A falácia de que porto privado gera cargas e reduz
custo para o usuário :: José Augusto Valente
Matéria do Valor de (21/10/13), com o título
passa
algumas opiniões – não fundamentadas – de que porto privado tem várias
vantagens, entre elas, a de gerar cargas e reduzir custos aos usuários.
Mas o próprio texto informa que o terminal privado de Iquique, no Chile,
utiliza apenas 50% da sua capacidade. Isso porque a economia e o comércio
exterior do Chile não geram carga suficiente para a capacidade do referido
terminal. Daí, o desejo, desse operador privado, de atrair carga brasileira
para viabilizá-lo.
O texto vai além e emite uma opinião, não fundamentada, de que a nova
legislação de portos, no Brasil, fará aumentar o volume de carga movida
anualmente após parte ter sido passada à administração privada, esquecendo que,
há quinze anos, toda a movimentação de contêineres é feita por empresas privadas,
via arrendamento nos portos públicos.
Logo, não seria necessária mudança significativa no marco legal dos
portos para que o comércio exterior brasileiro se expandisse, como ocorreu no
período 2002-2011, quando saiu de US$ 100 bilhões para US$ 480 bilhões.
Hoje, pode desembarcar por US$ 400”. Deixando erradamente
subentendido que o preço baixou para o usuário (exportador/importador), a
partir da privatização ocorrida no Chile.
O que a matéria não informa é que, em primeiro lugar, porto algum gera
carga.
É a economia de um país, ou de um conjunto de países (caso da Europa e
Ásia), e seu comércio exterior que gera cargas.
O que significa que eu posso
construir um mega-porto de 15 milhões de contêineres, que ficará totalmente
ocioso, porque o Brasil somente gera pouco mais de 5 milhões de
contêineres/ano.
A matéria também não informa que o usuário não paga ao operador do
terminal, pela operação portuária, e sim ao armador (dono do navio), que
repassará o que bem entender ao operador portuário, segundo o seu poder de
barganha.
Do mesmo modo, a matéria não informa que quem escolhe os terminais para
movimentação de cargas não os usuários, mas os armadores.
Portanto, esse porto privado de Iquique somente aumentará sua
movimentação se os armadores assim o decidirem. Mas a tendência, na atual
conjuntura da navegação de longo curso, é de que os donos de navios de
contêineres tendem a reduzir o número de paradas em terminais portuários.
Especialmente, estes como Iquique que somente tem contêiner vazio para
transportar.
Fonte Portal T1
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