8 de jan. de 2020

Verdades com punhos na muralha

As palavras desenhadas no papel e tecladas na internet são Verdades com punhos, de Raquel Varela: "Os estivadores de Lisboa estão a receber o salário aos pedaços há mais de um ano, apesar de não trabalharem aos pedaços. Pelo contrário, fazem com regularidade até 60 horas por semana. Têm que pagar as casas, a alimentação dos filhos, mas só recebem parte do salário, dividido ao longo dos meses quando e como quer o patrão. 

O Governo até agora fez zero, apesar de isto se passar em Portugal e num porto público, ainda que arrendado. Supostamente o salário em atraso – já que o trabalho não está em atraso – , vem como represália por serem solidários com os dos outros portos, nomeadamente Leixões onde reinará, denunciado pelos próprios, uma situação análoga à retratada no filme Há Lodo no Cais. Foi este sindicato, de Leixões, que António Costa elogiou publicamente, perdão, fez festinhas."
“Há Lodo no Cais” é um filme, com  vários títulos  
On the Waterfront , Sindicato dos Ladrões , Nido de ratas, Sur les quais , Die Faust im Nacken , Fronte del porto e  La ley del silencio. 
Antes de mais, é um  filme que recria com pormenor uma atividade do crime organizado em Nova Iorque, a extorsão e controle do sindicato dos estivadores. Depois, é um sensível retrato psicológico de um homem dividido entre o amor e a sua consciência que acaba por ceder ao primeiro e reconquistar a segunda, denunciando e combatendo o sistema criminoso que antes tinha servido. Por fim, é um ousado depoimento político de uma era de arbitrariedade, de exploração e de opressão à margem da lei que provocou uma enorme polêmica. A esquerda acusou Elia Kazan de fazer o elogio da delação, de que ele próprio tinha sido protagonista ao denunciar a categoria na Comissão das Atividades Anti-Americanas, e os sindicatos não lhe perdoaram o fato de caracterizar como organizações de fachada da Mafia Americana . O filme , foi um estrondoso sucesso de bilheteira e conquistou 8 Oscar , entre eles o de Melhor Filme e  Ator, para Marlon Brando.

Animais e Trabalhadores, quem é quem?
O Governo anunciou medidas drásticas contra o mau trato a animais. Multas pesadas, tolerância zero. Os estivadores de Lisboa estão a receber o salário aos pedaços há mais de um ano, apesar de não trabalharem aos pedaços. Pelo contrário, fazem com regularidade até 60 horas por semana. Têm que pagar as casas, a alimentação dos filhos, mas só recebem parte do salário, dividido ao longo dos meses quando e como quer o patrão. O Governo até agora fez zero, apesar de isto se passar em Portugal e num porto público, ainda que concessionado.
Supostamente o salário em atraso – já que o trabalho não está em atraso – , vem como represália por serem solidários com os dos outros portos, nomeadamente Leixões onde reinará, denunciado pelos próprios, 
uma situação análoga à retratada no filme Há Lodo no Cais
Foi este sindicato, de Leixões, que António Costa elogiou publicamente, perdão, fez festinhas. Os trabalhadores de call centre, delegados sindicais, a trabalhar, foram demitidos por serem líderes de facto do Sindicato de Trabalhadores de Call Centre, onde lutam por coisas como direito a ir à casa de banho. Esta juventude exemplar não teve direito nem um convite para uma daquelas medalhas de mérito que o Governo distribui de vez em quando. Na Groundforce pede-se prisão contra os dirigentes sindicais.
 Eu diria mesmo porque não, além da prisão, uma trela e um açaime que os calasse de vez?
Sobre isto o Governo guarda-se ao silêncio, em matéria de trabalho só se ouve Costa quando é para se opor às greves, e aí usa toda a força disponível, porque a democracia não existe assim que se passa a porta das empresas. 
Aí começa um novo regime: o do quero, posso, mando, que vai do assédio moral disseminado à perseguição quando há greves efetivas e gente determinada que não se verga aos salários em atraso, à chantagem e ao medo.
Começo a pensar que se os trabalhadores portugueses fossem para o Ministério do Trabalho ganir e ladrar aparecia logo o Ministro a defendê-los, e uma inspeção relâmpago da ACT saía da cartola. Junto um coelho fofinho.
Quem pensa que estes são tempos em que os animais foram humanizados ainda não percebeu que o bem estar animal é um sinal – contraditório – doutros tempos, tempos de animalização dos humanos.

O propósito da “humanização dos animais” é o procedimento de “animalização dos seres humanos”, para ter uma empregado  um mero animal, sem valores, um colaborador  fácil de controlar e principalmente de  explorar.O modo como as pessoas nesta sociedade tem o   cérebro lavado neste e em  outros aspectos  com as informações  recebidas na palma da mão ,em tempos de Zaps e muito preocupante .
https://raquelcardeiravarela.wordpress.com/2020/01/07/animais-e-trabalhadores-quem-e-quem/?fbclid=IwAR2O1rsQMb3LUTuFfo9UKr3-P-X7Gin-HXBcEjqZIO6xhW26U7OEqysggVc

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