Desde março de 2020 os trabalhadores portuários já estavam
expostos ao covid 19, ou pela postura da Anvisa, da autoridade portuária, dos
operadores e da secretaria de saúde da cidade portuária, hoje mais do que nunca continuam expostos aos
vírus, seja no ambiente de trabalho ou no trajeto de percurso ate ele, já que muitas empresas, deixam a desejar nos
procedimentos sanitários nas atividades presenciais.
A última embarcação a ficar 14 dias no cais, santista por
causa de casos de Covid-19 foi o conteineiro 'Pacific Trader', no dia 6 de
setembro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou, no dia
25 de fevereiro, o navio 'Federal Lyra’ descarga de enxofre e chegou, há região
no dia 20, vindo da República de Camarões, não chegou a atracar, está em
quarentena na barra do Porto de Santos. O segundo navio é o 'MZ Sam', que
atracou no dia 22 de fevereiro, no armazém 23 do Porto de Santos, para descarga
de sal, vinda do Rio Grande do Norte. Após sete tripulantes pedirem
repatriação. Um deles testou positivo, no entanto, testes de contraprova
apontaram resultados negativos em toda a tripulação. O navio desatracou e
aguarda na barra os dias, necessários para poder voltar a atracar. Ainda
segundo os tpas do porto de Santos, nenhum trabalhador escalado para este navio
foi chamado para fazer testagem de covid19. No entendimento da OMS os trabalhadores deveriam ser examinados, como dita
as normas.
Saindo da área portuária, as pesquisas vêm demostrando uma guinada no procedimento operacional de ataque geracional na população por parte do vírus. Alguns acreditam que a chamada terceira idade, de fato aceitou e está aplicando o confinamento social. Para outros os trabalhadores que não têm renda e que precisam sair para conseguir o sustento diário. Estão se tornado as maiores vítimas da pandemia nesta segunda onda.
Mudança de faixa etária.
Em Santos, conforme dados divulgados tanto pela Prefeitura
como pela Fundação Seade, em outubro de 2020, os idosos representam quase 9 em
cada 10 mortes pelo Covid na Cidade.
Ou seja, 86,7% das mortes estão no grupo de pacientes acima
de 60 anos. No Estado, esta média é de 76,3%. Portanto, o índice de mortalidade
entre idosos em Santos, súpera em 10 pontos percentuais a média dos municípios
paulistas nesta mesma faixa etária, justamente a mais afetada pela pandemia.
Em novembro em um Hospital pesquisado, a idade média dos
pacientes caiu cinco anos, de 45 (entre março e maio) para 40 anos. Na última
semana de fevereiro o sindicato dos estivadores perdeu para a maldita pandemia
5, trabalhadores da ativa todos com menos de 50 anos, com idades de 44 a 48
anos de vida.
Em estudo realizado na cidade de Santo André (SP) e mais 13
cidades do estado de São Paulo se demonstro uma mudança de perfil das pessoas
infectadas pela covid-19,o que modificou a média de idade das pessoas
internadas nos territórios pesquisados de 47 anos sendo que em junho de 2020
está média era de 66 anos.
Desde novembro de 2020, pacientes com idades entre 30 e 50
anos passaram a ser maioria entre os internados em decorrência do novo
coronavírus, tanto nos leitos de enfermaria quanto nos leitos de UTI na cidade
de São Paulo. No período da pandemia entre março e novembro, esse volume de
internações era ocupado por pacientes que tinham entre 55 a 75 anos.
Assim, não podemos esquecer dos grupos de riscos. O que
explica no plano de vacinação este grupo não estar na primeira fase. Estudos
demonstram que pessoas com quadros de diabete, hipertensão e dislipidemia. Já
deveriam estar sendo vacinados. Pois, entre os mais de 250 mil mortos, mais de
80% possuíam estas morbidades.
Voltando a beira do cais da cidade portuária.
Temos que entender que o trabalhador portuário não é imune ao vírus, ele também pode adoecer e ele também pode morrer em decorrência desse vírus. O que temos observado é uma mudança de perfil etário na pandemia e os tpas que estão sendo contagiados e vindo a falecer, estão nesta faixa etária acima citada.
Ao solicitar o direito a vacinação os tpas não querem,
privilegio, mas somente o respeito por não ter parado os portos brasileiros,
colocando suas vidas em risco cada dia que entram no porto para trabalharem. E
olham preocupados uma certa relutância imensa por parte dos responsáveis pelo
programa de vacinação e das secretarias de saúde municipal da cidade portuária
em não modificar o plano de vacinação. Ou tal consideração e respeito somente
pode ser realizado com os professores de educação física, esteticista, pedólogo e profissionais da saúde que trabalham em home office. Mas, ao mesmo
tempo, despeitando as características de risco de contágio a trabalhadores no
território.
Devido serem consideradas pontos críticos, receberam uma Medida Provisória nº 945/2020 que resultou na Lei nº 14.047 de 24/08/2020. Que para as cidades de Santos e São Sebastião, proibiu a escalação pelo Ogmo de trabalhadores portuários avulsos que apresentem sintomas compatíveis com o novo coronavírus, que sejam diagnosticados com a doença e que tenham idade igual ou superior a sessenta anos, que sejam diagnosticados com imunodeficiência, doença respiratória ou doença preexistente crônica, ou grave(de diabete, hipertensão e dislipidemia).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 700 milhões de
portadores de um transtorno do tipo sofrem de complicações sérias se forem
contaminados. Os indivíduos com diabete, hipertensão e outras doenças
cardiovasculares, doenças reumáticas (como a artrite reumatoide e o lúpus) e
ainda distúrbios gastrointestinais, a exemplo da doença de Crohn e da síndrome
do intestino irritável. Em época de pandemia de coronavírus, essa imunização é
extremamente importante.
Aos trabalhadores impedidos de serem escalados por qualquer
dos motivos previstos pela MP nº 945/2020 haverá o pagamento de indenização
mensal correspondente a 50% da média mensal. E no meio da segunda onda foram
desbloqueados e retornaram ao trabalho, um grande equívoco do legislador, falto
empatia com a cidade portuária. Seria mais correta socialmente e aceitável. Se
o legislador tivesse posto, preto no branco.... enquanto perdurar a pandemia.
Enquanto isso, estes trabalhadores foram desbloqueados e a pandemia não foi
erradicada nem estes trabalhadores foram vacinados.
Pois, para o legislador, bastou a nova forma de escalação a
ser realizada exclusivamente por meio eletrônico, evitando-se assim formas de
aglomeração nos pontos de escalação. Ou em Brasília e no Morumbi, acreditasse
que no porto de Santos e São Sebastião e possível carregar e descarregar navios
efetuando os serviços de home office ou teletrabalho. Não e de duvidar, pois, o
judiciário garante que o porto de Santos e um porto com terminais
automatizados.
A expressão “ficar a ver navios” , significa “não obter
o que esperava”, é antiga e, como costuma ocorrer nesses
casos, de origem nebulosa, difícil de precisar. Ele surgiu em Portugal, quando
o rei Dom Sebastião morreu na batalha de Alcácer-Quibir, mas o corpo não foi
encontrado. Então surgiu a expressão: Ficou a ver navios, ou seja, ficou
esperando por algo que não veio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário