2 de mar. de 2021

Ficar a ver navio na Vacinação

 

Desde março de 2020 os trabalhadores portuários já estavam expostos ao covid 19, ou pela postura da Anvisa, da autoridade portuária, dos operadores e da secretaria de saúde da cidade portuária, hoje mais do que nunca continuam expostos aos vírus, seja no ambiente de trabalho ou no trajeto de percurso ate ele, já que muitas empresas, deixam a desejar nos procedimentos sanitários nas atividades presenciais.

A última embarcação a ficar 14 dias no cais, santista por causa de casos de Covid-19 foi o conteineiro 'Pacific Trader', no dia 6 de setembro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou, no dia 25 de fevereiro, o navio 'Federal Lyra’ descarga de enxofre e chegou, há região no dia 20, vindo da República de Camarões, não chegou a atracar, está em quarentena na barra do Porto de Santos. O segundo navio é o 'MZ Sam', que atracou no dia 22 de fevereiro, no armazém 23 do Porto de Santos, para descarga de sal, vinda do Rio Grande do Norte. Após sete tripulantes pedirem repatriação. Um deles testou positivo, no entanto, testes de contraprova apontaram resultados negativos em toda a tripulação. O navio desatracou e aguarda na barra os dias, necessários para poder voltar a atracar. Ainda segundo os tpas do porto de Santos, nenhum trabalhador escalado para este navio foi chamado para fazer testagem de covid19. No entendimento da OMS os trabalhadores deveriam ser examinados, como dita as normas.

Saindo da área portuária, as pesquisas vêm demostrando uma guinada no procedimento operacional de ataque geracional na população por parte do vírus. Alguns acreditam que a chamada terceira idade, de fato aceitou e está aplicando o confinamento social. Para outros os trabalhadores que não têm renda e que precisam sair para conseguir o sustento diário. Estão se tornado as maiores vítimas da pandemia nesta segunda onda.

Mudança de faixa etária.

Em Santos, conforme dados divulgados tanto pela Prefeitura como pela Fundação Seade, em outubro de 2020, os idosos representam quase 9 em cada 10 mortes pelo Covid na Cidade.

Ou seja, 86,7% das mortes estão no grupo de pacientes acima de 60 anos. No Estado, esta média é de 76,3%. Portanto, o índice de mortalidade entre idosos em Santos, súpera em 10 pontos percentuais a média dos municípios paulistas nesta mesma faixa etária, justamente a mais afetada pela pandemia.

Em novembro em um Hospital pesquisado, a idade média dos pacientes caiu cinco anos, de 45 (entre março e maio) para 40 anos. Na última semana de fevereiro o sindicato dos estivadores perdeu para a maldita pandemia 5, trabalhadores da ativa todos com menos de 50 anos, com idades de 44 a 48 anos de vida.

Em estudo realizado na cidade de Santo André (SP) e mais 13 cidades do estado de São Paulo se demonstro uma mudança de perfil das pessoas infectadas pela covid-19,o que modificou a média de idade das pessoas internadas nos territórios pesquisados de 47 anos sendo que em junho de 2020 está média era de 66 anos.

Desde novembro de 2020, pacientes com idades entre 30 e 50 anos passaram a ser maioria entre os internados em decorrência do novo coronavírus, tanto nos leitos de enfermaria quanto nos leitos de UTI na cidade de São Paulo. No período da pandemia entre março e novembro, esse volume de internações era ocupado por pacientes que tinham entre 55 a 75 anos.

Assim, não podemos esquecer dos grupos de riscos. O que explica no plano de vacinação este grupo não estar na primeira fase. Estudos demonstram que pessoas com quadros de diabete, hipertensão e dislipidemia. Já deveriam estar sendo vacinados. Pois, entre os mais de 250 mil mortos, mais de 80% possuíam estas morbidades.

 

Voltando a beira do cais da cidade portuária.

Temos que entender que o trabalhador portuário não é imune ao vírus, ele também pode adoecer e ele também pode morrer em decorrência desse vírus. O que temos observado é uma mudança de perfil etário na pandemia e os tpas que estão sendo contagiados e vindo a falecer, estão nesta faixa etária acima citada.

 Ao solicitar o direito a vacinação os tpas não querem, privilegio, mas somente o respeito por não ter parado os portos brasileiros, colocando suas vidas em risco cada dia que entram no porto para trabalharem. E olham preocupados uma certa relutância imensa por parte dos responsáveis pelo programa de vacinação e das secretarias de saúde municipal da cidade portuária em não modificar o plano de vacinação. Ou tal consideração e respeito somente pode ser realizado com os professores de educação física, esteticista, pedólogo e profissionais da saúde que trabalham em home office. Mas, ao mesmo tempo, despeitando as características de risco de contágio a trabalhadores no território.

O estado de são Paulo tem 4 entradas para o mundo, são elas o aeroporto internacional de campinas e o de Guarulhos e os portos de Santos e São Sebastião. 

Devido serem consideradas pontos críticos, receberam uma Medida Provisória nº 945/2020 que resultou na Lei nº 14.047 de 24/08/2020.  Que para as cidades de Santos e São Sebastião, proibiu a escalação pelo Ogmo de trabalhadores portuários avulsos que apresentem sintomas compatíveis com o novo coronavírus, que sejam diagnosticados com a doença e que tenham idade igual ou superior a sessenta anos, que sejam diagnosticados com imunodeficiência, doença respiratória ou doença preexistente crônica, ou grave(de diabete, hipertensão e dislipidemia).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 700 milhões de portadores de um transtorno do tipo sofrem de complicações sérias se forem contaminados. Os indivíduos com diabete, hipertensão e outras doenças cardiovasculares, doenças reumáticas (como a artrite reumatoide e o lúpus) e ainda distúrbios gastrointestinais, a exemplo da doença de Crohn e da síndrome do intestino irritável. Em época de pandemia de coronavírus, essa imunização é extremamente importante.

Aos trabalhadores impedidos de serem escalados por qualquer dos motivos previstos pela MP nº 945/2020 haverá o pagamento de indenização mensal correspondente a 50% da média mensal. E no meio da segunda onda foram desbloqueados e retornaram ao trabalho, um grande equívoco do legislador, falto empatia com a cidade portuária. Seria mais correta socialmente e aceitável. Se o legislador tivesse posto, preto no branco.... enquanto perdurar a pandemia. Enquanto isso, estes trabalhadores foram desbloqueados e a pandemia não foi erradicada nem estes trabalhadores foram vacinados.

Pois, para o legislador, bastou a nova forma de escalação a ser realizada exclusivamente por meio eletrônico, evitando-se assim formas de aglomeração nos pontos de escalação. Ou em Brasília e no Morumbi, acreditasse que no porto de Santos e São Sebastião e possível carregar e descarregar navios efetuando os serviços de home office ou teletrabalho. Não e de duvidar, pois, o judiciário garante que o porto de Santos e um porto com terminais automatizados.

A expressão “ficar a ver navios” , significa “não obter o que esperava”,  é antiga e, como costuma ocorrer nesses casos, de origem nebulosa, difícil de precisar. Ele surgiu em Portugal, quando o rei Dom Sebastião morreu na batalha de Alcácer-Quibir, mas o corpo não foi encontrado. Então surgiu a expressão: Ficou a ver navios, ou seja, ficou esperando por algo que não veio.

 E assim que estão se sentido os TPAs, como estrofes de um conto que apesar de secular, esta em vigor ainda hoje na beira do cais da cidade portuária.


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