Requião combate a privatização dos portos do Pais
DCI – E quem é o padrinho político dele?
RR – Ele é indicado pelo governo. Já trabalhou com José Dirceu, na Casa Civil, já trabalhou com a Dilma, mas isso não quer dizer nada, nem o fato dele ter sido empresário quer dizer alguma coisa, mas você associando este fato de ser o modelador e estar do outro lado como operador e diretor e presidente de empresas, e seu empenho na ANTT, não fiscalizando ninguém, dá para se tirar uma conclusão, ou seja, para mim, tem caroço nesse angu.
DCI – O Tribunal pede providências?
RR – O Tribunal mostra que não existe ANTT, e que estão contabilizando, deixando contabilizar custeio como investimento , criando um passivo brutal para a União, que não existe fiscalização. O Bernardo Figueiredo, no dia seguinte que assumiu, da outra vez, ele oficializou duas compras da ALL, com duas ferrovias de São Paulo. O tráfego terrestre gasta com 40% da renda nacional. Agora vejamos: dois terços da rede ferroviária brasileira foram desativados ou sucateados.
DCI – O senhor também fez um pronunciamento a respeito daquele projeto que privatiza os portos, combatendo a ideia.
RR – Nós temos concessão, temos permissão, temos autorização e nós temos a possibilidade de portos privados no Brasil, temos dois, já temos o da Vale e o da Petrobras, mas, para os seus próprios produtos. O que ela propôs [senadora Kátia Abreu], é que os portos fossem privatizados para servirem a terceiros, concorrendo com portos públicos e dominando a porta de entrada e de saída do País, ou seja, ela está alienando o patrimônio público, e só pode haver porto privado para transportar as próprias cargas, majoritárias e um pouco às vezes de carga bruta autorizada.
Ela quer privatizar para favorecer o Eike Batista, porque ele tem um porto, mas, não pode operar, porque ele não tem carga.
DCI – Ela defendeu muito porque seriam investimentos novos.
RR – Investimentos novos com o dinheiro do BNDES; ela [Kátia] mesmo disse que só tem capacidade financeira para montar um porto no Brasil a Vale e a Petrobras, então investimentos novos com o dinheiro do BNDS, subsidiado e pago pelo porto funcionando.
DCI – Não são para novos portos?
RR – São para vender, comprar, mas, novos portos com dinheiro público, ninguém tem dinheiro para fazer um novo porto no Brasil. Os Estados Unidos não têm nenhum porto privado, são autoridades portuárias, município, União e estados, o porto é a porta de entrada e de saída.
Fui para o Paraná, assumi o governo; os grandes graneleiros estavam dominando o porto de Paranaguá. Qual a conclusão? A economia do estado não respirava mais, ela não tinha como importar, nem exportar, porque o porto só se dedicava a exportar grãos do interesse das grandes empresas. Mesmo os pequenos produtores tinham que vender para as grandes porque não tinha lugar no porto para exportar, tive que estabelecer cotas, criei e recriei, a exportação das multicargas, porque a economia precisa respirar e tem setores da economia, que começam a crescer, e não têm um volume brutal para um porto, mas, eles precisam exportar para crescer, se o porto fecha, estrangula a economia.
A porta de entrada e de saída do País tem que ser pública, ela pode ser operada privativamente num determinado momento, mas se não funcionar, você tira o operador, porque que você vai alienar o patrimônio.
DCI – Foi falado muito que o porto de Paranaguá estava um pouco estrangulado.
RR – O porto de Paranaguá é o melhor porto do Brasil, não tem fila, a fila do Paranaguá, é uma fila do Governo. Há dez anos, quando usavam o porto como mercado, o pessoal fazia a safra, mandava o caminhão para a estrada e ficava esperando vender a soja e usava a estrada como silo, esperando um negócio e o caminhoneiro feito bobo, sem privada, sem comida, sem nada.
Eu acabei com isso, exigi um agendamento, só podia passar na estrada o cara que tivesse vendido a carga, então estava o navio agendado, o navio ia chegar dia tal, acabou a fila.
A Globo colocou a Miriam Leitão no ar dizendo que as nossas medidas tinham dado prejuízo a 264 milhões de tons ao porto de Paranaguá.
O mundo não produz 264 milhões de tons de soja, o Brasil inteiro produz 54 milhões de tons e o Paraná produzia 10 milhões de tons, está produzindo 12 milhões de tons hoje, daí o Bial vai e mostra uma fila de quarenta quilômetros, dez anos atrás, é a pressão da privatização.
O que eu fiz, eu botei no ar, na televisão do estado, uma explicação corrigindo a Miriam e o Bial. Sabe o que aconteceu?
A Justiça disse que isso era promoção pessoal, propagando contra a Globo e me condenou a pagar o custo da transmissão.
O jogo é muito duro.
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