Como o ler e
olhar, com as práticas que os cercam, são dispositivos na criação de elos do cidadão
consigo mesmo.
Consideramos também relevantes os elos que vêm sendo criados
entre comunidade, escola, cultura, instrutores,gestores ,sindicatos e famílias, em torno do
desenvolvimento do trabalhador portuário.
Qual o método de pesquisa que
consiste no acompanhamento de processos, e não na representação de objetos. O
que confere singularidade a invenção do dispositivo na busca da experimentação,
prática que cria a diferença entre sujeito e objeto. A distinção entre sujeito
e objeto existe para garantir que o saber produzido possa ser validado de modo
coletivo, na realidade o resultado de práticas concretas, independente de sua história,resultando
num dispositivo capaz de operar a triagem entre a invenção e o que não passa de
cope cola.
E compreender a atividade de forma realista e não inventada.
Pois muitos dos estudos
operacionais partem do paradigma de um modelo teórico dominante, mas também, de
um conjunto de práticas de constituição dos enunciados científicos e da própria
cognição científica.
É um conjunto de conceitos, práticas, atitudes e valores
que produzem enunciados e também a própria racionalidade.
Mas criando novos
problemas e exigindo práticas originais de investigação.
É nesse contexto que
surge o desafio para desenvolver práticas de acompanhamento de processos de
produção. A pesquisa no cais requer a habitação de um território, mas tornar
sua observação participante em certa
medida, da vida deles, ao mesmo tempo sem em principio modificar e sendo modificado
pela experiência.
A ida ao cais busca experimentar um estranhamento, introduzir
uma irregularidade ,um atrito que impulsiona o pensamento, que traz novidade.
O
estranhamento não está dado, é algo que se atinge, é um processo do trabalho de
campo, agir com eles, escrever com eles. Justamente desenhar a rede de forças à
qual o objeto em questão se encontra conectado, dando conta de suas modulações
e de seu movimento permanente.
A atenção mobilizada no trabalho no porto pode
ser uma via para o entendimento dessa atitude cognitiva até certo ponto
paradoxal, onde há uma concentração sem focalização. O desafio é evitar que
predomine a busca de informação nas intensidades do presente. O desejo, a
construção coletiva de políticas públicas em projetos sociais e na reinvenção
existencial da comunidade. A concepção de conhecimento pautada na teoria da
informação e praticada como coleta e análise de informações, processadas a partir
de regras lógicas, que são métodos. Daí vem competências e habilidades, que
configuram a lógica do processo. Não esquecendo que o presente carrega uma
história anterior, mas também porque o próprio território presente é portador
de uma espessura processual. A processualidade está presente em todos os
momentos da coleta, análise, discussão e na escrita.
Não e mudança de palavras,
o vocabulário portuário e próprio não tem uma mudança conceitual, visando
nomear, de modo mais claro e eficiente o que se aborda. O que já se fazia, mas
não se traduzira ao aspecto acadêmico, povoado por muitas idéias, ações e
pessoas.
Que ações são estas?
Que referenciais teóricos podem ser instrumentos
nesta pesquisa?
Que autores e conceitos podem ajudar na reflexão e na construção ?
Aquilo que ainda não se encontrava na esfera do já sabido, acessar a
experiência de cada um, fazer intercambios, descobrir os elos da profissão. Explorar
pelo olhar, escutar, sensibilidade e ritmos do balanço da maré ao vento que corta o cais. Os espaços de
trabalho em cima ou abaixo.
Como e
quando o estivador precisou ser
inventivo na dificuldade.
Além do mais,
cada trabalho tem sua característica um projeto operacional que imprimiam certo
ritmo e uma determinada maneira de estar.
Mas e a memória material das coisas
lidas, ouvidas , pensadas e vividas como transformar na experiência de
conhecimento e modos de fazer.
Há transformação de experiência em conhecimento
e de conhecimento em experiência, numa circularidade aberta ao tempo que passa.
Como superar as contradições, os conflitos, os enigmas e os problemas.
O projeto,
de um modo de fazer num procedimento operacional, seguido a risca e anualmente
remodelado. Ele não fica escondido, mais sim atento ao plano dos
acontecimentos, se faz em movimento, no acompanhamento de processos, que nos
tocam, nos transformam e produzem mundos.
Ela requer aprendizado e atenção
permanente, pois sempre podemos ser problematizados na busca de soluções e regras.
O acompanhamento dos processos exige também a produção coletiva do
conhecimento.
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