12 de jan. de 2016

Como ler a produção

Como o ler e olhar, com as práticas que os cercam, são dispositivos na criação de elos do cidadão consigo mesmo. 
Consideramos também relevantes os elos que vêm sendo criados entre comunidade, escola, cultura, instrutores,gestores  ,sindicatos e famílias, em torno do desenvolvimento do trabalhador portuário.
 Qual o método de pesquisa que consiste no acompanhamento de processos, e não na representação de objetos. O que confere singularidade a invenção do dispositivo na busca da experimentação, prática que cria a diferença entre sujeito e objeto. A distinção entre sujeito e objeto existe para garantir que o saber produzido possa ser validado de modo coletivo, na realidade o resultado de práticas concretas, independente de sua história,resultando num dispositivo capaz de operar a triagem entre a invenção e o que não passa de cope cola. 
E compreender a atividade de forma realista  e não inventada. 
Pois muitos dos estudos operacionais partem do paradigma de um modelo teórico dominante, mas também, de um conjunto de práticas de constituição dos enunciados científicos e da própria cognição científica.
 É um conjunto de conceitos, práticas, atitudes e valores que produzem enunciados e também a própria racionalidade.
Mas criando novos problemas e exigindo práticas originais de investigação.
 É nesse contexto que surge o desafio para desenvolver práticas de acompanhamento de processos de produção. A pesquisa no cais requer a habitação de um território, mas tornar sua  observação participante em certa medida, da vida deles, ao mesmo tempo  sem em principio modificar e sendo modificado pela experiência. 
A ida ao cais busca experimentar um estranhamento, introduzir uma irregularidade ,um atrito que impulsiona o pensamento, que traz novidade. 
O estranhamento não está dado, é algo que se atinge, é um processo do trabalho de campo, agir com eles, escrever com eles. Justamente desenhar a rede de forças à qual o objeto em questão se encontra conectado, dando conta de suas modulações e de seu movimento permanente. 
A atenção mobilizada no trabalho no porto pode ser uma via para o entendimento dessa atitude cognitiva até certo ponto paradoxal, onde há uma concentração sem focalização. O desafio é evitar que predomine a busca de informação nas intensidades do presente. O desejo, a construção coletiva de políticas públicas em projetos sociais e na reinvenção existencial da comunidade. A concepção de conhecimento pautada na teoria da informação e praticada como coleta e análise de informações, processadas a partir de regras lógicas, que são métodos. Daí vem competências e habilidades, que configuram a lógica do processo. Não esquecendo que o presente carrega uma história anterior, mas também porque o próprio território presente é portador de uma espessura processual. A processualidade está presente em todos os momentos da coleta, análise, discussão e na escrita.
 Não e mudança de palavras, o vocabulário portuário e próprio não tem uma mudança conceitual, visando nomear, de modo mais claro e eficiente o que se aborda. O que já se fazia, mas não se traduzira ao aspecto acadêmico, povoado por muitas idéias, ações e pessoas. 
Que ações são estas?
Que referenciais teóricos podem ser instrumentos nesta pesquisa?
Que autores e conceitos podem  ajudar na reflexão e na construção ? 
Aquilo que ainda não se encontrava na esfera do já sabido, acessar a experiência de cada um, fazer intercambios, descobrir os elos da profissão. Explorar pelo olhar, escutar, sensibilidade e ritmos do balanço da maré  ao vento que corta o cais. Os espaços de trabalho em cima ou  abaixo
Como e quando o estivador  precisou ser inventivo na  dificuldade. 
Além do mais, cada trabalho tem sua característica um projeto operacional que imprimiam certo ritmo e uma determinada maneira de estar. 
Mas e a memória material das coisas lidas, ouvidas , pensadas e vividas como transformar na experiência de conhecimento e modos de fazer. 
Há transformação de experiência em conhecimento e de conhecimento em experiência, numa circularidade aberta ao tempo que passa. 
Como superar as contradições, os conflitos, os enigmas e os problemas.
 O projeto, de um modo de fazer num procedimento operacional, seguido a risca e anualmente remodelado. Ele não fica escondido, mais sim atento ao plano dos acontecimentos, se faz em movimento, no acompanhamento de processos, que nos tocam, nos transformam e produzem mundos. 
Ela requer aprendizado e atenção permanente, pois sempre podemos ser problematizados na busca de soluções e regras. O acompanhamento dos processos exige também a produção coletiva do conhecimento. 

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