –
e reduzindo a concentração do desenvolvimento econômico e social.
fonte
Construbusiness2010
9ºCongresso Brasileiro da Construção

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