2 de dez. de 2013

As incertezas da MPT e os Estivadores Gauchos




Estivadores que terão registros cancelados buscam apoio do Legislativo


Na tarde de ontem, em torno de 30 dos 102 Estivadores que deverão ter 
seus registros cancelados foram à Câmara Municipal.
Foram solicitar apoio aos vereadores para tentar reverter a situação em que se encontram.
 Recentemente, a Justiça do Trabalho homologou dois acordos firmados entre 
o Ministério Público do Trabalho MPT e o Ogmo/RG, totalizando o valor de R$ 16.531.634,20. 
E os 102 estivadores, 
cujo cadastro foi concedido em processo seletivo declarado nulo pela Justiça,
 terão seus registros cancelados em até 150 dias.

Os acordos decorrem de duas ações civis públicas ACPs

 ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho MPT e
 foram firmados pelo diretor executivo do Ogmo/RG, André Luiz Ruffier Ortigara, 
com ciência dos presidentes dos Sindicatos dos Operadores Portuários 
do Rio Grande do Sul Sindop/RS, Mário Roberto Rodrigues Lopes,
 e dos Terminais Marítimos de Granéis Sólidos e Líquidos em Geral e de Contêineres 
no Porto do Rio Grande Sintermar/RG, Paulo Telesca Bertinetti.
 O Legislativo Municipal ontem suspendeu a sessão por 15 minutos para ouvir os trabalhadores.
 O estivador Edinelle Gauté rio Tavares fez o pedido de apoio, 
explicando que há 10 anos o Porto do Rio Grande estava precisando de novos TPAs. 
Em função disso, segundo ele, foi feito o processo seletivo dentro do sindicato.

Tavares disse que os participantes do processo seletivo tiveram aulas 

para se prepararem e depois da seleção, receberam as credenciais de estivadores.
 Mas um ano depois souberam que o processo seletivo estava anulado.
 "Há dez anos estamos lutando para reverter isso. 
O MPT veio a Rio Grande fazer acordo com o Ogmo e com um operador portuário
 e nunca se reuniu com os estivadores. 
 Não sabemos o que fazer. 
Queremos uma ajuda da Câmara", ressaltou,
 acrescentando que o sindicato está precisando de mais gente.

Após a explanação dos estivadores, 

a vereadora Luciane Compiani  disse ter feito contato com o MPT em Pelotas 
pedindo que seja marcada uma audiência com o procurador do Trabalho 
Alexandre Marin Ragagnin para uma comissão de vereadores e estivadores,
 visando a tratar do assunto.
 E foi decidido que será aguardada a marcação desta audiência.

Acordos

Pelo 1º acordo, homologado pela 3ª Vara do Trabalho do Rio Grande,

 o Ogmo realizará e concluirá no prazo de 120 dias contados a partir 
da homologação em 8 de novembro seleção pública de TPAs para preenchimento 
das vagas necessárias para recompor o quadro funcional.
 No prazo de 90 dias, contados da conclusão e homologação do processo seletivo,
 o Ogmo cancelará definitivamente o cadastro/registro dos 102 TPAs da atividade de estiva
 que tiveram seu ingresso no cadastro considerado ilegal por decisão judicial,
 bem como os retirará da escala de trabalho.

O Ogmo criará um Centro de Treinamento para os Trabalhadores Portuários, com estrutura e equipamentos adequados para viabilizar o treinamento,

 a capacitação e o aperfeiçoamento funcional dos referidos trabalhadores, 
 comprometendo-se a adquirir para tanto computadores, veículos, máquinas, simuladores etc, 
com a obrigação de mantê-lo em plenas condições de funcionamento 
pelo período mínimo de 20 anos. 
O Centro deverá realizar anualmente, a partir de 2014,
 a qualificação profissional e/ou reciclagem de, no mínimo,
 300 trabalhadores portuários avulsos ou vinculados, preferencialmente dos avulsos,
 mediante certificação do aproveitamento.

Pelo acordo, o Órgão destinará, também,
 recursos financeiros ao Corpo de Bombeiros da Cidade do Rio Grande, 
direcionados para aquisição e manutenção de veículos,
 equipamentos e outros instrumentos para estruturação adequada da corporação,
 em valores anuais não inferiores a R$ 200 mil, pelo prazo de cinco anos 2014 a 2018, 
totalizando R$ 1 milhão, conforme projeto a ser apresentado oportunamente pela corporação.

Ainda como medida compensatória pelo descumprimento da decisão,

 o Ogmo destinará R$ 5 milhões, ao longo de 10 anos, 
ao Complexo de Museus da Fundação Universidade de Rio Grande Furg,
 para aplicação vinculada no desenvolvimento de projetos sociais 
no Centro de Convívio dos Meninos do Mar CCMar, 
em benefício de adolescentes em situação de vulnerabilidade social e
 melhoria das condições de trabalho na atividade pesqueira, 
com ênfase na escola de construção de embarcações.

Já no segundo acordo firmado, homologado pela 1ª Vara do Trabalho do Rio Grande,
 o Ogmo pagará R$ 2,4 milhões, que serão convertidos em medidas compensatórias.
 O valor foi acordado como forma de transação das multas incidentes 
pelo descumprimento de obrigações determinadas na decisão judicial
 transitada em julgado em ACP movida pelo MPT. 
Até R$ 1 milhão serão implementados na realização de estudo ergonômico
 para a análise das condições de trabalho, bem como monitoramento dos agravos na saúde dos trabalhadores portuários avulsos que desempenham suas funções
 no Porto Organizado do Rio Grande,
 promovido prioritariamente pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo 
de Medicina e Segurança do Trabalho Fundacentro.

Conforme o acordo celebrado,
 o Ogmo reverterá R$ 500 mil em ações de conscientização em saúde e segurança do trabalho aos trabalhadores portuários avulsos que desempenham suas atividades laborais
 no Porto Organizado do Rio Grande. 
Também investirá R$ 750 mil para aquisição de equipamentos de alta tecnologia, 
visando proteção respiratória, 
provimento de ar e comunicação, 
 que permitam monitoramento eletrônico e contínuo em operações especiais 
de busca e salvamentos pelo Corpo de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul,
 para a utilização em Rio Grande.
 Por fim, investirá R$ 150 mil em campanhas publicitárias destinadas a esclarecer à população sobre aplicação das leis trabalhistas. Todas as ações serão realizadas no prazo máximo de cinco anos.

ENTENDA O CASO

No ano de 2002, 
o MPT ajuizou ACP contra o Ogmo/RG e sindicatos dos trabalhadores portuários,
 visando a implementar a escalação rodiziária dos trabalhadores portuários avulsos pelo Ogmo,
 a observância de intervalo mínimo de onze horas consecutivas entre duas jornadas de trabalho,
 bem como para que os sindicatos abstivessem-se de realizar a escalação dos trabalhadores portuários. Julgados procedentes os pedidos formulados,
 houve a incidência de multa pelo descumprimento das obrigações 
no período compreendido entre 2004 e 2006.

Após receber denúncia encaminhada pelo Ministério do Trabalho e Emprego MTE acerca das irregularidades no processo seletivo para a inscrição de trabalhadores portuários avulsos da Estiva no cadastro do Ogmo/RG, no ano de 2003 o MPT propôs outra ACP, 
visando a nulidade da Resolução n.º 001/03 do Conselho de Supervisão do Ogmo e
 de todo o processo seletivo em decorrência dela realizado.
 Julgados procedentes os pedidos formulados,
 na sentença foi declarada a nulidade da Resolução,
 bem como determinado que o Ogmo sustasse a realização do curso de qualificação profissional e se abstivesse de conceder inscrição no cadastro de estiva com base em tal seleção.

Transitada em julgado a decisão em 22 de setembro de 2004,
 foi determinada a exclusão dos 104 trabalhadores portuários avulsos
 inscritos após a aprovação no processo seletivo declarado nulo.
 Dois trabalhadores morreram desde então.
 Iniciada a execução da sentença,
 o Ogmo, 
o Sindicato dos Estivadores e os trabalhadores portuários
 interpuseram diversos recursos e incidentes processuais visando 
a impedir a exclusão determinada,
 sendo que todos foram rejeitados pela Justiça do Trabalho.
Fonte : Jornal Agora (Carmem Ziebelli)


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