O porto de
Camocim, litoral oeste do Ceará, a 366 km da capital já foi o porto mais
importantes do estado, nas primeiras décadas do século XX, intensa
movimentação, sendo um pólo de emigrantes, principalmente nos períodos cíclicos
das secas.
No final da
década de 1920, a cidade se destacasse no cenário político estadual a ponto de
ser cognominada de “Cidade Vermelha”, “Pequena Moscou” e “Moscouzinha.
Nesse tempo,
tivemos a fundação de várias associações
e sindicatos representativos dos trabalhadores do porto ,estivadores,
salineiros, dentre outros.
O declínio
das atividades do porto aparece por volta da década de 1930 pela falta de
dragagens do seu canal natural, problema que apartir de 1960, navios de médio calado não
mais conseguirem atracar. A ligação de Sobral com Fortaleza por via férrea,
beneficiou o Porto do Mucuripe, a política do governo federal em beneficiar o
transporte rodoviário, fez com que ficasse inviável o porto de Camocim.
Com
estes problemas, as oportunidades de trabalho no porto ficam restritas ao
serviço de descarregamento de barcos pesqueiros. É essa escassez de trabalho
que fez com que os trabalhadores busquem outros portos do país para sobreviverem,
quanto para terminar seu tempo de contribuição previdenciária no intuito de
conseguirem uma aposentadoria como estivador.
Essa situação, colocou os estivadores
de Camocim, ora em confronto na disputa pelos escassos postos de trabalho no
porto, ora em colaboração, na reivindicação de melhores remunerações ou no pedido
de revitalização do porto . Na falta do atendimento desses pedidos, uma das
saídas para os estivadores, foi “ganhar o mundo” e cruzar o Brasil de norte a
sul, pelos mais diversos portos.
As saídas foram mais freqüentes durante a
década de 1960, mas “desde 1952, vários
estivadores deslocam-se a procura de trabalho junto aos co-irmãos dos portos mais
movimentados” e perdurou até os anos 80 com a desativação do Sindicato dos Estivadores
do Porto de Camocim , a maioria dos
pedidos de cartas de apresentação junto ao SEPC estava relacionada com as
condições financeiras precárias que enfrentavam em Camocim.
Apesar da abertura
para os estivadores, as vagas de trabalho em outros portos estavam bastante
limitadas pelas condições impostas pelos sindicatos receptores, sendo poucas
para os cerca de oitenta estivadores do quadro social do SEPC.
Além do mais, os grandes portos contatados pelo SEPC para o envio de trabalhadores, procuravam prioritariamente atender as demandas regionais, como explicou o Presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá, argumentando que a “D.T.M. local autorizou a ampararem os associados do Sindicato de Antonina, distante 40 minutos de Paranaguá.
Como se pode perceber, o problema da falta de trabalho nos pequenos portos não atingia apenas Camocim.
Contudo, as dificuldades aumentariam após o golpe militar de 1964.
Antes, as negociações desse intercâmbio davam-se simplesmente entre os sindicatos.
É o que reclama o presidente do SEPC, Manoel Ambrósio dos Santos, em resposta a um ofício da Federação Nacional dos Estivadores:
Na ditadura militar, iniciou-se o sistema de intervenção das DTMs, disciplinando que o estivador visitante, para deslocar-se de seu porto a procura de trabalho, precisa de Credencial da DTM de seu Estado.
Apesar da dificuldade burocrática imposta pelo novo regime, a importância da articulação da Federação Nacional dos Estivadores do Brasil, realizando contatos e abrindo oportunidades de trabalho junto aos sindicatos dos portos mais desenvolvidos.
Portanto, essa era uma ação de solidariedade entre os companheiros estivadores, mas que não deixou de ter seus entraves e conflitos. Dos portos do país, um dos mais visitados em serviço era o de Santos.
Com efeito, as ligações com o Sindicato dos Estivadores de Santos eram mais estreitas, a ponto de alguns desenvolverem militância política dentro desse sindicato ou fora dele. Na memória de alguns estivadores está viva a trajetória de Raimundo Soares Vasconcelos, que partiu de Camocim em busca de trabalho no Porto de Santos e chegou a presidir o sindicato da categoria na cidade paulista, além de ter facilitado o ingresso de companheiros naquele porto durante a década de 1960.
Outro caso foi o do portuário Aloísio Soares de Vasconcellos, vulgo “Ceará”.
Preso em 1948 por “agitação comunista”, “Ceará” foi prontuariado pelo DEOPS de São Paulo entre 1947 a 1951. (TAVARES, 2001:92). Francisco das Chagas de Carvalho, mais conhecido como “Francisco Sobral”, ex presidente do SEPC, explica a predileção por Santos e traça um certo itinerário dos estivadores, “porque em Santos trabalhava 6.000 homens, sempre teve 14 quilômetros de cais, nós trabalhamos muito lá, o estivador tinha um intercâmbio e nós dávamos o serviço (...) nós mandava muita gente para Santos...”.
Além do mais, os grandes portos contatados pelo SEPC para o envio de trabalhadores, procuravam prioritariamente atender as demandas regionais, como explicou o Presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá, argumentando que a “D.T.M. local autorizou a ampararem os associados do Sindicato de Antonina, distante 40 minutos de Paranaguá.
Como se pode perceber, o problema da falta de trabalho nos pequenos portos não atingia apenas Camocim.
Contudo, as dificuldades aumentariam após o golpe militar de 1964.
Antes, as negociações desse intercâmbio davam-se simplesmente entre os sindicatos.
É o que reclama o presidente do SEPC, Manoel Ambrósio dos Santos, em resposta a um ofício da Federação Nacional dos Estivadores:
Na ditadura militar, iniciou-se o sistema de intervenção das DTMs, disciplinando que o estivador visitante, para deslocar-se de seu porto a procura de trabalho, precisa de Credencial da DTM de seu Estado.
Apesar da dificuldade burocrática imposta pelo novo regime, a importância da articulação da Federação Nacional dos Estivadores do Brasil, realizando contatos e abrindo oportunidades de trabalho junto aos sindicatos dos portos mais desenvolvidos.
Portanto, essa era uma ação de solidariedade entre os companheiros estivadores, mas que não deixou de ter seus entraves e conflitos. Dos portos do país, um dos mais visitados em serviço era o de Santos.
Com efeito, as ligações com o Sindicato dos Estivadores de Santos eram mais estreitas, a ponto de alguns desenvolverem militância política dentro desse sindicato ou fora dele. Na memória de alguns estivadores está viva a trajetória de Raimundo Soares Vasconcelos, que partiu de Camocim em busca de trabalho no Porto de Santos e chegou a presidir o sindicato da categoria na cidade paulista, além de ter facilitado o ingresso de companheiros naquele porto durante a década de 1960.
Outro caso foi o do portuário Aloísio Soares de Vasconcellos, vulgo “Ceará”.
Preso em 1948 por “agitação comunista”, “Ceará” foi prontuariado pelo DEOPS de São Paulo entre 1947 a 1951. (TAVARES, 2001:92). Francisco das Chagas de Carvalho, mais conhecido como “Francisco Sobral”, ex presidente do SEPC, explica a predileção por Santos e traça um certo itinerário dos estivadores, “porque em Santos trabalhava 6.000 homens, sempre teve 14 quilômetros de cais, nós trabalhamos muito lá, o estivador tinha um intercâmbio e nós dávamos o serviço (...) nós mandava muita gente para Santos...”.
Conseguida a
vaga, a licença era providenciada e avalizada pelos órgãos de controle,
Capitania dos Portos e Delegacia de Trabalho Marítimo locais. Como eram as
condições de trabalhos neste porto? O eldorado da fartura de trabalho e
dinheiro bastante difundido pelos relatos de viagens de estivadores veteranos
se confirmava?
fONTE UM PÉ EM CADA PORTO: trabalhadores cearenses em busca da sobrevivência nos portos do país.
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