31 de dez. de 2010

Virou uma favela , um grande porto de pequenos terminais

Viramos um grande porto de pequenos terminais,
reclama o engenheiro Fernando Lima Barbosa Vianna, 52 anos,
presidente da Companhia das Docas do Estado de São Paulo, Codesp,
estatal que administra o maior porto do país e da América Latina,com seus 8,5 milhões de metros quadrados.
Em três horas de visita à área portuária,Vianna mostrou aquilo que considera, sem prejuízo das melhoras,
os graves erros do processo de privatização:
a redução da área para o manuseio da carga, que estima em 15%,uma perda anual de 12 milhões de toneladas;e a ociosidade de terminais e armazéns que por força de contratos com a Codesp só podem operar um tipo específico de carga,mesmo que estejam vazios.
O porto virou uma favela,um monte de portinhos e ainda está longe da modernização,
diz Vianna.

Crítico radical da chamada Lei 8.630,que regulamentou a privatização das atividades portuárias,
o presidente da Codesp não tem pejo em afirmar que um decreto do século XIX é melhor do que a legislação de hoje.
É o 1.746, do imperador D. Pedro I, de 13 de outubro de 1809, regulamentando a atividade portuária.
Olha que beleza a Lei do Imperador.Só duas folhinhas,e muito mais moderna que a atual, diz.
Circulam por Santos 24,2% do comércio exterior brasileiro,coisa de U$ 26,8 bilhões.
O movimento do ano passado chegou a 48 milhões de toneladas.
A previsão para este ano deve atingir o limite de capacidade nas condições atuais
- 52 milhões de toneladas.
Corrigidas as distorções,o porto pode movimentar as 80 milhões de tons/anos de capacidade instalada,
afirma engenheiro.
Só com a divisão dos arrendamentos, perdemos 12 milhões de toneladas.
Acompanham Vianna, durante a visita ao porto,o diretor comercial e de desenvolvimento da Codesp, Sérgio Antunes,o e assessor técnico da diretoria, Arnaldo de Oliveira Barreto,o Barretinho.
Antunes e Vianna eram diretores da estatal na gestão do presidente
Wagner Gonçalves Rossi 4 de 99 a 10 de 11de 2000, deputado federal do PMDB.
Rossi era do chamado esquema Michel Temer -o deputado federal peemedebista a quem se costuma atribuir o controle político do porto do Santos.
Rossi saiu achando que fez uma gestão muito boa -opinião endossada pelo amigo pessoal Vianna -,
mas sob uma bateria de denúncias,parte delas alvo de processos no Ministério Público e no Tribunal de Contas da União.
Processos -Não é uma novidade, em se tratando da Codesp.
Conforme auditoria do Tribunal de Contas da União,os últimos sete presidentes - de José da Costa Teixeira, em 93, a Rossi, em 2000,também são alvo de investigações.
Vianna já tem a dele - única, ao que diz.
É uma ação por improbidade administrativa, do Ministério Público Federal,de 26 de 11 do ano passado, por contratação de sete funcionários,sem concurso público, ainda na gestão Rossi.
Havia premente necessidade na contratação, defende-se.
O MPF de Santos - leia-se Procuradoria Geral da República -tem nove outras ações civis em andamento contra a Codesp.
Sem prejuízo do devastador e já conhecido Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas da União, de outubro de 99,um ataque às irregularidades e ilegalidades cometidas em oito contratos de arrendamento e administrativos Libra/Boreal, Libra Terminal 35,Yesa do Brasil, Boa Vista Comércio e Serviços,
Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico de Engenharia,Universidade de São Paulo,
Spartacus Comércio e Serviços de Libra/Linhas Brasileiras de Navegação.
Tudo ainda em andamento, como de praxe.
Quando Rossi caiu,Sérgio Antunes surgiu como a moeda forte, tipo a libra.
Chegou até a ser anunciado oficialmente como o novo presidente -mas não se sustentou.
Vianna era diretor comercial da gestão Rossi.
Ganhou a parada e a presidência, que assumiu em 10 de 11 de 2000.
Fonte O Estado da São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário