29 de nov. de 2015

A Área portuária do Norte da Europa


Se destaca por uma alta densidade técnico-informacional e pelas interconexões de suas infraestruturas,a complementaridade das redes fluviais, auto estradas e ferrovias. Assim, de Havre à Hamburgo existem ao menos 13 portos um a cada 80 quilômetros em média  esta densidade se explica pela importância do mercado europeu, composto de mais de 400 milhões de consumidores .
Essa realidade geopolítica pode ser assim enfatizada: “sobre mais de mil km de costa, o litoral do Mar do Norte e do Canal da Mancha apresenta uma das mais formidáveis concentração de equipamentos portuários do mundo”; a Fachada Marítima Norte da Europa compreende um dos “principais lugares da mundialização”. 
“É também um espaço eminentemente concorrencial, teatro de uma rivalidade permanente entre os portos pelo controle do tráfego marítimo”  . 
A essa rivalidade comercial se superpõe conflitos na escala local onde duas lógicas territoriais se confrontam: de um lado, a lógica do desenvolvimento econômico e, do outro,  contra os projetos de expansão dos portos, devido as “consequências físicas e ambientais para as cidades e regiões próximas às áreas portuárias”.
Ao desafio do planejamento portuário, se junta o do planejamento do território da planície marítima flamenga, particular pelo fato de ser uma zona de povoamento antigo, fruto de uma luta secular para ganhar terras sobre o mar, com a necessidade, mais recente, de proteger os meios naturais litorais altamente antropizados com soluções negociadas. 
Entretanto, nessa planície ao nível do mar, observa-se que algumas medidas de alto custo e a longo prazo precisam ser tomadas para assegurar o litoral e as expansões portuárias mais recentes de Roterdã, Antuérpia, Zeebrugge e Dunkerque frente a ameaça da elevação do nível das águas no Mar do Norte.

Na atual configuração do sistema portuário, uma espécie de hierarquia se estabelece entre os portos: em primeiro lugar, existem os portos escolhidos pelos armadores, os hubs; em seguida existem os portos secundários, servidos por navios menores, que fazem a ligação entre estes portos e os portos hubs; e os portos com função industrial, que abrigam indústrias ligadas aos setores da petroquímica, siderurgia, indústria automotiva, produção de energia etc. 
Aplicando-se esta proposição, Roterdã e Antuérpia seriam os hubs na Fachada Norte, enquanto Dunkerque e um porto com função industrial.
As transformações ocorridas no sistema portuário tornaram os portos mais complexos e diversificados: porta de entrada integrada com a hinterlandia, agilidade, zonas especializadas, capacidade de recepção de contêineres  e aumento da intermodalidade. 
Para compreensão o desafio do desenvolvimento portuário.
O porto de Roterdan situado na Holanda , primeiro porto da Europa ,se estende sobre 10.500 ha  e dispõe de 85 km de cais.
Suas atividades contribuem com 7% do PIB holandês e oferece 90.000 postos de trabalho, o que representa 5,4% do emprego no país. A qualidade da intermodalidade constitui o grande diferencial; o modal rodoviário (57%), o fluvial (30%) e o setor ferroviário (13%), com um  corredor específico: a linha de Betuwe 160 km, dedicada ao transporte de mercadorias entre Roterdã e Alemanha. A intermodalidade progride com a Bélgica, Alemanha, Áustria e Suíça.
Roterdã está em concorrência com Antuérpia e com os portos alemães de Hamburgo e de Bremenhaven, muito eficiente sobre o tráfego de contêineres. A autoridade portuária responde à esse desafio equipando a área do porto, como os três parques logísticos especializados em agrupamento (Eemhaven), quimica (Botlek) e distribuição (Maasvlakte).
O porto de Dunkerque
A  metade das mercadorias que chegam na França pelo mar são desembarcadas através de portos situados em países vizinhos  .
Assim,o  porto industrial, o impacto  da desindustrialização é fortemente perceptível. A indústria portuária está sendo exposta à crise e conheceu reestruturações aceleradas nos últimos anos. A siderúrgica Usinor, criada na década de 1960, se tornou o conglomerado europeu Arcelor em 2003 e vendida ao grupo indiano Mittal em 2006, perdendo milhares de empregos. A refinaria de petróleo fechou em 2009. Somente a petroquímica continua: a Polimeri Europa fabrica polietileno e a Polychim Industrie, polipropileno. 
A usina de alumínio da Cia. Pechiney,  foi adquirida em 2003 pela canadense Alcan e foi adquirida pelo grupo Rio Tinto em 2007. Se repetindo o mesmo descaso social.
A instalações industriais implantadas no entorno da zona portuária que asseguram à terminais especializados, (minerais, petróleo, carvão etc) e a transformação dos produtos. Assim, a ocupação territorial portuária é considerável: mais de 7.000 ha, 17 km de cais, as atividades industriais oferecem ainda cerca de 15.000 empregos. O ambiente social prossegue tenso à medida que as empresas se transfere para países com maior precarização da mão de obra.
No setor metalúrgico, Vale do Rio Doce tinha uma pequena unidade industrial,  vendida a seus acionistas  japoneses.Onde é fabricado um um aço tubular preenchido com CaSi, importado do Brasil. O produto final bobinas de 2 a 4,5 toneladas.
 o governo francês, através de uma lei de fevereiro de 2008, instaurou uma reforma portuária, regime “Grandes Portos Marítimos” (GPM).  
O efeito da reforma seria de assegurar à Dunkerque papel de porto regional com linhas regulares, o único na categoria de “grande porto marítimo” do norte da França.
Dotado de duas entradas marítimas, apto à receber navios de 14,2 m de calado pelo “porto leste” - onde se localizam os terminais de mercadorias diversas , as instalações de granéis líquidos e a reparação naval - e navios de 22 m de calado pelo “porto oeste” - nesse, encontra-se o terminal de granéis oeste (minério ou carvão), o terminal de contêineres 1.200 m de cais, o terminal Ro-Ro  e a zona logística  120.000 m2 de armazéns instalados.
O “porto central” compreende o terminal de aço  bobinas, placas e chapas, os terminais de cereais com capacidade de estoque de 500.000 tons de produtos agrícolas, o terminal Arcelor Mittal com 1.600 m de cais e os terminais multigranéis , várias indústrias (Centro de Produção EDF, BASF, Ajinomoto, Arcelormittal etc) e o setor petroquímico.
Possui boas ligações rodoviárias (A25 e A16), um acesso fluvial e está conectado à rede ferroviária.
Entre os operadores portuários, as empresas belgo-flamengas, o grupo Sea Invest (Gent - Bélgica) Sea Invest France, grupo Inter Ferry Boats (IFB) Nord France Terminal contêineres ,  e à plataforma logística de Muizen (Malines-Bélgica).
Quando se contabiliza as entradas marítimas da França, Le Havre, Marselha e Antuérpia; Dunkerque não aparece entre elas. 
O Porto de Le Havre (na Normandia), primeiro porto da França com mais de 80 Mt (250 km de Paris),  agil e  rápido, seu tráfego tão importante quanto o do Aeroporto de Roissy – Charles-de-Gaulle.
 O conceito do “Porto 2000”.
Se determinadas regiões são muito dependentes de um único porto, como o oeste com Le Havre e o sul com Marselha, o norte e o leste da França estão submetidos a uma intensa concorrência interportuária (Antuérpia, Roterdã, Le Havre e Marselha no leste).

Fonte Logística e Usos do Território na Fachada Norte da França: o Porto de Dunkerque
Imagen João Renato 

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