Os
trabalhadores querem aumentos. Os operadores portuários querem robôs. A
logística torce para se chegar a um acordo.
O futuro
imediato da cadeia logística está em uma mesa de negociações em São Francisco,
onde o sindicato que representa todos os estivadores da Costa Oeste está
negociando um novo contrato com os, cartolas do transporte marítimo.
O contrato
atual, que cobre os mais de 22.000 estivadores nos 29 portos que pontilham a
costa do Pacífico dos EUA, deve expirar em 1.º de julho.
O que está
em jogo é o fluxo contínuo de mercadorias para o país, após dois anos de
interrupções na cadeia de suprimentos devido a bloqueios pandêmicos que levaram
a escassez de materiais, aumento dos preços dos combustíveis e o ocasional
navio preso no Canal de Suez. 40% de todas as importações marítimas dos EUA
passam pelos portos da Costa Oeste, com mais de 30% de todas as importações em
contêineres chegando aos portos de Los Angeles e Long Beach, que juntos formam
o maior complexo portuário do país.
As
negociações de contrato anteriores ultrapassaram a data de vencimento e levaram
a grandes interrupções nas operações portuárias, como trabalhadores e empresas
de navegação, representados na mesa e nas docas da Costa Oeste pela Pacific
Maritime Assn.
Em 2002, as
negociações se deterioraram a ponto da PMA, que representa 70 armadores e
operadores portuários, teve bloqueado sua força de trabalho por 10 dias até a
intervenção do governo George W. Bush. Em 2014 e 2015, o governo Obama também
se envolveu para ajudar a encerrar uma briga de contrato de um ano, salpicada
de operação tartaruga e cruzada de braços.
O pano de
fundo das negociações é totalmente distinto das rodadas anteriores. Em 2002 e
2015, as companhias de navegação estavam enfrentando lucros baixos ou perdas
absolutas, já que um excesso de novos navios de grande porte mantinha as taxas
de frete e as receitas de transporte baixas.
Mas os
últimos dois anos trouxeram bonanças financeiras para os armadores, com o setor
registrando mais de US$ 150 bilhões em lucros em 2021. Um dos líderes do setor,
A.P. Moller-Maersk, teve o ano mais lucrativo de qualquer empresa na História
dinamarquesa, com US$ 18,7 bilhões em lucros que continuou em 2022, com um
lucro de US$ 6,8 bilhões, reportado apenas no primeiro trimestre.
Enquanto
isso, as importações totais da Ásia para a Costa Oeste dos EUA aumentaram ao
longo dos anos, dando aos trabalhadores do ILWU mais poder sobre seu gargalo no
fluxo de mercadorias. Um aumento na demanda de importação levou a um backup
histórico no complexo portuário de Los Angeles no ano passado, com mais de 100
navios conteineiros ociosos no mar esperando para atracar. Desde então, esse
número caiu para 30 navios esperando para serem descarregados, mas, à medida
que as negociações trabalhistas se desenrolam neste verão, os especialistas
estão se preparando para uma nova rodada de atritos.
Com a cadeia
de suprimentos e sua ligação com a inflação sob os holofotes nacionais pela
primeira vez em décadas, ambos os lados da mesa iniciaram conversas com uma
retórica cautelosamente positiva em declarações feitas antes da negociação, e
um apagão de mídia mutuamente acordado começou.
O presidente
do ILWU, Willie Adams, “os homens e mulheres do ILWU estão
ansiosos pela oportunidade de se reunir com os empregadores e buscar um
contrato que honre, respeite e proteja bons empregos americanos, importadores e
exportadores dos EUA”. James McKenna, executivo-chefe da PMA, disse que a
organização está comprometida em negociar um novo contrato sem interrupções. Os
políticos já se manifestaram, instando ambas as partes a chegarem a um acordo.
Adams foi convocado para uma reunião na Casa Branca para conversar com o
presidente Biden, a vice-presidente Kamala Harris e o secretário de Transportes
Pete Buttigieg, foi acompanhado em uma visita ao complexo
portuário pelo governador da Califórnia. Gavin Newsom e o enviado portuário do
governo Biden, John Porcari. Em maio, quando as negociações começaram, a
senadora Dianne Feinstein, da Califórnia, publicou uma carta para Adams e
McKenna pedindo que chegassem a um acordo rapidamente, observando que quaisquer
desacelerações ou paralisações “exacerbariam as interrupções na cadeia de
suprimentos global”.
Se as
negociações ficarem mais acaloradas, o governo Biden também indicou que
intervirá. “Não precisamos nos envolver nesta negociação a menos que seja
necessário”, secretário do Trabalho Marty Walsh.
O potencial
de conflito é claro. O CEO da PMA, McKenna, destacou o fato de que os
estivadores da ILWU recebem salários que se aproximam de US $ 195.000 por ano
em média para trabalhadores em período integral, além de benefícios, e afirmou
que a PMA está comprometida com o avanço da automação nos portos.
O presidente
da ILWU, Adams, rebateu ambos os pontos em sua carta aberta. “Não nos
desculpamos por alcançar salários que permitam aos trabalhadores sustentar suas
famílias, ter aposentadoria e os cuidados de saúde que esses trabalhos difíceis
e perigosos exigem”, observando que décadas de negociações anteriores tornaram
os estivadores homens e mulheres de bons empregos de salários de colarinho.
Sobre a
questão da automação, Adams foi mais contundente, escrevendo que “a automação
não apenas mata bons empregos, mas não movimenta mais carga” e representa um
risco à segurança nacional à medida que hackea a infraestrutura de forma
difundida.
Depois de
dois anos trabalhando na pandemia, com os armadores registrando lucros
espetaculares, o ILWU e um sindicato historicamente bem organizado e estará
procurando ganhos acima da inflação, pois, ao se olhar para o valor agregado e
a importância do trabalho que os estivadores fazem, é uma pequena porcentagem
de um sistema mundial altamente lucrativo para as grandes irmãs.
Os
estivadores da Costa Oeste são os trabalhadores de logística com maior respeito
social nos Estados Unidos, mas esses postos de trabalho estão sendo cada vez
mais reduzidos, há uma pressão contínua para trabalhar mais horas e trabalhar a
noite e outras demandas que exigiriam a entrada de mais cadastros no sistema de
escalação dos estivadores sindicalizados.
A PMA pagou
US$ 2,26 bilhões em salários em 2021 e outros US$ 1,55 bilhão em seguro saúde,
aposentadoria privada e cartão farmácia, de acordo com seu relatório anual, no
mesmo período os lucros dos empresários foi de US$ 150 bilhões.
Um aumento
de 10% para os estivadores da Costa Oeste elevaria o respeito as dignidades
trabalhistas na Costa Oeste de US$ 3,8 bilhões para cerca de US$ 4,2 bilhões.
Esse aumento de US$ 400 milhões representa pouco mais de um quarto de 1% dos
lucros do setor no ano passado. O custo estimado da paralisação de 10 dias de
trabalho em 2002 chegou a bilhões para a economia dos EUA. Dez dias de lucros
perdidos no ano de US$ 150 bilhões somariam mais de US$ 4 bilhões apenas para
os armadores.
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