A relação pesquisador/pesquisado
Os limites impostos ao pesquisador, para o conhecimento do outro, estão sutilmente expressos nas manifestações abaixo. Quando questionado sobre a expectativa havida diante do surgimento de uma pesquisadora da Fundacentro no cais do Porto, um dos entrevistados revela abertamente
sua divagação:
"Será que é reporter?
Será que vai prejudicar a gente?
Será que não é mandada pelo patrão?
Pelo OGMO? A gente fica com medo.... Então digo....na continuação a gente vai ver o que que é, na continuação que ela tiver trabalhando, a gente vai ver se ela... aguentar a pressão dos oito dias,quinze!
Mas ninguém mexeu, sossegou! Agora tira de letra... "
Um outro entrevistado, logo que abordado e solicitado a dar a entrevista,me olha de alto a baixo, e pergunta:
"O que você ta fazendo aqui? Tu não tá no lugar errado, não?"
As dificuldades para se arregimentar estivadores que se sujeitassem a fazer a entrevista, mostradas através da fala seguinte, mostram com clareza como se dá a ocupação de tempo e espaço pelos estivadores e como
isto se imbrica com a relação com a pesquisadora:
"Que nem agora, eu tõ aqui, tava falando com você, não vai dar tempo de ir pra parede e você veja s6 a minha preocupação. Já é a de conseguir um trabalho, porque eu tenho as minhas filhinhas pra sustentar... então a tua cabeça fica toda desse jeito... "
Acrescente-se aos fatores já aqui levantados, o receio de abrir ao mundo externo o segredo dos estivadores, reafirmando, assim, o fechamento da categoria em tomo de sua identidade.
Os apelidos, por exemplo, são uma mostra interessante do conhecimento coletivo pertencente só a eles.
Só eles os conhecem.
Nem 'reza brava' faz este estivador me contar qual é o seu apelido no trabalho:
"(Você ainda não falou o seu apelido, hein! Você deve ter uns quinze!
NãO é possível que você não possa falar nenhum deles!)
Ah, tá gravando. Eu posso falar depois da gravação!"
Projeto de pesquisa intitulado
"Representações de trabalho:um estudo dos estivadores de Santos",
integrante do PROPOMAR -
Programa Nacional de Pesquisa sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores Portuários e Marítimos.
Projeto realizado pela Fundacentro no período de junho de 1997 a novembro de 1999
Um preço pago por possuir um cultura própria que acaba sendo combatida e de forma negativa introduzida nos estudos da area como uma deficiência deste trabalhador
Um preço pago por possuir um cultura própria que acaba sendo combatida e de forma negativa introduzida nos estudos da area como uma deficiência deste trabalhador
Acaba se repetindo com os estivadores que estudaram um pouco mais,cursando, cursos técnicos e faculdade onde ouviam e viam somente os pontos negativos e somente isso , criando uma geração de gestores e especialistas com um preconceito velado ao TPA.
O que leva ele a ficar de fora de sua própria vida , um corpo sem alma , dirigido por alguém que não consegue sair da caixa .
Procedimento Operacional Padrão (POP) é uma documentação que consiste em um passo a passo de um trabalho a ser executado. Você pode começar um absolutamente do zero, um trabalho extremamente minucioso de checklist.
O que leva ele a ficar de fora de sua própria vida , um corpo sem alma , dirigido por alguém que não consegue sair da caixa .
Procedimento Operacional Padrão (POP) é uma documentação que consiste em um passo a passo de um trabalho a ser executado. Você pode começar um absolutamente do zero, um trabalho extremamente minucioso de checklist.
Ter conhecimento prévio , estar familiarizado com a operação,rotinas , terminologia
deixando numa linguagem acessível ao seu
público. Para se ter êxito no cumprimento de padrões de controle,na
demanda da produção, sem impactos negativos no ambiente, com segurança e que possa ser utilizado como documento em treinamentos.
Então ter experiência profissional e o notório saber e
fundamental para um pop aceitável .
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