25 de mar. de 2010

Os portos sem os Portuarios

A propaganda e o real custo Brasil 

A ineficiência dos portos brasileiros chegou ao auge na década de 90.
Eram terminais marcados pela inoperância administrativa, equipamentos sucateados,preços absurdos no âmbi­to mundial e uma mão-de-obra excessiva para aque­le momento de vacas magras.Essa realidade foi decisiva para o chamado “Custo Brasil”.
A Lei 8.630/93 buscou, caso a caso, combater esses males pela raiz :fomentou os arrendamen­tos (aproveitando a onda das privatizações),a fim de que a iniciativa privada investisse em equipamen­tos e alcançasse padrões de competitividade mais atrativos; criou também o incentivo financeiro para desligamento dos avulsos (inspirada pelos PDV´s em voga naqueles tempos).
Era uma forma de enxugar o quadro dos trabalhado­res adequando-o à reali­dade.
A assunção dos terminais pela iniciativa privada, salvo trancos e barrancos,foi extremamente positiva. 
Os portos, de fato, passa­ram a ter outro perfil.
O afastamento das falidas Companhias Docas das operações portuárias,foi um grande alívio para todos (inclusive para elas próprias).Aos poucos, os portos brasileiros foram ganhan­do contornos globalizados e custos operacionais bem mais adequados ao multi­modalismo internacional.
Mas e a mão-de-obra? No primeiro momento, os sindicatos fizeram oposi­ção às inovações. 
Deflagraram guerra à indenização para desliga­mento.Porém, o trabalho na beira da praia já não era o mesmo...Os portu­ários das diversas catego­rias venceram a resistência de suas lideranças e foram aderindo à política de desligamento.Os que ficaram ganharam direito a acomodações dignas nos recém criados OGMO´s.Locais de escalação com dormitório, lavatórios, equipamentos de proteção individual, cursos de habilitação e reciclagem, etc...
A remuneração que já era considerada elevada foi defasando, e aos poucos chegando mais próxima da realidade (embora ainda seja considerada alta para os padrões salariais brasi­leiros e nos comparativos internacionais).Todavia, agora o bolo passava a ser dividido em menos fatias...
Os que aderiram ao “PDV”, independentemente da idade, não receberam das autoridades qualquer suporte. Nem requalificação profissional, para tornar um estivador em conferente,operador de DESCARREGADOR DE GRANEL ,RTG E PORTEINER nem orientação psicológica ou financeira.
Na época, levaram para casa valores insuficientes para sua subsistência futura (até porque a indenização não considerava a expectativa de vida de cada trabalha­dor).
A estatística que me foi apresentada por uma aluna durante a elabora­ção de sua tese de pós-graduação sobre o perfil dos portuários indeniza­dos, 16 anos após a edição da Lei de Moderni­zação dos Portos, revela uma tragédia humana: 100% não conseguiram se manter com a verba indenizatória; 52% encon­tram-se desempregados ou vivendo de subempregos.
9,5% adquiriram patologias graves ou morreram. 7% desenvolveram doenças como alcoolismo, síndrome do pânico e depressão. 83% se arre­penderam do desligamen­to.
Os que permaneceram na ativa, sejam eles cadastra­dos ou registrados, en­frentam hoje a concorrên­cia da mão-de-obra pró­pria. Que, por incrível que pareça, mesmo com car­teira assinada e todos os benefícios, ainda é mais atrativa aos empresários do que o trabalho avulso.
É difícil compreender que em uma atividade tipica­mente sazonal como a dos portos,seja mais interes­sante manter o custo fixo com mão-de-obra celetista,do que requisitar avulsos apenas nos mo­mentos de demanda.Contudo, as distorções no passado foram tantas e tão grandes,que hoje cabe aos trabalhadores conviver com essa dicotomia.Seja por interesses políti­cos, desmandos adminis­trativos ou intransigência (de parte a parte),o fato é que cabe aos Entes envolvidos resolver essa incongruência.As autori­dades, o empresariado e os sindicatos precisam chegar a um consenso para que se viabilize o trabalho portuário.
Claro, não com politicagem, nem com irresponsabilidade,mas em padrões moder­nos, livre dos ranços do passado.Antes que todos juntos matem a ”galinha dos ovos de ouro”.
Fonte Net Marinha
Buscando os numeros na historia portuaria do  cais santista .
O trabalhador foi o vilão que lutava por seu destino e futuro .
O governo por sua autoridade Portuario foi Pilatos .
E os  Operadores Portuarios  tornaram-se os donos da verdade .
Onde a modernidade era a chave para a precarização social da cidade do maior porto do Brasil.

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