2 de fev. de 2022

130 anos do porto organizado de Santos

 O autodeclarado “maior porto da América latina”. Para entender a trajetória de sucesso do Porto é importante conhece-lo desde  as pontes de madeira conhecidas como trapiches ate a atualidade. Onde as sacas de açúcar caminhavam para as exportações e depois foram seguidas pelas sacas de café em grãos, a partir de 1795. O porto possuía 23 trapiches em 1889.

Em 1889, foi criada a Empresa das Obras de Melhoramentos do Porto de Santos e, em 07 de novembro de 1890, se dá a criação da Companhia Docas de Santos (CDS), empresa dos senhores José Pinto de Oliveira, Cândido Gaffrée, Eduardo Palacin Guinle, João Gomes Ribeiro de Aguilar, Alfredo Camilo Valdetaro, Benedito Antônio da Silva e Barros e Braga & Cia. Em 02 de fevereiro de 1892 foi inaugurado 260 metros de cais, com a atracação do navio inglês Nasmith , considerado o primeiro trecho de Porto Organizado do País.


 As grandes greves ocorreram em 1889, 1881, 1897, 1905, 1908, três em 1912, 1919, 1933, 1945 e 1961. Greves que envolviam confrontos com a cia, docas e companhias exportadoras pelo controle do processo de fazer lingada, sobre questões salariais, jornada de trabalho e de combate a fascistas.

 Em 1929 já não se via mais no porto as “exóticas” filas de estivadores carregando sacas de 60 kg subindo aos navios, muito devido à modernização dos equipamentos no porto de Santos.



O navio-prisão Raul Soares foi o navio que foi cedido pelo Lloyd à Marinha Brasileira, ao chamado comando da revolução, os militares que assumiram o poder depois de 1964 e nos primeiros meses dessa repressão o navio Raul Soares foi um navio-prisão que abrigou uma série de lideranças, de trabalhadores, sindicalistas, enfim, partidários simpáticos ao regime que havia sido deposto, ficou ancorado no Porto de Santos durante seis meses, de 24 de abril a 23 de outubro de 1964.

Os dois primeiros contêineres desembarcaram em Santos em 1965, trazidos pela empresa Moore McCormack Lines, Inc., em seu navio Mormacdawn.

Em 1969 a criação da Comissão Orientadora de Serviços Portuários de Santos, COSEPS, uma intervenção branca no porto que comandou a execução do Programa dos Corredores de Exportação, as providências para a movimentação de contêineres e cargas unitizadas, além de reduzir o custo operacional e resolver os problemas decongestionamento na barra.

O Decreto-Lei nº 828/69 que instituiu o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo. Dá-se no início na década de 70, uma grande transformação na comunidade portuária. Com a transformação do manejo da carga inicia-se a formação dos homens do cais, com vistas a habilitar o trabalhador para a nova atividade com o contêiner. Desenvolvem-se então os cursos de Atualização de Conferente de Carga e Descarga – ATCC; de Atualização de Consertador de Carga e Descarga – ATCS; de Atualização de Estivadores - ATES e o curso de Atualização de Vigia de Bordo - ATVP. Com a transformação constante do porto, em 1972 inicia-se o treinamento com equipamentos portuários em Empilhadeira; Guindaste e Guincho de Bordo; Trator e Pá Carregadeira totalizando 25 cursos com 560 vagas além de uma banca avaliadora  de empilhadeira para 200 estivadores.

A grande transformação na vida diária do estivador acontece com o início da operação dos navios roll-on/roll-of, em 4 de abril de 1973 o navio Cilaus, agenciado pela (Grieg), atracando no cais do armazém 35 e em 1977 no mesmo ponto o navio Siboney é o primeiro a movimentar contêineres no porto de Santos.

Em 8 de novembro de 1980 termina a concessão dos serviços portuários à Companhia Docas de Santos. A administração portuária retorna para o Governo Federal, por meio da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Nessa época, inicia o fortalecimento das entidades estivadoras através de funcionários púbicos com convicção liberal e de estado mínimo. A revolução da alta tecnologia no porto de Santos é descrita com a construção do primeiro terminal de contêiner do Brasil em 1981, o Tecon- Santos, seus primeiros contêineres foram descarregados por  um estivador operando um  guincho de bordo  do navio Lloyd Virginia. A grande tragédia do Brasil foi sempre a falta de patriotismo de alguns brasileiros como visto em 1986, com as obras de ampliação do trecho do cais Paquetá-Valongo, entre os armazéns 1 e 12. As obras começaram, mas... nunca terminaram! O custo proposto era de 300 milhões de dólares, custaria 15 vezes o valor do Terminal de Contêineres, que custou 20 milhões de dólares.

Em 25 de fevereiro de 1993 é promulgada a Lei 8.630/93, que já vinha sendo debatida desde 1986 pela classe social que vivia financeiramente do entorno do porto, que transfere as operações portuárias para os operadores portuários e cria o Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). A Codesp passa a exercer, então, o papel de Autoridade Portuária de Santos, o síndico do complexo portuário de vários locatários.

Mas lembramos que o porto também foi conhecido, como “porto maldito”, “Montecarlo do café” e com o temor da elite foi chamado de “porto vermelho, Barcelona brasileira e República Sindicalista”.

E termino com as palavras dos estivadores.

A cada navio atracado, a cada navio que desatracar, vocês trabalhadores Portuários AVULSOS e VINCULADOS são fundamentais para movimentação de cargas seja ela a bordo ou em terra, no cais, no armazém ou nos pátios.

Cada aparelho manuseado, desde os habituais aos mais modernos, o trabalhador sempre se adequando, se habilitando, aprendendo e ensinando e isso sempre foi o diferencial do trabalhador nós portos do Brasil e principalmente no Porto de Santos.

Você Trabalhador é fundamental para tudo funcionar, para os recordes, para economia da Cidade, do Estado, do País. TRABALHADORES orgulhosos de seu trabalho, trabalhadores de Brio, de Luta e de fé! O aniversário é só do Porto, mas os Parabéns vão para todos aqueles que fazem ele funcionar de verdade!

Estivadores, Capatazia, sindogesp, Arrumadores, Conferentes, Bloco, Vigias, Carreteiros e todos aqueles que fazem parte dessa Família. A Família Portuária!

E não podemos esquecer aquele que já passaram os aposentados e àqueles que não estão mais entre nós, que pegaram um Porto  nas mãos, na raça e deixou seu suor, seu sangue, sua vida !!! Porto de Santos 130 anos ! Parabéns...!   Sandro kbsa.

Porto que te quero porto, não sei se é a cidade que tem um porto; ou o porto que tem a cidade. A princípio chegava até a mortona, em seguida até o Pau Grande (Estuário) armazém 29 ao 31. Em 1974 chegou a Ponta da Praia, onde causou demolição de milhares de casas de amigos para a sua ampliação centenas de famílias que conviviam e amávamos, foram morar em outros bairros e cidades; acabou com a nossa pescaria de siri, robalos, pescada amarela, camarão e caranguejos, também com as nossas braçadas de nado na Prainha. Por outro lado se tornou um polo de empregos, trazendo felicidade a aqueles que conseguiam na Compania Docas Santos(CDS), ou na Estiva. Hoje nos seus 130 anos, senti falta dos amigos que mudaram pra longe, das pescarias das minhas primeiras braçadas onde aprendi a nadar, dos campos de futebol. Porém tenho orgulho pelos empregos que trouxe esperança e  a milhares de famílias, elevando a cidade que era conhecida como Santos FC do Pelé, para o maior Porto da América Latina.  

     Parabéns a todos os trabalhadores e empresários, que no peito e na raça ajudaram o desenvolvimento do nosso Porto.  Sérgio Conceição

Um comentário:

  1. Parabéns Simão por narrar a história e nos trazer o conhecimento.
    Obrigado pela homenagem, de poder fazer parte de seu artigo.
    Você sempre nos trazendo oportunidade de saber mais sobre porto.

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