Mulheres conquistam
cada vez mais espaço
no complexo portuário catarinense
Uma atividade historicamente masculina,
a operação portuária tem
demonstrado avanços no que se refere
à crescente participação de mulheres que
acompanha a modernização
do setor e novas oportunidades de desenvolvimento
profissional.
Nos terminais portuários catarinenses as mulheres exercem funções
operacionais estratégicas, entre elas o planejamento e monitoramento das
operações, controle de gates (portões), vistoria e conferência de cargas
e a
operação de equipamentos de grande, médio e pequeno portes,
atividades antes
consideradas exclusivamente masculinas.
Na APM Terminals, empresa responsável pela operação de contêineres no
Porto de Itajaí,
já são 53 mulheres em um universo de 297 colaboradores.
Entre
elas está Danai Francini Bastos, que teve diversas ofertas de emprego,
mas
optou atuar como assistente de operação.
Seu cargo, antes dominado
exclusivamente por homens no setor portuário,
requer muita responsabilidade e
atenção.
A funcionária é uma das responsáveis pela conferência de avarias e
lacres
na entrada e saída de caminhões na área primária do terminal.
Danai
chegou a atuar no setor de recursos humanos da empresa,
mas hoje nem pensa em
deixar a área operacional.
Ela conta que se identificou completamente com a nova profissão,
onde
está há cerca de três anos.
“Claro que ainda ouvi algumas brincadeirinhas
quanto minha posição profissional,
mas a sensação que carrego é de muito
respeito entre os motoristas
que chegam ao Porto de Itajaí”, diz.
Quando Danai foi atuar no gate da APM Terminals,
não havia muitas
mulheres que trabalhavam na operação.
No entanto, ela ajudou a mudar a
percepção dos motoristas
e dos próprios colegas de trabalho em relação ao
universo feminino
em um ambiente até então completamente masculino.
A avaliação entre os gestores de Danai é que ter mais mulheres no gate
trouxe maior equilíbrio ao ambiente de trabalho,
ajudando a amenizar situações
de estresse no atendimento ao motorista.
Sonho realizado em Navegantes
Na Portonave, terminal portuário de Navegantes,
segundo a
direção da empresa as mulheres estão representadas em todas as áreas, inclusive
em cargos de liderança e o impacto desta distribuição
tem sido positivo para os
resultados alcançados pelo terminal.
Atualmente o total de colaboradores é de
1.023 pessoas, sendo 189 mulheres.
Algumas delas atuam na área operacional em
funções como:
auxiliar de movimentação, controladora de carga e operadora de
equipamentos.
É o caso de Letícia Paulina Schumacher,
que sempre teve o sonho de
dirigir caminhão e depois de atuar 15 anos
no mercado de trabalho como técnica
de enfermagem ingressou no setor portuário.
“Meu irmão que já trabalhava na empresa e me falou que iria abrir
oportunidades
para as mulheres trabalharem na carreta – Terminal Tractor.
Então pensei que era a minha chance. Preparamos meu currículo
e mandamos.
Fiz as entrevistas e fui contratada, até porque eu já dirigia
caminhão”,
explica a colaboradora que no mês de julho completa cinco anos de
empresa.
Durante este período também operou empilhadeiras de contêiner cheio e
vazio ,
Reach Stacker e EV. Atualmente trabalha com o RGT – Transtêiner.
Casada e mãe de dois filhos, Letícia afirma que nunca se preocupou com a
questão
de trabalhar em um universo ainda dominado pelos homens.
“Sempre sonhei muito com isso, sempre quis.
Então quando tive a
oportunidade nem olhei para os lados,
só pensei que ia realizar meu sonho e fui
abençoada.
Alguns homens se admiram porque somos mulheres,
mães e ainda
operamos um equipamento desse tamanho”, ressalta.
O equilíbrio no ambiente de trabalho de um terminal está
associado à existência
de um sistema de gestão que preserve a segurança e a
eficiência.
“A conquista de espaço pela mulher no ambiente portuário vem se
consolidando
ao longo dos anos, relacionado também a nova configuração
das
relações de trabalho e processos produtivos na beira do cais.
O ambiente atual
permite compatibilizar o trabalho feminino,
sem discriminação ou privilégio.
Uma combinação de eficiência e beleza.
Trata-se de uma nova visão”, explica.
Presença feminina também fazem parte da Rotina do Porto de São Francisco
do Sul
O Terminal Portuário Santa Catarina, São Francisco,
conta
com 48 mulheres entre os seus 306 colaboradores diretos.
As mulheres ainda predominam em atividades administrativas, mas
algumas
trabalham na área operacional, principalmente no gate e na triagem.
Além disso, a mão de obra feminina também é utilizada no controle de
pátio,
atividade não operacional, mas que tem relação direta com o setor.
Entre as analistas responsáveis pela triagem está Mônica Silva,
ela trabalha
há 11 anos no terminal portuário.
Começou suas atividades fazendo serviços
gerais,
depois pela recepção até chegar a área operacional.
“Fui transferida para a triagem como digitadora no ano de 2007.
Era um
ambiente completamente novo, lidar com caminhoneiros,
muitos colegas homens, o
que exige uma certa postura e
imposição para que você seja tratada com
respeito.
Mas seis anos se passaram e hoje estou liderando a equipe da triagem,
em um cargo até então ocupado por homens”, conta orgulhosa.
Segundo ela,
quando começou a desenvolver o trabalho na área operacional
o fato de ser mulher gerou alguma desconfiança dos colegas de trabalho,
mas
atualmente isso já foi superado.
“Com o passar do tempo,
fui buscando sempre prestar um serviço melhor a
cada dia,
mostrando que não há nada que homens façam que nós mulheres não
façamos também,
e a desconfiança foi se dissipando e deu lugar ao respeito,
não
só comigo, mas com outras colegas de trabalho também”, finaliza Mônica.
Porto de Itapoá desenvolve programa pioneiro para inserção de mulheres
Inédito no Brasil,
a primeira edição do programa Mulheres Portuárias
foi
lançado em há cerca de dois anos e no final de 2013 foi reconhecido pela
ABRH
SC (Associação Brasileira de Recursos Humanos de Santa Catarina).
Pela iniciativa,
o Porto de Itapoá recebeu o prêmio
“Ser Humano 2013”,
entregue anualmente às
empresas que se destacam
com as melhores práticas em recursos humanos
O programa foi lançado com o intuito de inserir a mão de obra feminina
no segmento portuário, predominantemente masculino,
promovendo maior igualdade
de oportunidades por meio da qualificação profissional.
Desta forma,
a primeira edição capacitou 47 mulheres moradoras de Itapoá
e região,
que realizaram treinamentos nas áreas de documentação de gate
e operação
de equipamentos.
O projeto teve 100% de aproveitamento,
ou seja,
todas as participantes
que iniciaram os treinamentos
fizeram as aulas até a conclusão do projeto.
A
maioria já está empregada, sendo que deste total,
27 mulheres foram contratadas
pelo Porto de Itapoá
e duas por empresas instaladas na retroárea. Além disso,
os demais currículos foram encaminhados para outras empresas
que se instalaram
nas proximidades do terminal.
Mais uma edição
Na segunda edição do programa o
terminal recebeu um total de 295 inscrições,
sendo que 133 mulheres foram
pré-selecionadas na 1ª etapa e,
no final, 37 foram selecionadas para a
capacitação.
Atualmente, o terminal conta com 104 mulheres no quadro de 646
profissionais.
No entanto, com esta iniciativa,
o Porto de Itapoá tem uma meta:
atingir 20% de mulheres no quadro de colaboradores, nos próximos dois anos.
Cleide Regina Rocha está entre as mulheres que trabalham
na área
operacional do terminal portuário.
Segundo ela,
a ideia de trabalhar no setor
portuário amadureceu dentro da sua própria casa.
“Meu esposo que já trabalha na área portuária,
foi o grande incentivador
para que eu fizesse cursos voltados
para o mercado de trabalho portuário.
Além
disso,
minha família tem o maior orgulho de contar às outras pessoas
que eu
opero um cavalo mecânico hidráulico, o nosso TT”, afirma.
Segundo a gerente do Porto de
Itapoá, Glaucia Braga Mercher Coutinho,
ter mulheres atuando em um segmento
notadamente masculino,
como o portuário, é capaz de produzir diversas
transformações.
“Além de promover a sua realização profissional,
afirmar sua
independência e autoestima,
as mulheres mostram que podem participar
de forma
ativa no mercado de trabalho,
possibilitando inclusive novos arranjos
familiares
ou mesmo transformações do papel da mulher como provedora da
família”,
salienta.
Fonte:Revista Portuária 24/06/2014
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