26 de set. de 2016

O PORTO DO RIO DE JANEIRO


 “O Porto e a Cidade”, a história do Rio de Janeiro se confunde com a história de seu Porto. Durante algum tempo, os dois conviveram intimamente. O movimento da cidade era o movimento do Porto: o embarque e desembarque de mercadorias era acompanhado de perto pela cidade; o comércio de rua também era o ponto de comércio que atendia às demandas do Porto. “O Porto emerge da história do Rio de Janeiro como capítulo fundador. A cidade surge como monumento ao colonialismo, com seus fortes, suas igrejas e seu Porto. O forte protegia o Porto militarmente e a igreja o guardava espiritualmente. O Porto faz assim parte da história do medo: medos dos inimigos da terra ou corsários, medo do mar e dos seus ventos e correntezas. A cidade e suas instituições afirmavam o domínio colonial sobre as terras da região da Baia de Guanabara no contexto da disputa colonial travada entre franceses e portugueses no século XVI. A localização privilegiada da Baia da Guanabara chamou a atenção dos primeiros portugueses que ali chegaram com a expedição de Gaspar de Lemos, em 1502. A "cidade-porto" nasceria na verdade da disputa entre Portugal e França e a partir de então o Rio de Janeiro passaria a ocupar uma posição estratégica para os portugueses que pretendiam assegurar seu domínio sobre a região. 
Em 1565 que Estácio de Sá, trazendo reforços para a luta contra os franceses, desembarcou junto à barra, entrincheirou com seus homens numa faixa de terra entre os Morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, fundando em 1° de março a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Preocupado com a defesa da cidade, Men de Sá transferiu-a, por motivos estratégicos, para o alto do Morro do Castelo. E foi ali, na faixa litorânea junto ao Morro do Castelo, ao longo do que seria mais tarde a Rua da Misericórdia, que as atividades portuárias do Rio começaram a dar seus primeiros passos. Drenando charcos e pântanos, o Rio de Janeiro expandiu-se para a área demarcada por seus quatro vértices: Morros do Castelo, São Bento, Santo Antonio e Conceição. Da área na proximidade do Morro de São Bento, as atividades ligadas ao embarque e desembarque de mercadorias cresceram gradativamente com a construção de trapiches e depósitos na direção da Prainha (atual Praça Mauá), do Valongo, da Praia da Saúde, do Saco da Gamboa, do Saco do Alferes e da Praia Formosa. 
Entre 1713 e 1760, a população do Rio passou de 12 mil para 30 mil pessoas, crescimento alimentado pelo comércio do ouro, que também estimulou a vocação portuária de algumas áreas da cidade. 
O bairro da Misericórdia, junto ao Morro do Castelo, concentrou parte significativa do comércio com trapiches e armazéns. Na Praia D. Manuel, ficava o cais de desembarque, carregamento dos gêneros exportados.
 O ritmo da vida do entorno do Porto era ditado pelo horário de embarque e desembarque de mercadorias: entre nove da manhã e duas da tarde. 
O trabalho de carregamento das mercadorias liberadas pela alfândega era feito pelos escravos. As sacas de café, pesando 70 quilos em 1870 era o produto responsável por mais da metade das exportações brasileiras.
 Foi ali que surgiram e prosperaram os principais mercados da cidade. Aquela região, conhecida como Terreiro do Ó, depois Largo do Carmo, Praça de D. Pedro II e atualmente a Praça XV, era a porta da cidade . 
Devido ao aumento das exportações brasileiras, vários projetos começaram a ser propostos e discutidos, o que alteraria grande parte da orla. 
O engenheiro André Rebouças, foi quem trouxe os primeiros projetos de modernização do Porto, mas suas idéias foram combatidas e poucas delas conseguiram se realizar. Rebouças teve alguns planos ambiciosos, como o projeto que iria desde o Arsenal da Marinha até o Arsenal de Guerra, no atual Aeroporto Santos Dumont. Outro plano foi de construir uma estação marítima ligada à Estrada de Ferro D. Pedro II, que atendia a boa parte do Vale do Paraíba escoando a produção de café, com o apoio de D. Pedro II, conseguiu fazer apenas 160 metros de cais, entre o Beco da Pedra do Sal e a Praça Municipal. Com o fim do tráfico de escravos, a maioria deles continuou ligada às atividades do Porto e fixou residência nos bairros próximos da região Portuária coabitavam brancos, negros,  estrangeiros, operários, trabalhadores fabris e comerciantes.
 Em 1902, quando Rodrigues Alves assumiu a Presidência da República, disposto a transformar o Rio em um grande centro , promoveu uma série de reformas na cidade, como a avenida que acompanhava o Canal do Mangue, a Avenida Central (hoje Rio Branco) e do Porto, todas feitas com financiamento inglês. Foi formada uma comissão de obras do Porto no ano de 1903, que propôs a ocupação da área entre o Arsenal da Marinha, aos pés do Morro de São Bento e a embocadura do Mangue, num total de 3.500 metros. A construção do cais do Porto teve início em 1904, com cerca de 1.000 operários. O começo das obras três dragas ,dois anos mais tarde seria inaugurado,  o primeiro trecho do cais do Porto, com 500 metros de extensão. Em 1907, cerca de 1460 metros de cais já estavam prontos. No litoral da Saúde e da Prainha, onde o movimento portuário era mais intenso, as pontes de desembarque dos trapiches continuavam a ser utilizadas. Nos últimos meses de 1908, o cais dispunha de 1.900 metros e cinco armazéns . Em 20/6/1910, a obra foi inaugurada, com 2700 metros de extensão. Os 800 metros que faltavam correspondiam ao trecho entre as Docas Nacionais e o Arsenal da Marinha, porém, é que dos 2700 metros concluídos, apenas 800 metros tinham condições efetivas de funcionamento, carecendo o restante de guindastes, armazéns, iluminação, linhas férreas, enfim, de toda a infraestrutura de apoio. Levou ainda um ano para que o Porto pudesse funcionar plenamente, com 18 armazéns internos, 96 externos e 90 guindastes elétricos. Em 1911 os serviços de exploração do Porto do Rio foram transferidos para um grupo Frances e começou a ser feita a ampliação do cais do Mangue em direção ao Caju. Em 1923, a administração do Porto do Rio passou às mãos de brasileiros, que constituíram a Companhia Brasileira de Exploração de Portos. Em 1933 o Porto passou para a alçada do recém-criado Ministério da Viação e Obras Públicas. Já entre 1949 e 1952, seria construído o Píer Mauá, sobre um aterro de 33.200 metros quadrados. Em 9 de julho de 1973, pelo o Decreto nº 72.439, foi aprovada a criação da Companhia Docas da Guanabara, atualmente Companhia Docas do Rio de Janeiro.

Fonte AVALIAÇÃO DA MODERNIZAÇÃO PORTUÁRIA NO DESENVOLVIMENTO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

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