6 de jan. de 2012

Porto sofre com mão de obra

Santos sofre com falta de mão de obra qualificada
Para diminuir o fosso entre demanda e oferta, os terminais passaram a investir não só na formação dos profissionais de que necessitam, mas também em mão de obra excedente.

Assim, formam contingente para abastecer um mercado hoje restrito - e, de quebra, diminuir o assédio do vizinho. A Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra) está finalizando uma pesquisa salarial do mercado. O objetivo é saber quanto cada empresa está pagando pelo profissional. "Não adianta ficar leiloando o funcionário.

Quem perde é o porto, é a carga", afirma o secretário-executivo Matheus Miller.Neste ano, os terminais de contêineres estão pelo menos duplicando os investimentos em programas de formação. O Tecondi está ampliando em 270% o aporte, ritmo que será mantido em 2012, afirma o diretor comercial Luiz Araújo. Para ele, o trabalhador não busca só o melhor salário. Ter perspectivas dentro da companhia pesa na decisão do funcionário.Hoje, 86% dos cargos de direção no Tecondi são ocupados por profissionais que vieram da base. "Isso gera um valor agregado inestimável para a empresa", diz Araújo.
A escassez em Santos é mais nítida no setor de contêineres, nicho com alto nível de automação e cuja movimentação cresce a dois dígitos sobre uma base já muito alta. Soma-se a isso a entrada em operação de duas novas empresas até 2013, criando 2,7 mil empregos diretos.

"Antigamente a gente disputava mercado e capital. Hoje disputamos mercado, capital e arduamente mão de obra", afirma o presidente da Santos Brasil, Antônio Carlos Sepúlveda.
O Tecon Santos - terminal da Santos Brasil ampliou os treinamentos internos e o aporte em capacitação nas cinco empresas que compõem o grupo.Em 2010, investiu R$ 1,3 milhão e realizou 82 mil horas de treinamento.Neste ano, até o mês de julho os investimentos em pessoal chegaram a R$ 2,3 milhões, aumento de 77%, e foram ministradas 51% horas a mais do que no ano passado todo. Entre as ações realizadas estão: programas de idiomas, desenvolvimento de lideranças, capacitação operacional e treinamentos legais.Foram promovidos 376 funcionários em todo o grupo, aumento de 44% sobre o mesmo intervalo de 2010. No Tecon Santos, 275 pessoas ascenderam, alta de 195,6%.
O grupo Libra está duplicando o volume de investimentos previsto para treinamento em 2012. Hoje a companhia ministra cursos de operadores de máquina, motoristas e técnico de manutenção de equipamentos. Em 2012, terá início um treinamento de formação de profissionais na área de planejamento.Mas a capacitação não anda sozinha. "Nos estruturamos muito mais fortemente do ponto de vista de remuneração, cuidando para oferecer um salário competitivo. Entramos com PPR (programa de participação nos resultados) e, no caso dos gerentes, também com remuneração variável", afirma a diretora de RH e sustentabilidade, Claudia Falcão.
As ações incluem ainda mudanças no clima organizacional. A meta é fazer com que trabalhar na Libra seja uma "escolha preferencial", diz.O pacote tem atraído gente de fora. Recentemente um candidato uruguaio teve o melhor desempenho na seleção para uma vaga de nível gerencial. Claudia ressalta não achar que se trate de uma tendência de importação de mão de obra. "Especificamente no nosso caso, foi uma questão pontual."Mas para o diretor de novos negócios da Strong Educacional Esags (instituição conveniada da FGV), Fábio Ribeiro, o caminho já está aberto. "Muitos profissionais estrangeiros que trabalham em portos de outros países vêm atuar no Brasil para complementar esse quadro".
A Esags, por exemplo, receberá 25 executivos angolanos das áreas de portos, comércio exterior e petróleo para fazer um curso de complementação em pós-graduação em Santos.
Será a primeira de cinco turmas que devem vir ao Brasil ao longo dos próximos cinco anos.
É gente com potencial para disputar vagas com brasileiros, principalmente devido à proximidade cultural (mesmo idioma).
Para Ribeiro, existe contingente de mão de obra local, mas faltam talentos.

"Hoje, cerca de 4 mil pessoas se formam por ano nas universidades da região em cursos superiores de porto, logística, comércio exterior e petróleo. Mas muitos jovens saem da graduação e não tomam a devida atenção da qualidade que o mercado está exigindo", diz.
A Abtra está desenvolvendo um trabalho junto à comunidade acadêmica da região para afinar a grade curricular das faculdades às necessidades do mercado. "As pessoas hoje no mercado são treinadas pelas empresas", adverte Matheus Miller. Uma das saídas, cita, seria direcionar o trabalho de conclusão de curso. "O setor precisa de soluções e estudos". A iniciativa envolverá a criação de uma espécie de selo de qualidade Abtra.

Por Valor Econômico - SP - Fernanda Pires

Setor investe em treinamento e redução de benefícios sabe por que um salário para a mesma função e maior na capital de um estado do que numa cidade menor mesmo que essa capital não possua um porto , coisas de laurinha.

O retrato atual da mão de obra portuária no maior porto do Brasil.
O trabalhador que possui qualificação, línguas e 3 grau e não e oriundo de categorias avulsas tem chances reais de adentrar aos terminais e crescer .Administradores,advogados,contadores , economistas e engenheiros com pos ou MBA em gestão portuária são os preferidos.
Lógico que para os empresários o porto vive um apagão de mão de obra qualificada.

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