20 de out. de 2012

O Estivador em 2009

O estivador de hoje em dia


Sou estivador há mais de 40 anos nesta maravilhosa cidade chamada Santos.
Morei aqui toda minha vida e comecei como estivador com apenas 15 anos, apenas ajudando com as mercadorias mais leves, sem carregar muito peso, e com o tempo minhas mercadorias foram crescendo cada vez mais.

Muitas pessoas olham meu trabalho como se ele fosse muito fácil a ser feito, elas dizem: ‘
ah! É só carregar sacos para cima e para baixo’.
Tá, não posso negar, é apenas carregar sacos para cima e para baixo, mas para isso exige conhecimento da maquinaria de carga, de mecânica física, e domínio das técnicas apropriadas para o transporte e acomodação de cargas, além de conhecimentos sobre transporte, seguro de matérias perigosas e esforço, e se não fosse por nós, estivadores, a mercadoria não chegaria até os navios, então não é apenas carregar caixas para cima e para baixo, você não acha?

Mesmo hoje em dia tendo mais maquinas para nos ajudar, nosso trabalho é considerado perigoso, insalubre e estressante. E por haver mais máquinas nesse meio, nosso trabalho está caindo cada vez mais, e também diminuindo o número de estivadores, ainda mais com a minha faixa etária.
Quando comecei a trabalhar no porto de santos ele era um lugar com muitos estivadores de todas as idades, e havia muitas prostitutas trabalhando no local, já hoje em dia não há muitas prostitutas, não há muitas pessoas trabalhando e a maioria dos trabalhadores vão de 18 a mais ou menos, uns 60 anos, não mais que isso.
O porto sempre foi um lugar, na minha opinião, sujo, mas com o tempo acabei me acostumando.

Foi um pouco difícil para eu mexer nas máquinas, mas como preciso do dinheiro para sustentar minha mulher e meus três filhos, consegui aprender rapidinho.
O salário pago não é dos melhores, mas da para dar uma ajudinha nas despesas da casa, e como faço isso ha muito tempo não há porque trocar de profissão.

Essa troca de trabalhadores por máquinas pode ser muito bom para que as empresas transportem suas mercadorias mais rapidamente, mas isso faz com que muitas pessoas, como eu, percam seus empregos, e no futuro pode ser que não haja mais estivadores trabalhando nos portos.
 Fonte blogados9ano.blogspot.com/2009/.../o-estivador-de-hoje-em-dia.htm

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