Dedilhando minha dor a cada degrau do agulheiro.
Me matando suavemente com sua carga.
Contando minha vida inteira
Eu senti toda a força do tempo no meu rosto.
Continuo olhando através da boca do agulheiro
como se eu não estivesse lá.
Faz 8 messes que você vem procurando e levando
o estivador para longe de sua família.
Agindo como o cevador você não deu hipótese a vida na beira do cais.
Não consigo tirar meus olhos das memórias.
Desde que você atracou neste porto.
Agradeço à Deus por estar vivo.
Perdoe o jeito com que desabafo.
Não há palavras para descrever.
Perdoe o jeito que encaro.
Não há nada que se compare.
Não consigo tirar meus olhos das memórias.
A batalha da fê, os bates papos na parede.
A correria na beira do cais.
Os argumentos para agilizar a operação no porão.
Incerteza e um balança real da vida na estiva
Agora na pandemia o anjo vem todo dia.
Numa circunstância louca.
O mundo parece tão pequeno.
A pandemia veio pelo mar e pelo céus.
Ainda não há cura
A máscara e o álcool em gel fazem parte da minha identidade.
De olhar para o cais religiosamente
Ao entrar para fazer lingada.
Tenho que encontrar a paz de espírito.
Constantemente me prendendo, me segurando.
Dedilhando minha dor a cada degrau do agulheiro.
Me matando suavemente com sua carga.
Contando minha vida inteira
Eu senti toda a força do tempo no meu rosto.
Me mantendo na beira do cais
encontro minha mente.
Num Filme passa tudo.
Que alegria é estar vivo!
Para poder fazer minha lingada.
Honrando os que a pandemia levou.
Pedindo proteção para o ganha-pão de cada dia e que todos
os tpas vão para seu trabalho e voltem para o aconchego de sua família.
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