6 de jan. de 2012

O doce do Porto







Em 1834 exportava-se no Porto de Santos mais açúcar do que café. Assim, antes de se notabilizar como ‘porto do café’, foi o do açúcar. Talvez, seja essa carga histórica que permite ainda o uso da mão-de-obra portuária como há 100 anos. Mesmo com novas tecnologias e até depois da lei 8630 (Lei dos Portos) é comum ver no cais santista estivadores e trabalhadores portuários de capatazia carregando ou descarregando sacas de açúcar.
Segundo alguns estivadores esse cenário tende a sumir com o tempo e o processo de extinção teve o pontapé inicial através da promulgação da lei 8630, de 25 de fevereiro de 1993.


A partir da Lei dos Portos, empresas privadas passaram a gerenciar as operações portuárias e também a mão-de-obra. Hoje, são elas que controlam a rotina diária tanto dos trabalhadores avulsos, que atuam a bordo dos navios, como dos trabalhadores de capatazia, que atuam no cais, em pátios ou em armazéns de retaguarda.
Muitas coisas mudaram, entre elas, o tempo de permanência das embarcações.


Antes os navios passavam mais tempo atracados, situação hoje cada vez mais rara.


Em condições normais, um navio atraca e zarpa no mesmo dia. Já os navios de açúcar, em que o trabalho é mais braçal do que mecânico, são exceção à regra e, dependendo das condições climáticas, podem ficar dias atracados.


Mas isso também já está se tornando fato pouco visto na área portuária.
Mas há coisas que permanecem, entre um saco de açúcar e outro despejado no porão, torna-se natural um estivador trabalhar só de roupa íntima.


O calor no porão e roupa de baixo sempre fizeram parte do cenário, aliás esse é um hábito cada vez mais disseminado.
Em parte do cais, o cheiro do açúcar impregna o ambiente.


Nos armazéns, à espera do transporte a granel, forma-se um belo cenário de enormes e aromáticas dunas do produto. Há quem não resista à paisagem e leve à boca um punhado. "Comer não faz mal, mas pode dar dor de barriga. É doce, mas têm calcário e gesso nesse açúcar", explica um funcionário da companhia que controla um dos terminais açucareiros.
Outra coisa do passado entre a elite da estiva é a carteira preta de associado do Sindicato dos Estivadores de Santos. Com ela, era possível selecionar os melhores trabalhos na estiva, aqueles que pagam mais ou exigem menos da saúde do portuário, deixando a pior parte para os ‘bagrinhos’, que não possuíam a carteira.
Segundo um estivador que não quis se identificar, ”até hoje, tem gente que não pega trabalho no açúcar. Acham desgastante, além de pagar pouco.
Modernização e Investimentos
Em 2004, o Brasil exportou 15,76 milhões de tons, das quais 9 milhões saíram pelo Porto de Santos, incluindo açúcar ensacado e a granel.


O produto vem de usinas no interior de São Paulo e tem como destino Rússia, Argélia e Nigéria, entre outros países. O transporte de 99% dessa carga é feito em caminhões, com capacidade de até 26 toneladas, devido à privatização da malha ferroviária. A tecnologia dos veículos é de primeira linha, mas, dependendo da região, a utilização de vagões ferroviários pode diminuir o frete.


No embarque convencional exige 2 guincheiros ,2 portolos,8 trabalhadores e 1 mestre a bordo em terra 1 feitor , 3 conferentes e 8 trabalhadores de capatazia já no ship loaders são 2 operadores,6 trabalhadores e 1 mestre.


O embarque é feito através do sistema de esteiras, com dois ship loaders posicionados no cais, que levam o açúcar até os porões dos navios. As esteiras correm sobre roletes, transportando o açúcar do armazém para o cais, onde se localizam os ship loaders. No meio desse trajeto, há balanças de fluxo, que medem a quantidade de açúcar carregado para atender às exigências de estabilidade do navio e ao plano de carga.
Quase tudo é mecanizado. O contato com os produtos são o mínimo possível. Sendo assim, é possível ver na maioria dos terminais açucareiros grandes esteiras, onde são colocadas as sacas, de 50 kg, que são embarcadas ou desembarcadas também através do controle feito por joystick (mecanismo de controle de jogos de vídeo-game), que e operado por estivadores estivados também por estivadores.
No novo panorama, o número de navios não diminuiu, pelo contrário, a procura por navios para atender às exportações brasileiras de açúcar está cada vez mais acirrada. Desde 2004, as usinas do Centro-Sul do país começaram a elevar o fluxo de escoamento durante a entressafra (entre os meses de janeiro a abril), e, com a ofensiva, o movimento no Atlântico para o transporte de produtos agrícolas já está a pleno vapor, inclusive com reflexos nos fretes marítimos.
Em um levantamento da agência marítima Williams Serviços Marítimos Ltda. mostra que a demanda por navios para embarques de açúcar no porto de Santos cresceu 67,5% entre janeiro e fevereiro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros dois meses de 2005, segundo a Williams, foram 67 navios, contra 40 em igual período de 2004.



Fonte Thaís Barbosa 11 de Abril de 2005 portogente

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