O silêncio e a fragmentação de tarefas dão lugar à comunicação e à
interatividade. Identifica-se a definição de um novo patamar de qualificação,
vinculado ao savoir-faire dos trabalhadores e ao
ambiente subjetivo do sujeito: abstração, criatividade, dinamismo, comunicação .
As organizações conectadas aos setores da economia mantêm em seu núcleo
trabalhadores qualificados, aos quais são oferecidas condições e oportunidades
.
A centralização de recursos em uma parcela dos trabalhadores faz com que
a qualificação tenda a se orientar de forma seletiva, privilegiando setores e trabalhadores considerados estratégicos. Essas políticas marginalizam os
trabalhadores dos Ogmos e tendem a reproduzir situações de exclusão
social.
A perda desses trabalhadores não se limita à restrição de sua mobilidade
socioeconômica, mas a um processo de exclusão do conhecimento, num momento em
que o mundo do trabalho passa a cultuar a capacidade do sujeito em mobilizar
sua vivência profissional, pessoal e sociocultural de forma a agregar
conhecimento ao trabalho.
Esta perda é potencializada pelo
fato de que a retração se destaque não como um elemento de maior qualificação
do posto de trabalho, mas sim de seleção para o emprego.
Como conseqüência, os laços entre
qualificação profissional e salário se enfraquecem, as descrições de cargos se
tornam mais genéricas, calcadas em qualificações tácitas do que em
conhecimentos sedimentados pela qualificação profissional.
As organizações
passam a adotar estratégias que viabilizem a absorção do conhecimento tácito
dos trabalhadores, assim como políticas de remuneração e treinamento que
incentivem a educação continuada e o aperfeiçoamento permanente do processo de
trabalho.
O modelo educacional alemão e japonês são paradigmas de sucesso em função de
um projeto societário negociado entre o Estado, trabalhadores e Empresarios.
O reconhecimento da competência dos trabalhadores alemães é o elemento
determinante de sua classificação profissional e de sua remuneração, o que se
deve à confiabilidade nos certificados e diplomas.
O investimento em educação é
dividido entre o Estado e o setor privado.
Tal divisão na formação os saberes teóricos são desenvolvidos
na escola e os saberes práticos na empresa, de onde advém sua característica
dual.
No sistema de formação profissional, a qualificação no modelo alemão é do
trabalhador e não da empresa, o que lhe proporciona mobilidade e evita sua
desqualificação.
Já no Japão a qualificação está relacionada à empresa e não ao
sistema educacional.
A profissionalização e a qualificação do trabalhador
japonês ocorrem na empresa, em função dos objetivos e da estratégia
corporativa, sem nenhuma certificação que lhe possibilite comprovar e articular
seu conhecimento fora da organização.
Mas longe de depreciar o padrão
escolar, o modelo de qualificação japonês se estrutura sobre uma hierarquização
que remonta ao desempenho estudantil para refletir-se na possibilidade de
contratação do indivíduo por uma das grandes empresas japonesas ao término do
ciclo de estudos.
O sucesso na escola é um fator determinante, para o sucesso
profissional, pois ser absorvido por uma empresa que ofereça perspectivas de
desenvolvimento profissional e emprego permanente está vinculada ao desempenho
escolar.
Projetos e programas voltados para o aperfeiçoamento, reciclagem ou
requalificação profissional.
Países como Inglaterra e França vêm reformulando seu sistema educacional
visando, aumentar o nível de escolaridade da população, ampliar as
oportunidades de educação continuada e qualificação.
Para o governo inglês educação e um recurso estratégico para a
competitividade e desenvolvimento econômico do país, por isso arca com o investimento
e destina amplos subsídios para a educação superior, ações para o aumento da
escolaridade da população, com metas de ampliação do número de diplomados de
nível superior e incentivo à os estudantes, em tempo integral, no ensino
complementar e na educação continuada e em sua concepção de requalificação.
A obtenção da certificação no modelo inglês não está relacionada
unicamente às competências oriundas de uma formação profissional formal ou da
vivência profissional, mas também à capacidade do indivíduo em comprovar sua
competência na ação do trabalho, o que abre possibilidades para a afirmação e
valorização de espaços educativos alternativos, como o aprendizado autônomo e a experiência profissional .
A educação básica francesa contempla as diferenças individuais, possibilitando
ao indivíduo desenvolver-se de acordo com sua capacidade e seu ritmo.
Contudo é
o desempenho escolar do indivíduo durante o ensino obrigatório que vai determinar suas possibilidades de
acesso ao ensino superior.
O governo francês vem implementando ações buscando melhorar a imagem do
ensino profissional junto a população, a fim de elevar a qualificação dos
indivíduos, encontrar soluções para a inserção dos jovens no mercado de
trabalho e promover a requalificação dos trabalhadores.
As reformas inglesa e francesa reconhecem a importância de uma educação sólida para a articulação na formação de indivíduos aptos à educação
continuada, ao aprendizado autônomo e a otimizarem seu potencial de
aprendizagem.
Os dois sistemas educacionais contemplam em sua dinâmica a
requalificação dos trabalhadores.
A legislação trabalhista francesa permite ao
trabalhador uma licença individual de formação, oportunidade de se qualificar
mantendo os laços empregatícios.
Além disso o governo francês articula, junto
ao setor privado, através de subsídios e isenções tributárias, programas de
qualificação e requalificação profissional para jovens e trabalhadores.
A partir da tese da requalificação para adequação de trabalhadores ao
novo modelo econômico, surge o modelo da competência que, ao contrário do
modelo de qualificações, seria mais adequado ao novo padrão produtivo que
valoriza a atuação individual.
O termo competência teria origem
em estudos econômicos e históricos sobre trabalhadores para, mais tarde, ser
apropriado pelas empresas de acordo com suas políticas de recrutamento,
seleção, treinamento e de organização do processo de trabalho.
A empregabilidade e competência são termos que se centram no
indivíduo e em suas qualificações.
Entretanto, a empregabilidade
estaria vinculada a uma responsabilização do trabalhador por não conseguir
emprego, na medida em que este não teria efetuado as escolhas corretas para sua
capacitação ou teria uma qualificação inadequada, cabendo-lhe portanto o ônus
pela sua exclusão do mundo do trabalho e da vida social.
Mas enquanto a qualificação remete ao posto de trabalho, ao salário, às
tarefas, a competência remete à subjetividade, à multifuncionalidade, à
imprecisão.
O modelo da competência possibilita os instrumentos necessários
para efetuar ao trabalhador à sua capacidade de realizar as tarefas que lhe são
destinadas.
E a ação, realização, movimento, velocidade representa na
valorização da experiência profissional, oriundo da vivência pessoal, da
experiência no trabalho e das atitudes comportamentais em contraposição ao
saber adquirido na escola.
Nesse sentido a requalificação se daria na absorção dos trabalhadores não mais por sua
qualificação profissional, mas por sua capacidade em mobilizar o conjunto de
suas competências no processo de trabalho.
As práticas da competência estariam mais relacionadas à mobilidade do
trabalhador do que ao conteúdo das atividades e ao conhecimento formal que este
requer.
Os saberes não profissionais: comunicação, criatividade, capacidade de
inovação e sinalizaria em direção à valorização de comportamentos
úteis .
Sendo um terreno fértil para a sedimentação de saberes.
Voltando a realidade, mas enquanto os primeiros TPas lutam para se manterem
competitivos no porto, os empresários parecem calcar suas contratações em perfis
cada vez mais abstratos.
Apesar da pressão exercida pela lei o setor , privilegia, no recrutamento e seleção,juventude
e inexperiência sem conhecimento profissional.
O investimento em educação e no aprimoramento de qualificações representa
aos trabalhadores a manutenção competitiva do seu mundo portuário.
Contudo,
paradoxalmente essa valorização ocorre em um momento em que o trabalho como
vínculo empregatício, firmado com base no compromisso capital/trabalho, parece
se esvair.
Fonte Qualificação Versus Competência
Fonte Qualificação Versus Competência
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