Previamente à apresentação de
sugestões de cursos para treinamento de portuários brasileiros,
cabe ressaltar
que o assunto já é tratado como prioridade máxima,
nos países que podem
ser considerados como referência nas operações portuárias.
Espera-se que o
mesmo passe ocorrer no Brasil.
O
treinamento para operar equipamentos de última geração e para o uso da
informática no trabalho, já faz parte da rotina dos principais portos do mundo.
Uma questão que precisa ser pensada é em
relação a um tipo “bolsa-salário” para o TPA que estiver em treinamento.
Isto, na verdade, nem deveria ser um problema, caso estivesse sendo cumprida a
Convenção OIT 137[1]
que prevê “garantia de renda” sem
qualquer ônus ao trabalhador avulso.
As propostas, apresentadas adiante, foram embasadas, nas práticas
adotadas nos portos da Costa Oeste Americana. Lá há um importante Centro de
Treinamento CT, com ramificação em toda a Costa e custeado totalmente
pelos empresários, o PMA Pacifico Marítime Association, e administrado
paritariamente com o ILWU International Longshore and Warehouse
Union, sindicato que representa todos os portuários da Costa do Pacífico até o
Canadá.
Na Costa americana há 13.785 portuários
reconhecidos no sistema PMA/ILWU.
Esses trabalhadores desenvolvem atividades
semelhantes às dos congêneres brasileiros previstas no art. 57 § 3º, da Lei nº
8.630.
Entretanto, lá não tem o vínculo empregatício a prazo indeterminado.
No
lugar disso, há a chamada “livre escolha” steady-man para as funções de direção
ou chefia, nas atividades de controles informatizados e para a operação de
aparelhamento portuário com capacidade superior a 5 toneladas.
Os demais trabalhadores são considerados
avulsos casuals que trabalham por jornada de trabalho party-time e ganham por
hora trabalhada.
A escalação dos avulsos é feita por um fiscal sindical do
sistema ILWU dispachter e fiscalizada pelo PMA.
Os portuários registrados homens A,assíduos na
forma prevista no Contrato Coletivo de Trabalho, têm uma garantia de renda GR
equivalente a US$ 1.279.84 por semana, limitada US$ 66.551,68 anuais em 2012.
Da mesma forma, os homens B “cadastrados” no Brasil, têm uma garantia
semanal de US$ 943, 04, limitada a US$ 49.038,08 anuais.
Quando o portuário tem
um ganho igual ou superior ao valor semanal, nada recebe como garantia de
renda;e quando a soma de seus recebimentos salários+GR perfaz o respectivo
valor anual acima, nada mais ele recebe a titulo de garantia de renda.
O
registrado tem uma garantia anual de US$ 66.551,69,US$ 1.279,84 semanais;o homem
B, US$ 49.038,08 a US$ 943,04 semanais.
Relatório sobre Treinamento na Costa Oeste dos EUA:
TREINAMENTO POR SIMULADORES
Container Gantry Crane 200
RTG Crane
– Transtainer
117
Ship
Gantry Crane 7
Ship
Pedestal Crane (Sim) (Winch)
31
Mobile
Crane (Mobile 52
Ship
Unloader, Bulk Crane 8
Dock Whirley Crane 7
Soma ............................................................
422
TREINAMENTO
EM APARELHAMENTO PORTUÁRIO
Forklift
1,704
Semi-Tractor (CAVALO MECÂNICO) 918
Container
Handling Equipment
(CHE)
(Log Loader) 787
Straddle
Carrier
36
Excavator
5
Bulldozer
(Front Loader) (Loci)
6
Soma....
......................................................3.456
TREINAMENTOS PARA TRABALHOS
ESPECÍFICOS/PROMOÇÕES
Basic
Marine Clerk (conferentes) 89
Clerk
Computer Gate (Yard) conferentes 76
Supercargo/CLERK
(conferentes) 5
Vessel Planner
(conferentes)
2
Walking
Boss Orientation
143
Powered
Gangway
19
Walking
Boss training Seminar
180
Watchman
51
Holdman
9
Soma...................................................
........574
Pelos números verifica-se que foram treinados, em 2011, 4.452, dos 13.785 portuários da Costa Oeste americana.
Ou seja: 33,3% do contingente. Os demais portuários
(66,7%) na sua maioria já fizeram os citados cursos ([2])
.
PROPOSTAS DE CURSOS, PARA OS PORTUÁRIOS BRASILEIROS
Primeiramente,
há de se enfatizar que os cursos abaixo devem ser reservados, com
exclusividade, aos trabalhadores inscritos no órgão de gestão de mão de obra,
criado pela Lei nº8. 630/93.
O treinamento desses trabalhadores é um passo
importante em direção ao já retardado cumprimento da Convenção da Convenção
137, ratificada no Brasil em 1994.
Esses
trabalhadores devem ser preparados e valorizados para atender ao trabalho
portuário em qualquer que seja a modalidade de contratação.
Há de se
sepultar, de forma definitiva, as desculpas e mazelas patronais para buscar e
treinar trabalhador de fora do sistema OGMO.
As
propostas de cursos são apresentadas em três níveis.
O primeiro se refere
àqueles em a utilização de um SIMULADOR é indispensável.
O segundo nível se
refere a treinamentos que, na sua maioria, podem ser feitos nos terminais que
dispõem desses equipamentos e que se propõem a disponibilizá-los para tanto.
O
terceiro, se refere a treinamentos ligados mais diretamente ao profissional,
para os quais há mais disponibilidade de equipamentos especialmente na área da informática.
É INDISPENSÁVEL A
PRIORIZAÇÃO DE AQUISIÇÃO DE SIMULADORES, DESTINADOS A CAPACITAR OS TRABALHADORES,
PARA OPERAR OS SEGUINTES APARELHAMENTOS PORTUÁRIOS PRINCIPALMENTE PARA AS
OPERAÇÕES DE CONTÊINERES EM TERRA E A BORDO:
1. Ship-to-shore (STS) /
quayside cranes (PORTÊINERES);
2. Rubber-tired gantry (RTG) cranes (TRANSTÊINERES
COM PNEUS DE BORRACHA);
3. Straddle carriers (EQUIPAMENTOS DE GRANDE PORTE
USADOS PARA IÇAR CONTÊINERES GERALMENTE DE E PARA CAMINHÃO NOS PÁTIOS);
4. Mobile harbour cranes (MHC-GUINDASTE MOVEL DE
TERRA);
5. Reach-stackers and top-loaders (EQUIPAMENTO
PARA EMPLILHAMENTO DE CONTÊINERES);
6. Dock and ship pedestal cranes (GUINDASTE
LOCALIZADO EM TERRA OU DE BORDO, FIXADOS
SOBRE PEDESTAL);
7. Forklifts (empilhadeiras);
8. Ponte Rolante
Industrial/Over Head Crane
TREINAMENTO DIRETO, EM
APARELHAMENTO PORTUÁRIO
1.
Treinamento
de Atualização de Empilhadeira de Pequeno Porte;
2.
Treinamento
de operador de cavalo mecânico (semi-tractor) destinados a rebocar as carretas
(chassis) utilizadas para levar contêineres ao navio e vice-versa;
3. Treinamento de Capacitação
para Operadores de Guindaste Auto Motor, Mecânico e Hidráulico / Mobile Crane;
4.
Treinamento
Básico de Operação com Guindaste Portuário de Pórtico;
5. Treinamento Básico de
Operação de Pá Carregadeira/Wheel Loader;
6. Treinamento Básico de
Operação com Guindauto tipo Munck/Truck Munck Crane;
7. Treinamento de Operação com
Empilhadeira de Contêineres Vazios/ Empty Container Load;
8. Treinamento Básico para
Operadores de Guindastes Portuário Móvel/MHC – quando disponibilizado pelo
terminal;
9. Treinamento para Operadores
de Guindastes de Plataforma/ Jib Mounted Board Crane (Offshore);
10. Treinamento Básico de
Operação com Guindastes de Pórtico Montados sobre Pneus - Transtêiner/ RTG
(quando disponibilizado pelo terminal).
CURSOS PROFISSIONAIS ESPECÍFICOS PARA
PORTUÁRIOS
1. Treinamento para conferência informatizada,
utilizando coletores de dados, principalmente na movimentação de
contêineres. (conferentes);
2. Treinamento avançado para controle (fechamento)
geral informatizado da carga embarcada ou descarregada (geralmente
contêineres), por navio, pré-estiva, etc. (conferentes);
3. Treinamento de Capacitação
para Supervisores para Terminais Portuários/Supervisor/supercargo.
(conferentes);
4.
Treinamento de
Plano de Carga, dando ênfase aos Navios Porta-contêiner (plano máster e por
bays) (conferentes);
5. Treinamento de Plano de
Pátio para Contêiner/Basic Yard Planner. (conferentes);
6. Treinamento para controle
(informatizado) de entrada e/ou saída de carga (geralmente contêineres) nos
portões (Gates) dos terminais. (conferentes);
7. Treinamento Básico para
Vistoria, inclusive com relação a avarias, de Contêineres. (conferentes e
consertadores);
8. Curso avançado de inglês. Habilitar o
conferente a falar e escrever e especialmente interpretar os documentos e
formulários referentes às cargas inerentes ao comércio exterior e os termos
técnicos referentes às operações a bordo e no porto;
9. Treinamento de Capacitação
para peação e desapeação de carga /Portworker Lashing (trabalhadores de bloco e
estivadores);
10. Treinamento de vigias
portuários;
11. Treinamento para amarradores e
desamarradores de navios (amarradores de navios).
Há se ponderar, ainda, especialmente junto ao
Ministério da Educação, quanto à elevação do nível de escolaridade de
portuários de algumas atividades profissionais. Tal demanda passa a ser mais
relevante quando se depara com a necessidade de inserção, no setor portuário,
de novos aparelhamentos e equipamentos dotados de tecnologia de ponto, cuja
operação depende preponderantemente de conhecimentos técnicos e inclusive de
noção de informática.
AVALIAÇÕES SOBRE TRABALHO DE CONFERÊNCIA NO BRASIL E CONFERÊNCIA NA COSTA OESTE DOS ESTADOS UNIDOS (Clerk´s service) dos 13.785 portuários da Costa Oeste Americana,1.722 são conferentes (mais de 12,5%).
No Brasil, também
há efetivamente muito trabalho de conferência.
Entretanto, o setor
empresarial (especialmente os detentores de terminais de contêineres) procuram
ardilosamente evitar o uso dos tradicionais conferentes inscritos no OGMO, para
executar tal trabalho.
Há casos em que são dadas (por eles) nomenclaturas
diferentes para as funções que indiscutivelmente são consideradas como de conferência
ou controle de carga.
(Ressalte-se, que atitude contraria o disposto no art. 1º, item 2, da Convenção OIT 137).
O objetivo deles (empresários) é dissimular essa atividade portuária (prevista na lei portuária – art. 27, § 3º) [5], como justificativa para contratar (indevida e ilegalmente) trabalhador de fora do sistema OGMO para executar tal serviço.
(Ressalte-se, que atitude contraria o disposto no art. 1º, item 2, da Convenção OIT 137).
O objetivo deles (empresários) é dissimular essa atividade portuária (prevista na lei portuária – art. 27, § 3º) [5], como justificativa para contratar (indevida e ilegalmente) trabalhador de fora do sistema OGMO para executar tal serviço.
[1] Art. 2º, item 2 - De qualquer modo, deve ser assegurado
aos trabalhadores portuários um mínimo de períodos de emprego ou um mínimo de
rendimento, cujas extensão e natureza dependerão da situação econômica e social
do país e do porto em questão.
As
informações sobre o sistema de trabalho, treinamentos, etc., nos portos das
Costa Oeste americana tiveram como fonte o Relatório Anual da PMA, do exercício
de 2011.
http://www.pmanet.org/pubs/AnnualReports/2011/PMA%20Annual%20Report%202011.pdf.
http://www.pmanet.org/AR_1998/html/p48-51.html.
http://www.pmanet.org/AR_1998/html/p48-51.html.
Formação de Conferentes. Está havendo uma demanda cada vez maior de solicitações de conferentes. Isto levou ao aumento do número de cursos de formação este ano. Foram treinados 196 conferentes. Para melhorar a formação, e continuar sendo fornecido ao setor portuário conferentes com melhor qualificação, o PMA (Associação Patronal dos Operadores Portuários da Costa Oeste Americana) contratou a Intergraph Corporation para avaliação e atualização do Sistema de Formação dos Conferentes (sistema este adotado desde 1980). A Intergraph começa trabalhando com plataformas de hardware, sistemas operacionais de revisão, programas de software e recursos de rede. Destaca-se, entre novos cursos, o de habilitação pela intenet (Web-enabled) que permite aos Professores do Centro de Treinamento do PMA rápida e facilmente modificar e atualizar as os “diplays” (as telas) dos computadores localizados no portões (Gates) de terminais de contêineres (onde são feitos os controles de entrada e saída de contêineres dos terminais).
Para
os fins da presente Convenção, as expressões «trabalhadores portuários» e
«trabalho nos portos» designam pessoas e atividades definidas como tais pela
legislação ou pela prática nacionais. As organizações patronais e de
trabalhadores interessadas devem ser consultadas quando da elaboração e da
revisão destas definições ou ser-lhes associadas de qualquer outro modo; além
disso, deverão ser tomados em conta os novos métodos de manutenção e as suas
repercussões sobre as diversas tarefas dos trabalhadores portuários.
Vc disse no começo da matéria:Espera-se que o mesmo passe a ocorrer no Brasil!!Então companheiro vou te falar uma coisa vamos esperar por muito tempo!!O Ano que vem quem é de 91 vai completar 25 anos de Estiva e até hoje não recebemos nem Adicional de Risco e tão quanto Adicional sobre Atividade Penosa,e outra a Dilma vai cortar Ministérios e está querendo acabar com a Secretaria Especial dos Portos!!De boa !!Para acabar de ferrar os Trabalhadores Portuários eles votaram a Terceirização.Já estávamos com uma enorme defasagem,por eles nos pagarem muito mal,agora eles vão querer colocar gente de fora do sistema.Eles não respeitam as Normas e Convenções da O.I.T
ResponderExcluirEles ao invés de Ratificar a Nova Convenção Marítima Internacional,deixaram-na de lado e votaram a MP595 tirando todos os direitos dos Trabalhadores!!A 12.815 nada mais é que a terceirização no setor portuário!!A maioria dos países aceitaram a Nova Convenção que entrou em vigor em agosto de 2013,menos o Brasil!!Foi o maior golpe em cima dos Direitos dos Trabalhadores Portuários do Pais todo!!Enquanto não houver uma mudança drástica no Governo estamos arruinados!!A verdade é essa!!!
ResponderExcluirVou mais longe ainda!!A MP595 antes de ser votada,a mesma já estava editada na Nova C.L.T.,como 12.815!!!Isso é um absurdo,uma falta de respeito para com o trabalhador e seus familiares!!Ninguém se manifestou.Nem as bases e nem a Federação!!!As bases e seus advogados teriam que no mínimo impetrar uma ADIN!!Isso é uma vergonha!!!Chega dá nojo!!Vou mais adiante,onde já se viu o pessoal de RTG ganhar mais do que um Estivador,sendo que somos linha de produção dentro de qualquer terminal.O R.T.G. é um maquinário de retaguarda.Quem começa e termina as operações é o Estivador.Operário totalmente qualificado!!Nós estamos sendo motivo de gozação!!!Misericórdia!!
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