19 de out. de 2012

A Verdadeira Historia da Estiva

A VERDADEIRA HISTÓRIA DA ESTIVA




Muito antes da lei 8630, isto é, bem antes dos OGMO’s, “paredes” e uniformes amarelos, um homem recebeu a incumbência de acomodar um casal de cada animal terrestre no primeiro navio cargueiro que se tem notícia, a ARCA DE NOÉ. Noé exerceu as funções de CAPATAZIA, ARRUMADOR, CONFERENTE, VIGIA, CONCERTADOR e, claro, ESTIVADOR. Nascia ali o acúmulo de função.

Não era fácil para Noé conferir a carga, arrumá-la no costado, e estivá-la no porão, sendo assim, Noé, teve que montar um terno com seus próprios filhos, uma vez que as demais pessoas se recusavam a marcar presença. Mais tarde, esta formação familiar ficaria conhecida como “FEIÇÃO” tornando-se comum nas futuras montagens de ternos pelos futuros contramestres que privilegiariam filhos, parentes e amigos. Após montado o terno, os animais foram entrando um por um na barcaça, e mesmo com os estivadores fazendo “QUARTO” o trabalho se manteve no ritmo desejado, cadenciado e com segurança. A peação dos animais era feita sem air bag’s, mas em compensação, a arca de Noé tinha mais corda que o Sanko Royal. Diante de um fato concreto na consolidação do trabalho portuário avulso, podemos afirmar que a ESTIVA não surge com os portos públicos, mas da demanda progressiva de circulação de cargas ao longo da história das civilizações. A primeira parede, por exemplo, aconteceu no muro das lamentações, séculos mais tarde, em Jerusalém. Assim, estamos lamentando até hoje... basta rodar a escalação e seu nome aparecer na Usiminas.

Nos tempos de Noé, quando apenas a carga possuía chifres, o trabalho não parava com chuva, a não ser que caísse um dilúvio. E assim, a Arca desatracou e ganhou as águas revoltas do mar que surgira no deserto. Os cidadãos que outrora ridicularizavam o trabalho avulso, resolveram entrar no SISTEMA, mas, já era tarde, e tiveram que ouvir de um estivador que se encontrava a bordo:   “VAI MORRER PRA LÁ!!!”

Outro cais que teve papel importante na história portuária foi o porto do Delta do Nilo.                     
  Ali, os doqueiros egípcios safaram “NOSSO” trabalho desembarcando pedras gigantescas para a construção de dezenas de pirâmides no deserto. Embora não entenda o porquê destes monumentos gigantescos, o importante é que renderam um bom dinheiro à estiva egípcia. Isso foi igual a atual construção do estádio do Pantanal para a copa de 2014, não servirá pra nada, mas somos totalmente a favor da sua construção, desde que desembarque algumas peças e caixarias em nossos portos e ganhemos algum qualquer.

A relação da África com o trabalho portuário avulso sempre foi íntima, o trabalho compulsório surgiu justamente no continente africano. Quando os navios europeus aportaram por lá para pilhar as riquezas daqueles povos. Estranhamente os aborígenes não quiseram cooperar com o embarque de tais riquezas e, portanto, foram pegos A PULSO. E já que estavam um tanto quanto arredios, foram convidados a participar da viagem, claro, remando, para se acalmarem.

Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, navios saiam abarrotados de pau Brasil rumo à Europa. Neste trabalho, indígenas jogavam LIMPA da Era do Gelo na estivagem de toras, só para ganhar um espelhinho português, referente ao trabalho dia no século XVI. Quando veio o período do açúcar, no século seguinte, era barrote com 200 homens em cada porão... TODOS A PULSO.                           
   Mas, quando veio o século XVIII, os TPA´s tiraram a barriga da miséria. No embarque de placas de ouro, tinha doqueiro que num único navio ganhava o equivalente a uma carroça zero km com jumento e tudo... Há relatos de tabernas sendo fechadas para que os estivadores comemorassem seus lucros com belas mulheres e bebidas à vontade. Ah!!! Tempos que não voltam mais...

Deste modo, a estiva acompanhou a evolução de nossa história. Como imaginar nossos avanços econômicos sem o trabalho árduo dos TPA´s? Sobre os ombros destes homens se ergueu a atual economia globalizada. Entretanto, hoje, mesmo diante das paredes eletrônicas, dos direitos trabalhistas e da segurança no trabalho (diferente do passado), me aparece um governo cogitando o fim do trabalho avulso... eles estão de brincadeira! A economia deste país passa nas mãos do trabalhador portuário avulso. Aliás, se o dinheiro que nossos ilustres governantes enviam para o exterior em malas de couro italiano e cuecas de seda francesa fosse embarcado em navios cargueiros, a atividade portuária no Brasil aumentaria uns 30%. Fica a dica, caso queiram aumentar a nosso PIB.

Ray Lande

Copiado - do Companheiro - Status Não Embarcado - OGMO / ES



Fonte Facebook

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