20 de jul. de 2015

Mas Peso no Bolso brasileiro




SOJA PELO NORTE

Mas o país real não para e dá motivos para se acreditar no futuro. 
Em viagem ao Japão, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu,
 falou a empresários da poderosa Keidanren -
 confederação de indústria e comércio -
 sobre o escoamento de soja pelos portos do Norte do país. 
Isso dará vantagem em relação aos custos para se exportar 
o produto do Centro-Oeste por Santos e Paranaguá
Na verdade, 
56% da soja brasileira é produzida na parte superior do Brasil 
é levada em caminhões para Sul e Sudeste.
 Os novos portos visados são Itaqui MA e Vila do Conde PA.
Kátia exortou os japoneses a investirem em "Matopiba",
 que vem a ser uma fronteira agrícola quase virgem, 
que reúne terras de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.


Se quer estimular a cabotagem, o Governo poderia cortar
 a burocracia e diminuir os controles da Receita 
sobre cargas operadas entre portos nacionais. 
Hoje, 
 a Receita examina um container 
que circula entre Rio e Santos
 como um que chega de Cingapura para Santos.

ERRO: ANTAQ NA SEP

O advogado Osvaldo Agripino descobriu o óbvio,
 mas que até agora todos aceitavam sem pestanejar. 
A Antaq 
teria de continuar subordinada ao Ministério dos Transportes 
e não à SEP. É que o Ministério dos Transportes -
 embora não tenha feito o menor esforço nesse rumo -
 teria condições de estabelecer uma politica de transportes 
soberana para o país. Já uma entidade portuária - a SEP -
 não tem o mínimo de condições de criar uma política de transportes
, pois precisa tratar de algo muito mais restrito, 
 que é a política portuária nacional. 
Segundo Agripino, os Estados Unidos, 
 sempre usados como modelo no Brasil,
 têm sua agência de navegação ligada ao Ministério dos Transportes 
- para traçar política.

- O Brasil é a sétima potência mundial. 
Pode até não ter frota própria em porta-containeres,
 mas precisa saber dados sobre as companhias estrangeiras 
 que levam 100% de suas exportações e importações -
 diz Agripino. 
Cita que, em 1960, 
o Brasil era responsável por 1,2% do comércio mundial 
e hoje está restrito a menos de 1%.

Segundo Agripino, há denúncias de cobranças de até 20 itens 
acoplados aos fretes, como "demourrage"
 - atrasos causados pelos portos - exagerado.
 Quanto a Terminal Handling Charges (THC) -
 uma taxa de estiva - diz Agripino 
que o armador recebe indevidamente esse valor,
 paga uma parte aos terminais e fica com a sobra, 
indevidamente e sem declarar o lucro às autoridades.

Acentua Agripino que, como os americanos fazem há 60 anos,
 o Brasil precisa saber detalhes inclusive
 o valor cobrado como frete.

Para Agripino, a quebra da empresa nacional Maestra,
 na cabotagem, com perda de R$ 150 milhões,
 é prova clara de que os grandes grupos internacionais
 não querem concorrência, mesmo na cabotagem.

Afirma Agripino que estudou 15 modelos e 
que não há saída exceto a regulação. 
No Brasil, mesmo que o Governo não crie política de transporte,
 Agripino acha que o Cade tem a obrigação de agir contra 
o que chama de cartel dos transportadores internacionais.
- Temos debilidade institucional, 
o que causa preços altos e baixa qualidade de serviço
 dos gigantes mundiais da navegação - frisa.

Lembra Agripino que, de seus contatos com a Antaq,
 ficou a impressão de que a agência teme que
 tais armadores abandonem o Brasil e deixem o país 
sem ter como exportar e importar. 
Garante que em nenhum país a regulação afastou
 os armadores internacionais, 
que estão à cata apenas de lucros.

Para Agripino, o transporte é "indústria de rede", ou seja, 
 armadores e terminais se entendem bem, e, em certos casos,
 pertencem a mesmo grupo econômico. 
"Isso é ruim para o usuário", assevera. 
 Cita nota da Folha de São Paulo e 21 de maio de 2013,
 informando 18 empresas que dispõem de terminais 
contribuíram com R$ 121,5 mlhões para campanhas eleitorais,
 de 2000 a 2012.
- Acho incrível que, para aumentar a THC, 
armadores estrangeiros apenas avisem o fato aos clientes brasileiros. Isso é típico da falta de regulação.

De acordo com Agripino, em cinco anos,
 a Prefeitura de Santos perdeu R$ 700 milhões  em sonegação referente à cobrança estranha e sem tributação de THC. Na China, quem faz essa cobrança é o terminal e não o armador.
 Destaca que, em 2013, o TCP (PR) elevou em 509% suas tarifas,
 o que, mesmo que tenha ocorrido defasagem, é inaceitável. 
" O Brasil está totalmente dependente de armadores estrangeiros no comércio externo", frisa.

Agripino criticou a cobrança de armazenagem pelos terminais,
 frisando que uma carga que fique dois dias no local  tem de pagar taxa referente a uma quinzena.
Garante que foi descoberta cobrança abusiva de  "demourrage", no valor de R$ 3,9 milhões e que o Brasil é líder mundial em pagamento de "demourrage" e em ações na justiça contra tais cobranças. 
Frisa que os juízes, em geral, não têm conhecimento para discernir isentamente sobre a questão.

Como prova de abuso, Agripino cita que, para poder exportar,
 a gigante Brasil Foods foi obrigada a aceitar cláusula pela qual qualquer multa cobrada
 aos armadores teria de ser paga pela  gigante nacional de alimentação.
 " O Brasil está na mão dos estrangeiros", repete.

Afirma que a Antaq pune terminais, 
que repassam os valores para os clientes, 
mas nunca puniu armadores estrangeiros. 
Em breve, Agripino lançará seu livro Direito Portuário e a Nova Regulação
com a tese de que custos não serão reduzidos se não houver regulação das 
companhias estrangeiras de navegação.
 Reduzir custos era a meta da lei dos portos, a 12, 853.

Conclui Agripino: 
" O dono de um terreno deve cercar sua propriedade  para dissuadir invasores. O Brasil tem de regular a navegação para evitar sobrepreço,
 fraude fiscal e até contrabando.
Fonte 

Queda de fluxo de comércio atinge terminais e armadores
 Sérgio Barreto Motta - Rio Marítimo

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