14 de dez. de 2013

Desrespeito com os Estivadores Cearense

Seminário sobre Condições de Segurança e Trabalho
O evento ocorreu no auditório do Sindicato MOVA-SE, em Fortaleza, 
onde o Diretor do MOVA-SE e Coordenador do FUTCIPP 
Hernesto Luz abriu o seminário apresentando os palestrantes e a
 ordem dos trabalhos. 
Estavam presentes SINDICAM, SINDPD, VIGILANTES, SEEACONCE, SINASCE
A Professora Dra. Regina Maciel 
do Laboratório de Estudos sobre Trabalho LET/UNIFOR,
 formado por psicólogos que atuam e estudam as relações de trabalho e financiado pela FUNCAP pelo Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde PPSUS apresentou parte de seus estudos relacionados ao trabalho portuário no Ceará.

 Esclareceu que o LET desenvolve pesquisa, conjuntamente com a UNIFESP, 
sobre trabalho portuário em Santos/SP, no Porto do Mucuripe e
 no Terminal Portuário do Pecém
Destacou a importância do OGMO existente no Porto do Mucuripe
especialmente quanto a atuação do Sr. Jucá, para acesso do grupo ao porto e aos trabalhadores, enfatizando que, em conversa com o Vice Governador, 
foi informada que todas as atividades básicas do referido porto seriam transferidas para o Pecém, ficando oMucuripe voltado apenas para a recepção de turistas em breve. 

Revelou as dificuldades de acesso ao Terminal Portuário do Pecém,
 materializadas, principalmente, pelas empresas que movimentam cargas e pela Cearáportos, 
somente melhorado após os contatos com o dirigente Hernesto Luz MOVA-SE/FUTCIPP, servidor efetivo do terminal citado.
 Esclareceu que o Terminal Portuário do Pecém é considerado um Porto Offshore,
 iniciou suas operações comerciais em novembro de 2001, 
com aproximadamente 100 trabalhadores na estivagem e desestivagem,
 duas prestadoras principais a TECER e a APM - braços de empresas transnacionais, e centenas de obreiros em outras atividades diariamente
Asseverou que um dos grandes embaraços no Pecém, além do acesso, é o não enquadramento do Terminal Portuário como Porto Organizado, em especial pelo fato dos administradores asseverarem não serem obrigados a cumprir determinadas normas de saúde e segurança do trabalho, tais como a Norma Regulamentadora nº 29 e outras.

 Assim, asseveram que, inclusive, 
no Pecém não há estivadores, apenas ‘trabalhadores’,
como alegado pelos defensores da forma de organização do
 ‘Terminal Portuário de uso Privativo’.
 Afirmativas que acarretam grandes problemas para a prevenção e fiscalização das normas de saúde e segurança dos obreiros no local
Desse modo, 
pelo enquadramento formal irregular, em decorrência da não classificação como Porto Organizado, o ‘Terminal Portuário’ do Pecém não conta com CAP Conselho de Autoridade Portuária nem com OGMO Órgão Gestor de Mão de Obra.
 Instâncias que atuam com caráter deliberativo, consultivo e normativo,
 que contam com a participação dos trabalhadores de acordo com o que determina
 a Lei nº 8.630/93 que dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados, das instalações portuárias e dá outras providências.

A Profa. Regina Maciel, destacou que, em visita ao Porto do Mucuripe,
 o LETchegou a entrar em navios, mas, repisou,
 “no Pecém o acesso é bastante dificultado”. 
Ao contatar os obreiros, percebeu que revelam satisfação com a atuação do OGMO, especialmente no tocante aos pagamentos de salários e demais direitos garantidos pela normatização de proteção ao trabalho
. No Pecém, a multiplicidade de empresas operando dificulta a aferição de dados sobre acidentes do trabalho, os quais por vezes não são comunicados devidamente. 
Tais empresas não operam apenas no Pecém e há um esforço para desqualificar o acidente de trabalho, por ocasião da comunicação CAT.
 Pior, em um dos óbitos constatados, envolvendo trabalhador terceirizado, o obreiro não se encontrava vinculado a nenhuma das prestadoras. 
Destacou um caso em que uma bobina de aço com mais de 10 toneladas ao rolar esmagou a perna do ‘portuário’, ocasião em que o obreiro foi encaminhado ao hospital e lá morreu. Contudo, a Cearáportos alegou que não foi acidente de trabalho e que o obreiro não morreu no Terminal Portuário, mas no hospital, afastando a estatística.
Regina Maciel entende que há uma tentativa de enquadramento no Modelo Taylorista de trabalho, especialmente, quanto ao controle da mão de obra, redução da remuneração, alteração nas escalas de trabalho, diminuição das equipes, substituição do trabalho vivo.

 O que deve ser combatido pelo Sindicalismo e pela sociedade em geral.
Trabalhadores no Mucuripe  destravando containers, em pilhas de mais de sete de alto sem gaiolas, guinchos ou cintos de segurança, desatendendo completamente as normas mínimas de saúde e segurança do trabalho.
 Realizadas em quaisquer horários do dia ou da noite pelos trabalhadores, manualmente, não sendo raros os casos de esmagamento do trabalhador, ante a dificuldade de visibilidade do operador do guindaste. 
O que ocorre na operação de colocação no caminhão, em que é necessário que manualmente destravem o lock do container, por vezes sem Equipamentos de Proteção Individual.
Alarmante foi o caso na movimentação de trilhos,
 quando os trabalhadores ficam em cima dos trilhos
 (média de 12 metros cada, com elevação de seis por vez) para alocar os equipamentos de suspensão, fazendo força e em grande risco,
 pois após o engate o equipamento gira os trilhos e os trabalhadores correm para se esconder dentro do navio. 

Ademais, quando do retorno do equipamento de suspensão eles manualmente puxam os trilhos entre as empilhadeiras, caminhões e trabalhadores.
No cimento, têm de fixar cabos com ganchos para que os guindastes elevem os bags. Costuma-se retirar os mais fáceis no meio do navio, ficando as os blocos das paredes com fácil risco de desabamento da carga sobre os trabalhadores que laboram manualmente.
 Em seguida, acorre-se manualmente para a arrumação nos caminhões.
Quanto à movimentação de carvão, as caçambas ficam ostensivamente passando sobre a cabeça dos trabalhadores antes do despejo. O representante do SINDIVIGILANTES/CE Luciano destacou que teve de embate junto à PRT/MPT para que durante o transporte de carvão fossem disponibilizadas máscaras para os trabalhadores.

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