Nunca pedi para ser diretor ou presidente, diz.
Nascido em Natal (RN), em 10 de 49,formou-se engenheiro civil, em 75,
na Faculdade Federal do Rio de Janeiro.
Fez pós-graduação em Engenharia Portuária pelo Instituto Militar de Engenharia
(RJ),mestrado em administração portuária pela Universidade de Antuérpia,
Bélgica,e pós-graduação em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas.
Funcionário da carreira da Portobrás,foi administrador do Porto de Manaus entre 1983 e 1985;
coordenador de portos e hidrovias do Ministério dos Transportes,de 85 a 86;
secretário adjunto de Transportes Aquaviários, em 1990.
Dirigiu a Companhia Docas de Imbituba de 92 a 95,e o terminal de containeres de Paranaguá, em 98.
Trabalhou como consultor ou diretor em diversas empresas privadas -e conheceu, ao longo dos anos, a maioria dos grandes portos internacionais.
Ao que ele conta,quem o fez presidente da Codesp foi o então ministro dos Transportes,Eliseu Padilha.
Saí de uma lista de dez indicados,porque o ministro optou pelo critério técnico, diz.
Não sou do esquema do Temer e até hoje o PMDB nunca interferiu no meu trabalho.
No carro da presidência,Vianna e o ex-quase presidente Antunes vão mostrando os problemas operacionais do porto.
O carro pára em frente às instalações da Rodrimar.
Vianna comenta:Isso aqui era tudo área livre. Agora já tem o gate, o muro,o prédio administrativo. Ou seja: já perdemos área de operação.Essa outra empresa fez a mesma coisa,sem contar os equipamentos que são em dobro.Cada uma tem os seus.
Muro no meio do porto é favelização.
Não existe em nenhum lugar do mundo.
É um monte de terminal pequenino - e tem de ter prédio,porque a alfândega exige que tenha um lugar para ela.Imagina isso aqui tudo aberto, livre, como um único terminal.
Antunes complementa: Toda essa área pode ser uma empresa só.Mas são várias.
E é uma competição predatória,porque não tem economia de escala, o que encarece o custo Brasil.
A viagem prossegue. Vianna manda parar às proximidades do Tecondi,um terminal de containers na margem direita do porto.
Há carros para exportação em uma área próxima e fertilizantes sendo descarregados mais adiante.
"Olha onde é que estão os carros:perto da descarga dos fertilizantes.
E o terminal de container:na mesma área em que tem uma violenta favelização.
Não há espaço.Um terminal de container na Europa tem, no mínimo,um milhão de metros quadrados.Esse aqui tem 45 mil, aquele ali tem 50 mil.
Olha o empilhamento: três, quatro containers, um em cima do outro.
Quando precisa embarcar,tem de tirar todos os de cima pra embarcar o de baixo.
A produtividade vai lá pra baixo.Sem contar que existem equipamentos parados.
I sso aí é capital parado. Nenhum porto do mundo deixa acontecer isso.
Os dois compraram equipamentos de fornecedores diferentes.
Nem as peças de reposição podem ser iguais."
Antunes completa:
"Temos de arrumar um pedaço só pra mexer com adubo,outro só com laranja, outro só com container.
Do jeito que está, fica tudo fatiado,misturado, cada um com um pedaço de cais.
Só que o cais é público, não é deles.
Esse fertilizante não devia estar sendo descarregado aqui.
O problema é que não existe um terminal de fertilizantes operando adequadamente."
Especializações
- O Tefer - Terminal de Fertilizantes -fica na margem esquerda do porto.
Até agora não foi aberta a concorrência para o arrendamento à iniciativa privada.
Quando for, mantida a estrutura dos contratos vigentes,a empresa vencedora será a dona do pedaço.
Vianna não gostaria que fosse assim:
"O ideal é chamar os donos dos fertilizantes e dizer:Formem uma empresa e operem esse negócio aqui.Eles pagam tanto para a Codesp, fazem os investimentos e passam a operar.
É o mais correto, porque,se entrar um intermediário,o preço vai subir e vai tudo pro porto de Paranaguá.
Mas o Conselho Nacional de Transportes, que está lá em Brasília,fala que tem de ser leilão. Porra.O que você quer ganhar com leilão? Dinheiro? Não pode ser."
Vianna segue para um terminal da Votorantin, operado pela Transchen.
É um armazém de 9.500 metros quadrados,especializado em produtos de origem florestal -bobinas de papel, com capacidade para 25 mil tons/mês.Metade do armazém está vazio.
Se chegar um navio com carga geral, ou um outro, que traga,por exemplo, máquinas para operar as próprias bobinas , nenhum dos dois vai poder descarregar ali - por mais espaço que haja.
O contrato reza que ali é um terminal especializado em produtos de origem vegetal -e ponto final, por mais ilógico, irracional e antieconômico que possa parecer.
Lá estão Vianna, Antunes e Barretinho cumprimentando o gerente comercial da Traschen, Manoel de Carvalho,e o consultor Rubens Oliari.Rubens mostra o espaço ocioso, e diz:"É um absurdo nós termos um terminal desses, com praça vazia,e não podermos movimentar carga geral".
A Votorantim, arrendatária, é cliente principal da Transchen,mas não única - o que permite à operadora o atendimento a outros clientes.
"É um absurdo que se arrende área única e exclusivamente para um cliente ou fabricante", acha Rubens.
Fonte o estado de São Paulo.
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