1 de jul. de 2014

As Mulheres Portuárias Catarinenses

Mulheres conquistam cada vez mais espaço
 no complexo portuário catarinense



Uma atividade historicamente masculina, 
a operação portuária tem demonstrado avanços no que se refere 
à crescente participação de mulheres que acompanha a modernização 
do setor e novas oportunidades de desenvolvimento profissional.
Nos terminais portuários catarinenses as mulheres exercem funções 
operacionais estratégicas, entre elas o planejamento e monitoramento das operações, controle de gates (portões), vistoria e conferência de cargas 
e a operação de equipamentos de grande, médio e pequeno portes, 
atividades antes consideradas exclusivamente masculinas.

Na APM Terminals, empresa responsável pela operação de contêineres no Porto de Itajaí,
já são 53 mulheres em um universo de 297 colaboradores. 
Entre elas está Danai Francini Bastos, que teve diversas ofertas de emprego,
 mas optou atuar como assistente de operação. 
Seu cargo, antes dominado exclusivamente por homens no setor portuário, 
requer muita responsabilidade e atenção.
A funcionária é uma das responsáveis pela conferência de avarias e lacres 
na entrada e saída de caminhões na área primária do terminal. 
Danai chegou a atuar no setor de recursos humanos da empresa, 
mas hoje nem pensa em deixar a área operacional.
Ela conta que se identificou completamente com a nova profissão, 
onde está há cerca de três anos. 
“Claro que ainda ouvi algumas brincadeirinhas quanto minha posição profissional, 
mas a sensação que carrego é de muito respeito entre os motoristas
 que chegam ao Porto de Itajaí”, diz.
Quando Danai foi atuar no gate da APM Terminals,
 não havia muitas mulheres que trabalhavam na operação. 
No entanto, ela ajudou a mudar a percepção dos motoristas 
e dos próprios colegas de trabalho em relação ao universo feminino 
em um ambiente até então completamente masculino.
A avaliação entre os gestores de Danai é que ter mais mulheres no gate 
trouxe maior equilíbrio ao ambiente de trabalho,
 ajudando a amenizar situações de estresse no atendimento ao motorista.

Sonho realizado em Navegantes

Na Portonave, terminal portuário de Navegantes, 
segundo a direção da empresa as mulheres estão representadas em todas as áreas, inclusive em cargos de liderança e o impacto desta distribuição 
tem sido positivo para os resultados alcançados pelo terminal. 
Atualmente o total de colaboradores é de 1.023 pessoas, sendo 189 mulheres.
 Algumas delas atuam na área operacional em funções como: 
auxiliar de movimentação, controladora de carga e operadora de equipamentos.

É o caso de Letícia Paulina Schumacher, 
que sempre teve o sonho de dirigir caminhão e depois de atuar 15 anos 
no mercado de trabalho como técnica de enfermagem ingressou no setor portuário.
“Meu irmão que já trabalhava na empresa e me falou que iria abrir oportunidades 
para as mulheres trabalharem na carreta –  Terminal Tractor. 
Então pensei que era a minha chance. Preparamos meu currículo e mandamos. 
Fiz as entrevistas e fui contratada, até porque eu já dirigia caminhão”,
 explica a colaboradora que no mês de julho completa cinco anos de empresa.
 Durante este período também operou empilhadeiras de contêiner cheio e vazio ,
 Reach Stacker e EV. Atualmente trabalha com o RGT – Transtêiner.
Casada e mãe de dois filhos, Letícia afirma que nunca se preocupou com a questão
de trabalhar em um universo ainda dominado pelos homens.

“Sempre sonhei muito com isso, sempre quis.
 Então quando tive a oportunidade nem olhei para os lados,
 só pensei que ia realizar meu sonho e fui abençoada. 
Alguns homens se admiram porque somos mulheres, 
mães e ainda operamos um equipamento desse tamanho”, ressalta.

O equilíbrio no ambiente de trabalho de um terminal está associado à existência
 de um sistema de gestão que preserve a segurança e a eficiência.
“A conquista de espaço pela mulher no ambiente portuário vem se consolidando
 ao longo dos anos, relacionado também a nova configuração 
das relações de trabalho e processos produtivos na beira do cais. 
O ambiente atual permite compatibilizar o trabalho feminino, 
sem discriminação ou privilégio. Uma combinação de eficiência e beleza.
Trata-se de uma nova visão”, explica.

Presença feminina também fazem parte da Rotina do Porto de São Francisco do Sul

O Terminal Portuário Santa Catarina,  São Francisco, 
conta com 48 mulheres entre os seus 306 colaboradores diretos. 
As mulheres ainda predominam em atividades administrativas, mas algumas 
trabalham na área operacional, principalmente no gate e na triagem.
Além disso, a mão de obra feminina também é utilizada no controle de pátio, 
atividade não operacional, mas que tem relação direta com o setor.

Entre as analistas responsáveis pela triagem está Mônica Silva, 
ela trabalha há 11 anos no terminal portuário. 
Começou suas atividades fazendo serviços gerais, 
depois pela recepção até chegar a área operacional.
“Fui transferida para a triagem como digitadora no ano de 2007.
 Era um ambiente completamente novo, lidar com caminhoneiros,
muitos colegas homens, o que exige uma certa postura e
imposição para que você seja tratada com respeito. 
Mas seis anos se passaram e hoje estou liderando a equipe da triagem, 
em um cargo até então ocupado por homens”, conta orgulhosa.
Segundo ela,
 quando começou a desenvolver o trabalho na área operacional 
o fato de ser mulher gerou alguma desconfiança dos colegas de trabalho, 
mas atualmente isso já foi superado.
“Com o passar do tempo,
 fui buscando sempre prestar um serviço melhor a cada dia, 
mostrando que não há nada que homens façam que nós mulheres não façamos também, 
e a desconfiança foi se dissipando e deu lugar ao respeito, 
não só comigo, mas com outras colegas de trabalho também”, finaliza Mônica.

Porto de Itapoá desenvolve programa pioneiro para inserção de mulheres

Inédito no Brasil, 
a primeira edição do programa Mulheres Portuárias 
foi lançado em há cerca de dois anos e no final de 2013 foi reconhecido pela 
ABRH SC (Associação Brasileira de Recursos Humanos de Santa Catarina). 
Pela iniciativa, 
o Porto de Itapoá recebeu o prêmio 
“Ser Humano 2013”,
 entregue anualmente às empresas que se destacam 
com as melhores práticas em recursos humanos

O programa foi lançado com o intuito de inserir a mão de obra feminina 
no segmento portuário, predominantemente masculino, 
promovendo maior igualdade de oportunidades por meio da qualificação profissional.
Desta forma, 
a primeira edição capacitou 47 mulheres moradoras de Itapoá e região,
 que realizaram treinamentos nas áreas de documentação de gate 
e operação de equipamentos.
O projeto teve 100% de aproveitamento,
 ou seja, 
todas as participantes que iniciaram os treinamentos 
fizeram as aulas até a conclusão do projeto. 
A maioria já está empregada, sendo que deste total,
 27 mulheres foram contratadas pelo Porto de Itapoá 
e duas por empresas instaladas na retroárea. Além disso,
os demais currículos foram encaminhados para outras empresas 
que se instalaram nas proximidades do terminal.

Mais uma edição

Na segunda edição  do programa o terminal recebeu um total de 295 inscrições, 
sendo que 133 mulheres foram pré-selecionadas na 1ª etapa e, 
no final, 37 foram selecionadas para a capacitação.

Atualmente, o terminal conta com 104 mulheres no quadro de 646 profissionais. 
No entanto, com esta iniciativa, 
o Porto de Itapoá tem uma meta: 
atingir 20% de mulheres no quadro de colaboradores, nos próximos dois anos.
Cleide Regina Rocha está entre as mulheres que trabalham 
na área operacional do terminal portuário. 
Segundo ela, 
a ideia de trabalhar no setor portuário amadureceu dentro da sua própria casa.
“Meu esposo que já trabalha na área portuária, 
foi o grande incentivador para que eu fizesse cursos voltados 
para o mercado de trabalho portuário. 
Além disso, 
minha família tem o maior orgulho de contar às outras pessoas 
que eu opero um cavalo mecânico hidráulico, o nosso TT”, afirma.
Segundo a gerente do Porto de Itapoá, Glaucia Braga Mercher Coutinho, 
ter mulheres atuando em um segmento notadamente masculino, 
como o portuário, é capaz de produzir diversas transformações.
“Além de promover a sua realização profissional, 
afirmar sua independência e autoestima, 
as mulheres mostram que podem participar 
de forma ativa no mercado de trabalho, 
possibilitando inclusive novos arranjos familiares 
ou mesmo transformações do papel da mulher como provedora da família”, 
salienta.

Fonte:Revista Portuária 24/06/2014 

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