Não é raro observar docentes mais envolvidos com
atividades de pesquisa
, colocando em segundo plano a prestação de cuidados, o
que os distância das situações práticas do cotidiano e os torna teóricos
ineficientes na rotina dos serviços .
Em contrapartida, os profissionais , muitas vezes, se envolvem de forma profunda com as atividades
rotineiras do cotidiano de trabalho, deixando de lado a educação permanente e
,
por consequência, tornam-se profissionais pouco atualizados.
Tal desarticulação entre teoria e prática suscita a
reflexão crítica de que a prática se torna uma exigência da relação
teoria/prática, sem a qual a teoria pode ir virando falácia, e a prática,
ativismo.
Quando a integração ensino-serviço acontece de forma efetiva, unindo
docentes,
estudantes e profissionais com o foco central no usuário, esta
dicotomia entre o ensino e a produção se
ameniza.
Sendo assim, é preciso investir na sensibilização
dos atores inseridos nos cenários onde se desenvolvem os cuidados e o processo
de ensino-aprendizagem.
Operacionalmente, a universidade deve se preocupar em
identificar necessidades dos serviços e cenários de prática, estabelecendo
pactos de contribuição docente/discente para tais serviços.
Devem estar
incluídos nestes pactos: negociação de espaços, horários e tecnologias para
adequação das atividades do serviço e das práticas educacionais.
Além disso, em
contrapartida, é fundamental a participação de profissionais e
usuários nas discussões educacionais de formação na área.
É necessário criar mais espaços para a interlocução
dos cursos, serviços, gestores e usuários.
Os profissionais do serviço devem
sentir-se corresponsáveis pela formação dos futuros profissionais,assim como
os docentes devem considerar-se parte dos serviços.
Para se compreender o que o estudante formará sobre
o estabelecimento de vínculo entre usuários e serviços, representado pela
relação com o profissional que o atende, seria necessário que o professor
estivesse no serviço e se sentisse parte dele a ponto de também se ver
representado por tal serviço.
Sem o diálogo permanente não será possível gerar
novas formas de interferir no processo de trabalho, nem no processo educativo da formação de um novo trabalhador.
É
preciso colocar no centro do diálogo o usuário, que deveria ser o beneficiário
dos dois processos que se engendram nos mesmos espaços.
Um dos focos da mudança na área é a formação de profissionais para conformação de um modelo de atenção centrado no procedimento.
Porém, a integração ensino-serviço pressupõe a presença de
estudantes em formação e docentes em cenários onde ainda se produz atenção sob
um modelo tecno assistencial hegemônico centrado no procedimento.
Esse modelo predominantemente vigente privilegia a
expansão do ensino e enfatiza a pesquisa como forma de superar a era empírica
do ensino, supervalorizando a especialização.
Apenas
secundariamente existe compromisso com as necessidades dos trabalhadores.
O que se busca, e uma relação com o movimento de diversificação de cenários de ensino-aprendizagem, como
uma estratégia para induzir mudanças mais profundas no processo de formação
profissional; um elemento, em si mesmo,
Transformar os espaços de aprendizagem com a incorporação de docentes com experiencia pratica e
estudantes ao processo de produção , sem descaracterizar a natureza
destes cenários reais.
Neste sentido, a construção de ações e estratégias de
promoção da saúde, de formação de recursos humanos, de controle social, de
educação e de comunicação , de integralidade da atenção, de intersetorialidade
e de equidade passa a fazer parte das agendas e perspectivas de intervenção de
docentes, estudantes e profissionais.
Neste contexto, cabe ressaltar o papel do
trabalhador sobre o modo de fazer de um
lado,
os fatores sociais, econômicos e políticos definem em grande medida a
estrutura e organização dos serviços, a partir de um lugar próprio referente
aos aspectos da macropolítica, por outro lado, o funcionamento e o perfil assistencial
são dados por processos micropolíticas e pelas configurações tecnológicas do
trabalho, mediante os quais ocorre efetivamente a produção.
O trabalho neste setor, o trabalho humano, vivo em ato, é
fundamental e insubstituível.
É preciso obter consenso sobre formas de trabalhar que estejam em sintonia com a nova proposta o que não se consegue por normas editadas
verticalmente.
Sendo assim, não é possível desconectar a proposta de
transformação do modelo tecnoassistencial das mudanças na formação dos
profissionais , com especial destaque, para a integração ensino-serviço como
espaço privilegiado
de reflexão sobre o ensino e a produção .
Fonte
A integração
ensino-serviço no contexto dos processos de
mudança na formação superior dos
profissionais da saúde
Verônica SAlbuquerque; Andréia
PGomes; Carlos HAlves de Rezende;
Marcelo X Sampaio;
Orlene VDias; Regina MLugarinho
Nenhum comentário:
Postar um comentário