31 de dez. de 2010

Virou uma favela , um grande porto de pequenos terminais VI

Foi a primeira grande privatização no porto de Santos,ocorrida em 18 de setembro de 97,
com movimentado e disputado leilão público na Bolsa de Valores de São Paulo.
A Santos Brasil (grupo Oportunnity)ganhou de quatro outros concorrentes, pagando US$ 250 milhões,com ágio espetacular de 111%.
O Tecon 1 já estava ali, construído e prontinho, bem ao lado,mas não entrou no edital. E não é só que não entrou.É que o contrato determinava, à Santos Brasil, a construção de um outro terminal,no lado oposto -investimento que está sendo feito e que vai custar R$ 150 milhões.
Erros
- Vianna analisa:
"O problema é que os responsáveis pela privatização decidiram,contra toda a lógica portuária, que o Tecon 2 deveria ser um outro terminal.Ora, incorporado à Santos Brasil, ele aumentaria a escala.Isolado, com um berço só, fica antieconômico.
Veja só: não é a Santos Brasil que não quer.É a lei que não me deixa fazer isso,
por causa do contrato que diz que a expansão deles tem de ser para o lado de lá.

Ou seja:
ele está construindo para o lado de lá, quando isso aqui está pronto.
Enquanto eu estiver aqui, eu não faço a licitação do Tecon 2.
A solução seria estudar um valor de outorga e, em uma decisão de governo,
obrigar a Santos Brasil a ficar com ele.
" O economista João Arthur Mello é diretor de assuntos corporativos da Santos Brasil.
Conhece bem o escândalo do Tecon 2 desde a época em que trabalhava no Ministério do Planejamento,entre 96 e 98.
"Fiquei abismado", diz,
lembrando os 23 aditivos que superfaturaram os preços.Porque o Tecon 2 não entrou no leilão de 97?"Porque tem entraves jurídicos, problemas de financiamento não aclarados,investigações no TCU", responde o diretor da Santos Brasil.
"É natural que nós sejamos, futuramente, os naturais ocupantes,mas isso depende de licitação". É aquela que Vianna jura que não fará.João Arthur endossa as críticas de Vianna à ociosidade do porto-que no caso dos containers chega a 50%.Também concorda que foi errado restringir a operação somente aos containers- quando há espaço para a movimentação de automóveis e de outras cargas.
João Arthur:
"Não havia experiência de privatização dos portos -e foi um erro ter sido feito daquela maneira. O problema é mudar a regra do jogo agora.O cara que participou lá atrás, vai dizer, Ah, se eu soubesse, eu teria pago a mais".Em relação aos gargalos apontados por Vianna, João Arthur diz o seguinte:
"Eu não sou expert em porto, como o Fernando Vianna é.Mas, aqui, nada acontece por acaso. 90% das coisas tem explicações - só que de algumas ninguém pode falar.
O porto tem crescido em termos absolutos, mas, em ternos relativos, não.
Containers, por exemplo.
Santos movimentava, em 1990, 62% dos containers do Brasil.
Hoje movimenta 39%.Ninguém deixa áreas vazias,se elas puderem ser produtivas de alguma maneira.Existem entraves jurídicos, administrativos,e a questão da mão de obra ainda não esta resolvida.A verdade é que o ambiente negocial do porto não é estimulante para investir."
Dívidas -
A pedra no sapato da Santos Brasil é o concorrente Grupo Libra,do outro lado, que tem, entre os diretores,o e ex-ministro dos Tansportes, Odacir Klein.Com a vantagem de não ter desembolsado os US$ 250 milhões,a Libra acumula, com a Codesp,
além de histórica influência por 50 anos de atividade no porto,uma continuada inadimplência contratual assegurada por liminares judiciais.
Em valores atualizados, segundo a Codesp, a dívida é de R$ 82 milhões."Entramos com uma ação de cobrança judicial", diz o presidente da Codesp."Eu quero receber. O que eu não sei é se a Libra quer pagar."Somada a dívida da Libra, 86 empresas devem, à Codesp, R$ 324 milhões.
fonte O Estado de São Paulo.

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