AUDIÊNCIA PÚBLICA - Desestatização do Porto de São Sebastião.
A Assembleia
Legislativa de São Paulo, ALESP, se transformou na beira do cais do Porto de São
Sebastião.
Audiência
pública reuniu governo, portuários, vereadores e estudiosos da área portuária
na quarta-feira de 8/6, a partir das 10h. Coordenada pela deputada Márcia Lia,
na Alesp, a audiência também debateu o futuro da Companhia Docas e de seus
funcionários.
Mas aonde se
inicia esta labuta que uniu a cidade de são Sebastião com um proposito único.
O presidente
Jair Bolsonaro publicou o Decreto 10.894/2021, delegado ao Estado de São Paulo
e sob administração da Companhia Docas de São Sebastião, no Plano Nacional de
Desestatização.
A Companhia
Docas de São Sebastião, criada em 1969, é uma empresa pública estadual
vinculada à Secretaria de Logística e Transporte, que recebeu, do governo do
Estado, nos últimos 15 anos investimentos diretos de cerca de R$ 400 milhões e
indiretos de aproximadamente R$ 3,5 bilhão. Pelo porto de São Sebastião, entra
um terço de toda barrilha, carbonato de sódio, que entra no país, insumo
fundamental de empresas vidreiras e de cosméticos. A desestatização da
companhia está em estudo e sua entrega ao mercado está prevista para outubro de
2022.
A comunidade
portuária de São Sebastião, apreensiva com a pressa do governo, a falta de
respostas para questões fundamentais e o receio de que uma nova autoridade
portuária privada e operadora portuária aos moldes dos Gaffrée e Guinle, possa
empobrecer a região e aniquilar com os empregos locais, ingressou com uma ação
com pedido de tutela antecipada pleiteando a suspensão da audiência e consulta
públicas. Conseguiram uma liminar quatro dias antes da audiência, mas foi
derrubada em razão do cumprimento do cronograma do projeto.
Entidades
representativas dos trabalhadores portuários no nível local e federal e dos
empresários portuários locais veem um grande impacto social com a privatização
e o desemprego gerado por ela. Eles questionam a falta de um estudo técnico e
econômico sobre o impacto da medida para os trabalhadores e suas famílias,
tanto os ativos, quanto os aposentados e os que estão perto de se aposentar.
Participaram
do evento Paulo Tsutomu Oda, que é presidente da Companhia Docas de São
Sebastião e Sr. João Octaviano Machado Neto da secretária de Logística e
Transporte do Estado, Luiz Felipe da Costa Santana, do Porto de São Sebastião;
João Carlos Cardoso da Silva, Companhia Docas; Robson Wilson dos Santos,
presidente do Sindicato dos Estivadores de São Sebastião e Frederico Bussinger
primeiro presidente da autoridade portuária de são Sebastião, Edivado Pereira
Campos (Teimoso), presidente da Comissão de Assuntos Portuários e vereador
André Pierobon secretário da Comissão de Assuntos Portuários do Legislativo de
São Sebastião, e representante da Câmara Municipal de São Sebastião; vereador
Chico Nogueira, presidente do Sindicato SETTAPORT.
As atitudes
de união da comunidade já vem desde dezembro do ano passado, quando o presidente
da Câmara, José Reis, criou, por meio do Projeto Decreto Legislativo nº
01/2021, o “Fórum em Defesa do Porto de São Sebastião como Autoridade Portuária
Pública do Estado de São Paulo”, oficializado em sua primeira reunião realizada
em 16 de dezembro.
O objetivo
era abrir o canal de discussões sobre todas as questões que envolvem o Porto de
São Sebastião e a comunidade portuária no sentido de encontrar soluções aos
mais variados problemas, como a proposta de desestatização que está sendo
amplamente debatida.
O documento,
que cobra a realização de estudos sobre os impactos sociais e econômicos para a
região decorrentes da desestatização, reforça os debates ocorridos durante a
audiência pública, em especial no tocante à avaliação de que o pequeno volume
de investimento que se espera da iniciativa privada com a privatização não
justifica a entrega do que é público.
Mas com a
comunidade poderá debater o futuro do Porto de São Sebastião, que está com o
processo de desestatização em andamento junto à Agência Nacional do Transporte
Aquaviário (Antaq), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), Ministério da Infraestrutura (Minfra) e Governo Federal.
O que deixa
transparecer e uma correria para assegurar acordos firmados em 2018, algo que
somente o tempo irá esclarecer.
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