A ORGANIZAÇÃO
CURRICULAR
NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Dois princípios devem nortear
a formulação dos currículos
por competências da educação profissional brasileira: a flexibilidade e a empregabilidade.
A flexibilidade está presente na organização curricular
quando se reconhece que as diretrizes curriculares nacionais, ao tempo em que garantem
um padrão de qualidade na formação do técnico, não esgotam as possibilidades de
construção e reconstrução de currículos que respondam a demandas específicas,
traduzidas em habilitações profissionais que atendam aos perfis por elas
requisitados.
Isso deve acontecer no âmbito de cada instituição escolar.A empregabilidade, por seu turno, está extremamente
relacionada à condição de afinamento permanente da formação de técnicos às demandas
dos setores produtivos. Ela requer profissionais com competências gerais e
específicas, capazes de adaptação, readaptação e aprimoramento contínuos, que
permitam sua inserção e reinserção em mercados de trabalho em constante
mutação.
É exatamente para garantir essa organização curricular
norteada pelos princípios de flexibilidade e empregabilidade que o Decreto nº 2.208/97
determina que para a “elaboração das diretrizes curriculares para o ensino
técnico, deverão ser realizados estudos de identificação do perfil de
competências necessárias às atividades requeridas, ouvidos os setores
interessados, inclusive trabalhadores e empregadores”.
A ORGANIZAÇÃO DO MUNDO DO TRABALHO
OS SETORES E AS ÁREAS PROFISSIONAIS
O mundo do trabalho reúne o conjunto de todas as
atividades produtivas, geradoras de saberes, produtos materiais e
benefícios,voltadas, pelo menos em seus propósitos, à melhoria da qualidade da vida
humana.
Uma análise que classifique as atividades do mundo do
trabalho com base na natureza dos produtos por elas gerados permite, assim, que
se identifiquem três grandes setores:
o de produção de bens,
o de produção de
conhecimentos e o de produção de serviços.
Esses três setores – bens, serviços
e conhecimentos –
têm processos de produção que envolvem insumos, objetos, métodos e técnicas peculiares e característicos.Ao analisar cada um desses três setores, constata-se que
são constituídos de atividades que, apesar das similaridades ou das semelhanças
que as reúne no setor, apresentam particularidades ou dessemelhanças em seus
propósitos, objetos ou processos produtivos.
A aglutinação das atividades de um mesmo setor pelas
similaridades ou semelhanças de propósitos, objetos e/ou processos produtivos identifica áreas de produção que, por sua vez, determinam áreas de atuação profissional.A organização do mundo do trabalho para efeito do
planejamento de currículos da educação profissional identifica, assim,
setores,resultantes de um primeiro nível de classificação, baseada na natureza dos
produtos por eles gerados e as diversas áreas profissionais neles incluídas, decorrentes de um segundo nível de classificação, baseado no agrupamento ou na
aglutinação de atividades por similaridade de propósitos, objetos e processos
específicos de produção.
Conforme já explicitado, as áreas profissionais decorrem
do estudo
de determinado setor produtivo, no qual se identificam as
semelhanças e dessemelhanças.
Em cada área profissional, são identificadas as grandes
atribuições,etapas significativas ou funções abrangentes que compõem,integram
ou caracterizam o(s) respectivo(s) processo(s) produtivos e que reúnem,pela
natureza fundamental das operações mentais ou das ações básicas nelas
envolvidas, atividades mais específicas, que são as subfunções,geradoras de
produtos ou resultados parciais definidos dentro desses processos produtivos.
Ressalte-se que essa identificação somente é possível a partir da indispensável
colaboração de pessoas efetivamente engajadas no setor produtivo - empresários
e trabalhadores.
As funções e subfunções de uma área profissional, uma vez
identificadas, sistematizadas e descritas, permitem que educadores especializados
na formulação de currículos avancem na identificação das competências e
habilidades requeridas dos profissionais, particularmente,aqui, dos técnicos de
nível médio, para uma atuação geradora de resultados distintivos, em qualidade,
na área em questão.O desenho desse quadro de funções e subfunções
componentes do(s) processo(s) produtivo(s) de cada área profissional permite, então,a identificação das competências, ou seja, das operações mentais,cognitivas,
sócio-afetivas ou psicomotoras que precisam ser apropriadas pelos estudantes, dos saberes que precisam ser aprendidos para a geração de habilidades – um
saber fazer que não é produto de uma instrução mecanicista, mas de uma
construção mental que venha a incorporar novos saberes, viabilizando, assim,
uma requalificação ou uma reprofissionalização em função das mudanças
econômicas e tecnológicas.
As competências e habilidades, quando trabalhadas do
ponto de vista da formação de pessoas para o exercício de atividades
profissionais,apontam para a necessidade da apropriação das bases tecnológicas ou dos métodos, técnicas, termos, normas e padrões específicos do processo de
produção
no qual estão envolvidas. Essas bases tecnológicas, por sua vez, pressupõem o conhecimento dos conceitos e princípios da(s)ciência(s) na(s)
qual(is) se apóiam (bases científicas) e o domínio das ferramentas básicas
(bases instrumentais) que possibilitam a sua efetiva compreensão e utilização.
As diretrizes curriculares são, pois, construídas a
partir,inicialmente, da identificação das funções e subfunções que caracterizam
o(s) processo(s) produtivo(s) de determinada área profissional, seguida da
identificação das competências e habilidades,bem como das bases tecnológicas
que dão suporte a estas, requeridas do profissional que irá atuar naquela área.
A identificação das bases científicas e instrumentais permite a percepção clara
dos requisitos de entrada para a educação profissional na área específica, estabelecendo as ligações entre o currículo desta e o da educação básica.
A normalização nacional é constituída, assim, por
diretrizes curriculares nacionais para as diversas Áreas Profissionais.
Integram ainda esta normalização a aprovação de cada uma das matrizes
curriculares de referência, a partir das quais os sistemas de ensino e as
Escolas definirão
a oferta de cursos e habilitações em função das tendências
econômicas e tecnológicas regionais.
Convém ainda destacar que, como a
definição das Áreas foi feita a partir de
um corte arbitrário do mundo do
trabalho,as Escolas deverão ter liberdade para ofertar cursos com competências,habilidades
e bases tecnológicas das matrizes de referência de duas ou mais Áreas
Profissionais.
Fonte CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
Relatos de algumas Experiências Brasileiras O I T
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