9 de jan. de 2014

Na Conta dos Estivadores


Observa-se que o conteúdo implica
 em novas formas de controle social da produção,
 impactando os valores produzidos pela tradição e pelos costumes.
 Ouvindo trabalhadores obtivemos o seguinte depoimento
; ...muitos antigos não aceitaram a vinda do OGMO, não aceitaram a modernidade, muitos se aposentaram com 70% e o OGMO em si foi a grande causa dessa desunião..
O OGMO foi a pior coisa que aconteceu para nós
 porque acabou com o poder do sindicato, hoje o sindicato na realidade está posto aqui para negociar, hoje ele já não tem poderes para organizar para fiscalizar para administrar,
 hoje nós estamos aqui só para negociar e a vida social do trabalhador caiu muito, porque era tudo no nosso poder, era uma irmandade, hoje está uma bagunça generalizada, 
antigamente a posição do segundo secretario operacional do sindicato, ele tinha uma equipe de 80 diretores que eram os olhos dele, junto com essa equipe ele trabalhava, 
ele ia para bordo, ele ia ver se os trabalhadores estavam no porão dos navios, via se o trabalho estava adequado, ele corria esse cais todo, hoje o segundo secretário não tem mais essa função ...
1 secretário do sindicato dos estivadores 2007. 

A ordem simbólica é incluída em hierarquia de meios e fins
 implicando na aposentadoria dos mais antigos,
 realizada por um processo de escolha racional que lhes era natural. 
A nova ordem cultural tem a propriedade de desmanchar
 “a família”,
 ou seja, enquanto situação vivida, os novos significados expressos nas ações, mostram que a cultura-tal-como-constituída perde referencia para orientar a vida presente. 
A nova ordem coloca em cheque as estratégias políticas
 que no passado orientavam as disputas que se apresentavam:
...quando a gente quer fazer uma negociação diretamente com o armador a gente pára no SOPESP que é o
 sindicato dos operadores portuários do Estado de São Paulo, a gente para ali, não se consegue chegar ao armador, então a gente tem que buscar articulação política, 
que são os parlamentares, os políticos da cidade, agora para ser sincero, hoje está difícil...
 Por isso que a gente ta sempre com nossos representantes em Brasília  articulando com os parlamentares para ver
 se a gente traz de volta a nossa aposentadoria especial
 que nós perdemos.
 Isso pra nós seria excelente onde num quadro de 3000 registrados, com a vinda da especial, nossa senhora, aposentava 1000, a gente conseguia enxugar o quadro e
 conseguia manter o lado financeiro um pouquinho melhor... 
1 secretário do sindicato dos estivadores 2007 

A luta que hoje se trava não encontra ressonância 
nas instituições que no passado estiveram ao lado da categoria. 
A transformação no sentido mais amplo colocou o Estado distante e os signos do passado  que orientavam as ações,
 quando trazidos para o presente, não encontram relação com os novos signos e as respostas se inscrevem na ordem da cultura passada. 
A ação do sindicato  está voltada para tentar manter o sentido de pertencimento do passado que não tem o mesmo significado no presente:
 ... Hoje o sindicato precisa de uma diretoria que passe para o trabalhador uma certa tranqüilidade, 
o trabalhador não pode chegar aqui e perguntar como é que estão coisas... 
aí nós respondemos ta tudo ruim?...
não, nós dizemos nós estamos negociando, nós estamos brigando, sempre incentivando eles... 
a gente não pode passar para eles uma negatividade... 
mas claro tudo depende da diretoria saber negociar.
 1 secretário do sindicato dos estivadores 2007 

Os grandes investimentos realizados pelas empresas operadoras arrendatárias, tornou imperativo que as operações desses novos equipamentos fossem realizadas por trabalhadores por eles contratados onde os padrões de eficiência requeridos ficam sob o seu controle, trazendo para o novo mercado de trabalho uma nova prisma para os trabalhadores avulsos.

Segundo a direção do Sindicato dos Estivadores 2007
 a redução média da mão-de-obra no ano de 2006,
 deveu-se a acórdão judicial obtido pelos operadores portuários com base no artigo n° 57
 Os estivadores para assegurarem algumas garantias,
 fizeram um acordo que elevasse o ganho dos trabalhadores além de benefícios como vale refeição e vale transporte. 
Além disso, foi criado um plano de desligamento voluntário PDV onde 223 trabalhadores se desligaram e receberam cada um  R$ 30 000,00
O resultado culminou na redução de 10,8% da força de trabalho no ano de 2006  comparativamente ao ano 2005.
 A  massa salarial declinou 9,6%.
 O atual estágio de transformação no porto de Santos 
ainda não consolidou a fase de redução de custos
 característica dos serviços portuários que utilizam capital intensivo para atender amplas economias de escala que viabilizem padrões desejáveis de competitividade.
A infra-estrutura cais,
 pátios, áreas de armazenamento e a superestrutura guindastes, tratores, caminhões, empilhadeiras, imóveis portuária ainda apresentam tamanhos operacionais
 reduzidos convivendo com problemas de congestionamentos que desembocam em custos incompatíveis, impedindo que o capital privado alcance taxa de retorno razoável no médio prazo.

 A combinação, produtividade do trabalho crescente e rendimento médio do trabalho  decrescente são os pilares que ainda vão permanecer até o ponto em que os custos da movimentação no porto   se comparem aos custos dos portos mundiais competitivos.
 Para se tornar competitivo em escala global,
 a estratégia adotada no porto de Santos, 
no atual estágio de transformação, 
é de flexibilizar para baixo a massa salarial,
 reduzindo a quantidade de trabalhadores nos postos de trabalho mantendo crescente o volume de contêineres e de carga geral, movimentados ao longo dos anos.
 Segundo o Sindicato dos Estivadores de Santos, 
o crescimento projetado a partir da solução dos impasses 
que impedem o aumento da produtividade  como o aumento do calado para 17 metros, construção de perimetrais, sistema viário, 
ajustes no número de homens por terno de trabalho 
e introdução de novos operadores portuários ,
 produzirá uma redução no número de trabalhadores
 correspondente a quarenta % dos atuais 5000 em trabalho.  

FONTE 
35 Seminário Temático Numero 16 
TRANSFORMAÇÃO DO TRABALHO  E 
A CULTURA DOS ESTIVADORES DE   SANTOS
João Carlos Gomes  
O peso que carrega os trabalhadores Portuarios do Porto de Santos ,são frutos dos equivocos cometidos pleos empresarios e pela Autoridade Portuaria.
O primeiro preocupado em acumular em seus lucros os salarios ganhos com produtividade dos estivadores , formam ,treinam e capacitam mão de obra propria e com isso criam barreiraas para a qualificação dos trabalhadores dos quadro dos Ogmos  desrespeitando  e contrariando a Convenção 137 e Resolução 145 da Organização Internacional do Trabalho OIT em segundo por não seguir o exemplo de seus irmãos Autoridades Portuarias Europeias e Americanas.

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