21 de dez. de 2021

Quero nadar em suas tintas


Num entra e sai

O escuro ficou claro

A carga saiu grabada a grabada.

Sobrando somente o piso vermelho.

Que brilha no reflexo da luz da lua.

Volto ao convés com a certeza.

Do dever cumprido

Queixo das minhas costas

Mas elas não falam

Nada que uma massagem da dona da saboneteira.

Voltou através da perimetral para o meu destino.

Indo para casa para minha família.

Com o dever cumprido

Os porões não falam

Nas expressões de cada carga

Nos porões ímpares a presa e a emoção.

Nos pares a atenção e a segurança.

Mas em todos eu me atirei.

Onde eu me sinto inteiro.

São essas cores que eu preciso.

O grabe passando e a barreira chorando.

A sinfonia das picaretas na sarreta

E as bacias de luz dando o foco.

Demarcado o boteco da luz vermelha.

Remendo sem se distrair

Esperando o agulheiro ser útil.

Nado com sua carga

Sem anunciar a hora de parar.

Prestando atenção no bale do grabe e no samba da comissão de frente.

E na hora da saída do porão.

 Estaciono a máquina para decolar.

E no teu agulheiro.

 Me penduro

 força a força, degrau a degrau

 Numa parada forçada

Admiro o que fiz em pouco tempo.

Neste quadro de cores

Aprecio o abismo de ferro.

Por esta memória é que me guio.

Na esperança de amanhã

Nadar nas tuas cores.

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