De maneira geral, considerou-se que o OGMO cumpre suas tarefas, porém de forma incompleta ou deficiente. A principal razão que leva a considerar o desempenho aquém do desejável é a falta de ações preventivas em relação aos problemas trabalhistas, em que os trabalhadores portuários avulsos contendem com o OGMO com muita freqüência. O não atendimento aos problemas de saúde do trabalhador, a inexistência de um programa de qualificação técnica do TPA, indispensável para o aperfeiçoamento profissional do portuário e estímulo para o trabalhador, a ineficácia na imposição da disciplina aos trabalhadores, e a comunicação deficiente com os trabalhadores são as outras dificuldades que exigem solução. Com relação aos TPA, os operadores indicam como maiores problemas, a falta de disciplina, a falta de conscientização sobre a importância das medidas de segurança do trabalho e, ainda, o desinteresse pelo aprimoramento técnico-profissional.
Como aspecto positivo, os operadores consideraram a criação do OGMO pela lei nº 8.630\93 um avanço nas relações capital-trabalho porque deu ao trabalhador a garantia de recebimento de seus direitos e maior transparência no processo de cadastramento, registro e escalação ao trabalhador. Os demais mostraram certo ceticismo quanto a reais mudanças, que já deveriam estar traduzidas na implementação das funções definidas nas leis em vigor.
O representante da ABTP considerou “que o desempenho dos OGMOs de maneira geral deixa a desejar” e apontou como uma das principais razões a falta de entendimento entre os setores laboral e empresarial, que seria consolidado nas Convenções Coletivas de Trabalho (CCT) firmadas. É importante ressaltar que a gestão da mão-de-obra do trabalho portuário avulso deve observar as normas do contrato, convenção ou acordo coletivo de trabalho, conforme observado anteriormente. A elevada faixa etária dos TPA, associado ao baixo nível escolar deste profissional também foi considerado um sério óbice ao aprendizado e absorção de novas técnicas e novas tecnologias empregadas nas operações de carga e descarga. Outro obstáculo por ele identificado foi a obrigatoriedade de se observar um intervalo de onze horas entre jornadas de trabalho e sugeriu que se fizessem estudos no sentido de propor mudanças, apresentando como argumento estar na própria Consolidação das Leis do Trabalho, a possibilidade de se acrescentar até um máximo de quatro horas extras, à jornada de trabalho de oito horas, ressalvando-se o exercício de funções específicas mais desgastantes.
Já no âmbito interno da organização, aspectos gerenciais e organizacionais são apontados como óbices para a realização das atividades e cumprimento das tarefas específicas. Não existem claras metas a atingir e, em conseqüência, metodologia para mensuração de desempenho. Todos os setores se ressentem da falta de coordenação intersetorial e desconhecem as especificidades e problemas fora de sua respectiva área de atuação. A motivação varia segundo a perspectiva de cada setor, mas a falta de um plano de cargos e salários e a necessidade de se valorizar o empregado e, de alguma forma, recompensar sua atuação, são apontados como aspectos a serem apreciados pela Gerência de mais alto nível.
A dimensão tecnológica foi mencionada pelo setor de operações que destacou a necessidade de adquirir equipamentos mais modernos para incrementar a eficiência na atividade de escalação de mão-de-obra. Houve unanimidade em apontar a cultura que caracteriza o meio portuário como altamente prejudicial à condução das diversas atividades do OGMO.
Tomando-se por base os depoimentos dos operadores portuários é possível concluir que o problema crucial que eles enfrentam é lidar efetivamente com a mão de obra avulsa.
E as causas que geram esse problema são:
• a indisciplina do TPA que se manifesta de várias formas: o não cumprimento das normas de segurança e saúde do trabalho e desinteresse pelo seu aprimoramento técnico-profissional;
• a falta de um programa de qualificação técnica que proporcione ao trabalhador as qualificações necessárias indicadas pelo operador portuário;
• a deficiência – ou inexistência - de canais de comunicação, essenciais para as ações de coordenação e disseminação de informações; Internamente, o OGMO enfrenta problemas para desenvolver quaisquer ações positivas relacionadas ao desempenho das atribuições básicas em virtude de:
• nível de motivação dos empregados do OGMO para o exercício de suas funções;
• a cultura do meio portuário, que mesmo diante de claras mudanças ambientais que exigiriam sua adaptação, essencial à continuidade de suas atividades, permanece avessa a quaisquer mudanças. Sendo a missão proposta para o OGMO:
“Suprir mão de obra disciplinada, qualificada, motivada, e na quantidade necessária à execução de operações portuárias eficientes a fim de contribuir para o aumento da competitividade do porto do Rio de Janeiro”, pode-se afirmar que o principal problema deste órgão gestor reside em fazer com que o trabalhador avulso se conscientize quanto à necessidade de adotar uma postura responsável, disciplinada, profissional e de respeito quanto às normas individuais e coletivas de trabalho e, assim, se adeqüe às necessidades de seu empregador.
Evidencia-se a necessidade de desenvolver um conjunto de ações coordenadas no sentido de alterar o comportamento do TPA que implique na posterior mudança de atitudes.
Essa mudança de atitudes poderá levar a uma modificação nos valores que permeiam o meio portuário e, subseqüentemente, na cultura do grupo formado pelos trabalhadores.
Fonte
UM ESTUDO DO EMPREGO DO MODELO DA CONGRUÊNCIA DE
NADLER-TUSHMAN NA TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL DO OGMO-RJ
LUCIANO FABRICIO RIQUET FILHO
Ótimo texto!
ResponderExcluirDenota a realidade.
Urge uma mudança nesse sistema Ogmo, para otimizar resultados.
Parabéns pelo artigo, Renato!
Silvio Menezes,
Rio Grande - RS.
Otimo texto, traduz a realidade em palavras.
ResponderExcluirParabens.
Raphael - Imbituba/SC
Nos terminais o problema todo na minha opinião são :A Subordinação,que eu acho ridículo nós sermos subordinados por pessoas que nem ogmo tem.Faça-me o favor,Eu sou Técnico e Especializado essa Subordinação tem que ser de um obreiro que nem eu.O outro problema é a faixa salarial!!!É um absurdo um operador de RTG ganhar acima do Estivador.O RTG é um equipamento que ópera na Retaguarda.Nós somos linha de produção. As operações começa e termina com o Estivador!!E para encerrar quem é de 1991 vai completar 25 anos sem o Adicional de Risco no Holerite.De boa é muito exculacho,para o trabalhador chefe de família!!!
ResponderExcluirNos terminais o problema todo na minha opinião são :A Subordinação,que eu acho ridículo nós sermos subordinados por pessoas que nem ogmo tem.Faça-me o favor,Eu sou Técnico e Especializado essa Subordinação tem que ser de um obreiro que nem eu.O outro problema é a faixa salarial!!!É um absurdo um operador de RTG ganhar acima do Estivador.O RTG é um equipamento que ópera na Retaguarda.Nós somos linha de produção. As operações começa e termina com o Estivador!!E para encerrar quem é de 1991 vai completar 25 anos sem o Adicional de Risco no Holerite.De boa é muito exculacho,para o trabalhador chefe de família!!!
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