11 de set. de 2016

As Vertentes da Universidade no Porto



Em palestra sobre o Ebola, promovida pela CODESP com a participação da ANVISA, facilitou-se o conhecimento da doença em suas vertentes, e permitiu o conhecimento da condição vulnerável em que se encontram os trabalhadores portuários que desenvolvem suas atividades em navios de várias nacionalidades que atracam no cais santista. 

A compreensão da rede de serviços de saúde contemplou o conhecimento do território do CEREST, um serviço regional que abrange três cidades da Baixada Santista: Santos, São Vicente e Praia Grande. O CEREST, de acordo com a RENAST, atua oferecendo à população trabalhadora: assistência específica, VISAT e a educação em saúde. Dentre as ações desenvolvidas pelo grupo PET no CEREST, inclui-se: acompanhamento do atendimento médico, que pesquisa e confere o nexo causal, a relação entre o adoecimento e o trabalho. A roda de conversa versou sobre o nexo causal para Burnout, Fadiga Generalizada e Lombalgia. 
Entender o adoecimento pelo trabalho, as doenças mais frequentes e o caminho para firmar o nexo é fundamental para as ações em vigilância em saúde do trabalhador. Também se abordou a coleta e registro de dados realizados pelo CEREST. A importância da Vigilância e da coleta de dados é apontada pelo grupo: A coleta e a alimentação dos bancos de dados, segundo o CONASS, representam entraves nas ações do CEREST. 
Um dos maiores desafios para a área de vigilância diz respeito à informação, uma vez que os sistemas nacionais implantados ainda não contemplam de forma adequada os registros sobre os agravos ocorridos. O aprofundamento da temática da participação da comunidade aconteceu com a participação do Grupo PET na 12ª Conferência Municipal de Saúde e 3ª Conferência de Saúde do Trabalhador. 
A atuação no CEREST possibilitou vivenciar eventos, como, por exemplo: o “Seminário em Rede de Cuidados”, a “Oficina de Vigilância em Saúde-SMS-Santos” e a “II Mostra Municipal de Experiência Acadêmica”. 
Os estudantes do Grupo PET desenvolvem quatro pesquisas em duplas sobre a saúde dos trabalhadores portuários

O porto e o trabalho portuário, por sua natureza, complexidade e momento histórico de transformação instiga à pesquisa. O momento de constante processo de modernização do porto levou à construção dos projetos com as temáticas: “Os trabalhadores portuários de Santos: Motivos e anseios para permanecerem ‘Avulsos’”; “A modernização no Porto de Santos e suas implicações na cultura do trabalhador portuário”; “Saúde em foco: estresse e lombalgia na vida do trabalhador portuárioe “O que mantem os trabalhadores do mais movimentado porto brasileiro exercendo suas funções em condições de adoecimento? ”. 
Os temas expressam como o grupo percebe a relação trabalho-agravos à saúde e as transformações na cultura e trabalho portuário. A familiaridade e aprofundamento do conhecimento em relação ao trabalho portuário, inclusive a atual conjuntura portuária, propiciou a construção de um Fórum que discutisse a Vigilância em Saúde dos Trabalhadores
Desta forma, como fruto do aprendizado proporcionado pela experiência do PET ocorreu, no mês de maio de 2014, o I Fórum de Vigilância em Saúde do Trabalhador Portuário, que contou com a participação de representantes das organizações envolvidas com o porto de Santos.
 Essas discorreram sobre assuntos portuários referentes ao processo de trabalho e determinantes de agravos à saúde. O encontro possibilitou a exposição das demandas trazidas pelos trabalhadores e foi palco de importantes discussões acerca das ações que são e devem ser tomadas em relação às questões das condições de trabalho e saúde no exercício da profissão portuária
Por exemplo, foram apresentadas as exposições a que os trabalhadores estão submetidos enquanto realizam suas tarefas no porto de Santos, por atores: do OGMO-Santos, da SEP, da CPATP, do Estivador do Porto de Santos, da Vigilância em Saúde-SMS, da representação Sindical dos Trabalhadores da Orla Portuária do Espirito Santo. 
O Fórum contou com várias instituições, desde os serviços de saúde e segurança ligados às operadoras portuárias, aos membros das universidades, além de representantes dos serviços de vigilância em saúde da rede municipal da Baixada Santista. 
Ao final do evento, escutou-se os trabalhadores portuários, possibilitando compreender as impressões em relação ao fórum e o que aquele momento representou no seu trabalho no porto
“[...] o fórum apresentou-se como experiência positiva, já que os trabalhadores puderam mostrar seu trabalho e as suas necessidades em prol da Saúde e Segurança do Trabalhador Portuário, aos representantes da Secretária de Portos, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador-Santos, Unifesp Campus Baixada Santista e Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espirito Santo-SUPORTES”. 
O I Fórum juntou no mesmo ambiente a comunidade acadêmica e portuária da qual o estivador faz parte. O melhor foi poder conversar com pessoas do OGMO, CENEP, operadores portuários e de órgãos público diretamente, olho no olho [...]”.
 Desta forma, com base nas respostas, foi possível detectar que o evento propiciou o conhecimento compartilhado e maior aproximação entre os trabalhadores e o Grupo PET, somada a uma adesão ao evento por parte dos trabalhadores. Acredita-se que o desenvolvimento do PET foi permeado por uma série de fatores, positivos à formação, que se tornaram presentes no decorrer das atividades desenvolvidas, os quais geraram inquietações e motivações que culminaram na realização do evento. 
O desenvolvimento do Grupo PET Vigilância em Saúde do Trabalhador Portuário tem confirmado a importância da relação entre serviço-universidade-comunidade na formação universitária. Vislumbra se que o desenvolvimento do PET tem contribuído nas atividades dos trabalhadores do CEREST, diante da importância nacional da vigilância em saúde no SUS, e apontado na direção de aproximação com a rede básica de atenção à saúde. 
Os trabalhadores portuários têm-se aproximado da universidade e do CEREST a partir do Grupo PET; e o I Fórum de Vigilância em Saúde do Trabalhador Portuário desempenhou papel fundamental nesta aproximação. Verificou-se, como resultado positivo, a aproximação que foi construída com as organizações e os trabalhadores portuários, já que o Fórum foi uma maneira de problematizar as questões apresentadas pelos trabalhadores, que consideraram necessários novos encontros para a continuação da discussão demandada. 
Contudo, o diálogo entre os profissionais da saúde e a universidade ainda é bastante desafiador. 
 Construir novos paradigmas enfrenta, em instâncias intermediárias, a rígida conformação burocrática e hierárquica dos serviços . Transformam-se os projetos políticos pedagógicos e esses são os agentes da ação. A valorização do SUS e a produção de conhecimento compartilhado entre serviço-universidade dependem de uma nova visão destas instituições. Na vigilância em saúde do trabalhador, a construção de bancos de dados epidemiológicos é fundamental, bem como a valorização da informação gerada pelos sistemas de dados oficiais. Tão importante quanto a informação é o compartilhamento destas com os profissionais da saúde e a comunidade, para que estas gerem ações em vigilância em curto, médio e longo prazo. 
Na formação da graduação, a temática sobre vigilância em saúde dos trabalhadores ainda é insipiente, mas ações do Grupo PET têm ocupado espaços que repercutem de forma ampliada e colocado a discussão ao alcance dos estudantes. Os projetos PET, tendo por base nossa abordagem em Vigilância em Saúde do Trabalhador, representam uma inovação no caminho da construção coletiva de promoção/prevenção em saúde. 
É um momento incentivo para proposições tanto no campo do saber compartilhado como das relações grupais; e, ainda, por sua objetividade, estimula a formação dos profissionais em todos os seus níveis de complexidade.
fonte Grupo PET-Saúde/Vigilância em Saúde do Trabalhador Portuário: vivência compartilhada 
Maria de Fátima F Queiróz, Ana Paula N V Valeiras, Rafaela dos S Lerin, Francine de S Lino,Vivian de C P Fornazier,Ubiratan de S Dias Junior, Vinicius Akio Yano, Juliana R C Imperatore Nogueira

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