31 de dez. de 2013

A integração ensino-serviço nos processos de mudança na formação I

A realidade vivenciada pelos trabalhadores  não deve ser ponto de partida para críticas taxativas  a estes serviços e seus profissionais; deve funcionar como elemento instigador para uma prática  problematizadora no sentido da aprendizagem  e também da reflexão sobre a produção .É importante que a condução de qualquer análise sobre a relação entre ensino e serviço não busque culpados. 

Afinal, o que vemos acontecer hoje nos cenários onde se desenvolvem  as práticas de formação é fruto de anos de construção que foi traçada, conduzida e consolidada em direções diferentes, com interesses diversos, embora nem sempre antagônicos.
O currículo integrado valoriza o espaço de articulação entre ensino, serviço e comunidade como cenário do processo ensino-aprendizagem, devendo o trabalhador  refletir sobre sua ação e a realidade em que está inserido, buscando problematizar o seu cotidiano, tomando o que tem para ser aprendido  como mola propulsora do processo de formação, na perspectiva de uma aprendizagem crítica e reflexiva.

Se considerarmos que os cenários de aprendizagem são de potencial importância como locus da formação, espaços privilegiados para a incorporação da integralidade no processo de ensino-aprendizagem, a redefinição das práticas e estágios e do seu local de desenvolvimento ganha importância como professores  profissionais da area .
 Mas também precisam ser olhados pelos gestores e atores do processo de produção como espaço concreto em que as mudanças podem acontecer mutuamente, influenciando e trazendo novos sentidos às suas práticas.

O momento de imersão do estudante no cotidiano dos serviços  pode trazer recursos riquíssimos para o aprendizado  da organização dos processos de trabalho e gestão. 
Devem-se aproveitar as experiências vivenciadas e observadas nos serviços  durante as aulas práticas e estágios, como momento pedagógico, para refletir sobre a prática do  que ali é produzida e suas repercussõesÉ preciso trazer sentidos para a maneira como se organiza  e desenvolve naquele espaço.Neste sentido a formação a partir do processo de trabalho. A formação deveria ter como objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho  e estruturar-se a partir da problematização do processo de trabalho e sua capacidade de dar entendimento  às várias dimensões e necessidades

A melhor síntese para essa designação à educação dos profissionais  é a noção de integralidade, pensada tanto no campo da atenção, quanto no campo da gestão de serviços e sistemas.Quando discutimos as mudanças que se fazem cada vez mais necessárias  no processo de formação na áreatorna-se essencial que também nos esforcemos por introduzir a discussão de forma mais solidária e companheira sobre as necessidades de mudança na organização dos serviços  e de como, na articulação essencial entre os dois mundos  da educação e do trabalho , temos que definir princípios e valores éticos acerca da  qualidade dos serviços prestados na área. Percebesse a necessidade de um olhar mais elaborado  para a questão da interseção entre trabalho e educação, em que os conflitos dispositivos de poder na construção de modelos e na relação trabalhista presentes nessa interação se devem, parcialmente, aos objetivos e intenções que movem os dois processos.

O processo educacional na formação dos profissionais  deve ter em vista o desenvolvimento tanto de capacidades gerais, quanto as especificidades . 
Entretanto, todo processo educacional deveria ser capaz de desenvolver as condições para o trabalho em conjunto valorizando a necessária interdisciplinaridade para a composição de uma atenção que se desloque do eixo - recortado e reduzido - corporativo-centrado, para eixo - plural e complexo - usuário-centrado.As propostas de formação e de exercício do trabalho em equipe multiprofissional já estão colocadas como realidade em nossa sociedade para a área, não cabendo legitimidade a qualquer apelo em contrário. 
Prova disso é a constância da designação do trabalho em equipe em qualquer circunstância propositiva de elevação da qualidade do trabalho e da formação.

Este movimento de interseção na equipe multiprofissional teria, nos recursos e instrumentos de conhecimentos e atos de uma profissão, a oportunidade de compor e inventar a intervenção coletiva, constituindo-se cada desempenho ampliado ou modificado em um desempenho protegido pela condição da equipe.No aspecto da formação e das ações profissionais às transformações devem se dar simultaneamente nos dois processos. 

Algumas questões, que se apresentam com frequência, se referem ao modo como os profissionais da área não vivenciam, ao longo de sua formação, estratégias que articulem suas atividades e saberes com as dos outros profissionais da equipe. Sempre é referido como um dos momentos de dificuldade, quando se iniciam as atividades profissionais, o aprendizado em que se torna necessário compartilhar com outros profissionais os espaços de atuação e os sujeitos daquela atuação.
 O aprendizado gera, muitas vezes, situações extremamente conflituosas diante disso, torna-se ainda mais significativo colocar o trabalhador no centro do debate, pois assim é possível criar um terreno comum para o diálogo.
O espaço de interseção entre serviço e formação é rico em possibilidades para a produção de novos saberes e práticas e também para a aquisição de condutas interprofissionais na produção.

  Fonte 
A integração ensino-serviço no contexto dos processos 
de mudança na formação superior dos profissionais

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