24 de nov. de 2011

Conferente em Itajai

Porto de Itajaí: feridas abertas de uma greve
Portogente acompanhou a greve dos conferentes do Porto de Itajaí, dando voz aos “personagens” da história
A jornalista Vera Gasparetto conversou com o presidente do sindicato, Laerte Mirando Filho, no dia do retorno ao trabalho. Ele avaliou que a categoria cedeu às condições impostas pela empresa porque chegou numa situação limite. "Cedemos para Itajaí não ter mais prejuízos e serem os trabalhadores considerados os culpados".
Destacamos sua declaração de que não existe Justiça para fazer uma multinacional cumprir as leis do Brasil. "Mais uma vez a patronal ditou as regras, descumprindo a lei e utilizando de toda a força do estado para fazer os trabalhadores cederem". Mas acrescentamos: e não existiu durante todo o movimento a Secretaria de Portos (SEP), que calada estava e muda ficou.
O Sindicato dos Conferentes informa que vai manter os processos judiciais para buscar o cumprimento no contrato de arrendamento que não é cobrado. "A Autoridade Portuária [que, neste caso, é municipalizada] se omitiu na mediação desse impasse e de ajudar os trabalhadores".
Miranda considera que a greve não teve um fim, mas uma pausa.


"Vamos mover ações de danos morais sofridos pelos trabalhadores".
Em assembleia geral da categoria no último dia 19, os conferentes de Itajaí decidiram voltar ao trabalho. Os trabalhadores aceitaram a proposta da APM Terminals de descontar 30% dos seus rendimentos para, em troca, a empresa não contratar com vínculo por um período de dois anos. Nesse período serão debatidas as regras para esse tipo de contratação.
A economia de Itajaí voltará a ganhar movimento. Dois navios estão com a atracação prevista hoje no porto da cidade, após o anúncio do fim da greve dos conferentes de carga e descarga, que durou 23 dias e trouxe prejuízo estimado de R$ 23 milhões para a cadeia portuária. No sábado, durante assembleia, os trabalhadores e a APM Terminals, arrendatária do Porto de Itajaí, entraram em acordo. Às 14h, o término da greve foi oficialmente divulgado.


Durante o fim de semana não houve escalas no município.– A partir das 7h desta segunda-feira, todos os 54 conferentes retornarão ao trabalho – garante o presidente do Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga do Porto de Itajaí, Laerte Miranda Filho.Segundo Miranda Filho, os trabalhadores aceitaram a redução de 30% dos salários, mas exigiram o vínculo empregatício com a APM Terminals para todos os conferentes. A contratação da classe pela empresa será negociada pelos próximos dois anos. Para que isso aconteça, os 19 conferentes já vinculados ao terminal serão demitidos.


Em nota oficial, a APM Terminals disse que não limitará esforços para retomar plenamente as atividades e reconstruir o conceito de excelência na prestação de serviços.Com o fim da greve, a Superintendência do Porto de Itajaí informou que investirá na recuperação de seus clientes, que cogitaram a possibilidade de transferir escalas e serviços para outros portos catarinenses. Durante as três semanas varios navios deixaram de atracar e foram desviados para outros terminais próximos, como Navegantes, São Francisco do Sul, Itapoá e Paranaguá.


O Porto de Itajaí sempre esteve presente na busca do entendimento. A greve é uma situação que não é boa para nenhuma das partes. Vamos continuar intervindo para que outras paralisações não ocorram e afetem a economia local como um todo – finaliza o diretor de Integração do Porto de Itajaí, Saul Airoso da Silva.


ENTENDA O CASO


Os 54 conferentes de carga e descarga do Porto de Itajaí decidiram paralisar as atividades dia 28 de outubro. Entre outros benefícios, a classe reivindicava reajuste salarial e vínculo empregatício com a APM Terminals.


A contratação dos trabalhadores, até então, era feita através do OGMO; Durante a greve, os trabalhadores chegaram a fazer protestos em frente ao Porto de Itajaí, com carros de som e um caixão que sinalizava a morte da classe. Várias tentativas de negociações foram feitas no período, inclusive com a presença do desembargador Garibaldo Tadeu Pereira Ferreira, do 12º Tribunal Regional do Trabalho TRT; 40 navios deixaram de atracar no Porto .


Mas de fato o maior prejuízo foi para os trabalhadores portuários avulsos.
“Em Itajaí, os companheiros cobraram da empresa portuária o respeito ao trabalho avulso, porque junto com a proposta de contratação com vínculo vinha a exclusão das requisições da atividade avulsa via Ogmo, prejudicando totalmente os trabalhadores”. Fonte: Jornal de Santa Catarina e Portogente

Nenhum comentário:

Postar um comentário