22 de mar. de 2012

Requião combate a privatização dos Portos

Requião combate a privatização dos portos do Pais

A privatização só é interessante para grupo econômico, e não é interessante a indicação política, afirma o senador Roberto Requião , que vai para essa e para outras lutas, revigorado, depois de ter comandado o boicote contra a recondução de Bernardo Figueiredo.

Os portos, que são a porta de entrada e de saída do País, têm que ser públicos, afirma o explosivo senador Roberto Requião, em entrevista exclusiva ao DCI, ao detalhar uma de suas novas bandeiras de luta – o combate ao projeto de privatização dos portos, apresentado pela senadora Kátia Abreu PSD, que é presidente da CNA. Os portos podem ser operados privativamente num determinado momento, mas, se não funcionar, você tira o operador.

Por que você vai alienar o patrimônio público?, questiona, disparando contra a autora da proposta. Ela quer privatizar para favorecer o Eike Batista, porque ela tem um porto, mas, não pode operar, porque ele não tem carga. Requião vai para essa e para outras lutas, revigorado, depois de ter comandado o movimento contra a recondução de Bernardo Figueiredo para o cargo de diretor-geral da ANTT.

Isso abriu crise na base aliada e rendeu a substituição dos líderes no Senado e na Câmara Romero Jucá PMDB por Eduardo Braga PMDB e Cândido Vaccarezza PT por Arlindo Chinaglia PT. Entre as novas frentes de Requião, ele defende projetos para exportação e importação de pneus e a regulamentação do direito de resposta, além de ser um feroz crítico da política econômica do governo Dilma Rousseff, apesar de elogiar a redução dos juros.


O Senado acordou, afirmou, recusando a ideia de que a indicação de Figueiredo foi rejeitada por insatisfação da base aliada. A seguir, os principais trechos da entrevista.

DCI –A rejeição da recondução de Bernardo Figueiredo foi uma demonstração de insatisfação da base aliada com o governo?

Roberto Requião – Não se pode imaginar que isso seja uma revolta contra a presidente Dilma, pois não é. O governo da presidente tem de ser elogiado sempre que acertar e quase sempre acerta, por exemplo, com a redução da taxa Selic para 9,75%. Uma atitude corajosa, talvez um pouco tardia, mas corajosa. O Senado acordou e corrigiu um erro e se fisiologia houve foi a de quem votou em manter o candidato inadequado, inapropriado, indesejado no comando da ANTT. A fisiologia foi a passividade diante de todas as informações. E, para mim, em determinados momentos, atitudes de senadores me levaram à perplexidade, pois foram contraditórias às condutas das suas vidas, com a posição correta e moralizante que tem tomado ao longo de suas histórias de exercício político. E, de um momento para o outro, estavam aí, fisiológica e partidariamente, obedecendo a comando partidário sem raciocinar e tomar conhecimento das informações levadas a plenário pelo Tribunal de Contas da União e pelos documentos que eu aportei aos gabinetes de cada um.

O senhor Bernardo Figueiredo, como assessor da Rede Ferroviária Federal formatou a privatização. Depois, ele passou para o lado privado. E na hora da privatização ele assinou como representante da Interférrea, uma empresa privada da qual era presidente. A Interférrea se transformou na ALL, que hoje tem 40% da rede brasileira. No setor privado, ele fundou e foi presidente da associação nacional dos empresários de ferrovias privatizadas. Foi presidente do conselho de administração da ALL. Aparentemente foi ele quem modelou isso tudo, então ele volta para ANTT como diretor-geral.


ANTT não fiscaliza ninguém, por exemplo, ALL tem 40% da rede nacional de ferrovias funcionando, porque eles já desativaram dois terços da rede brasileira depois da privatização e tem setecentos e dois fiscais, se não me engano, ele destacou quatro para fiscalizar a ALL, e proibiu esses quatro de multarem, não deu nem bloco de multas para eles, ele está admitindo que se capitalize investimentos em manutenção da rede, de pequenos consertos como investimentos na inovação, isso significa que a União fica devendo para a ALL e para o sistema, com investimentos no fim da concessão ou considerar isso para renovar a concessão.

Isso é absolutamente irregular, são 24 milhões e meio já, 25 milhões e meio, e o Tribunal de Contas da União, mostrou que não há fiscalização, até hoje não fez a licitação do sistema rodoviário intermunicipal do Brasil, e ele não é nada mais nada menos do que um agente do setor privado no sistema, trabalhando para o setor privado.

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