Condições de
trabalho adequadas
e saúde dos trabalhadores
foram temas de palestra
A Baixada Santista recebeu o
médico
do trabalho da Fundacentro/SP,
Ricardo Daltrini,
que palestrou sobre condições
e saúde do trabalho
O antipenúltimo evento correspondente
ao
I Ciclo de Palestras Técnicas do Escritório de Representação da Baixada
Santista (ERBS - Fundacentro),
ocorreu no dia 27 de agosto. Nesta edição o
médico do trabalho, Antônio Ricardo Daltrini, discorreu sobre as atividades
desenvolvidas pela Coordenação de Saúde do Trabalho e a norma regulamentadora
nº 32.
Daltrini destacou quais são os
profissionais que exercem atividades na área de medicina da Fundacentro,
realizando pesquisas e atendimentos oferecidos aos trabalhadores que foram
expostos às toxinas ambientais e compostos químicos que podem se espalhar no ar
sob a forma de poeira, fibras, névoa ou fumaça.
“As doenças pulmonares
ocupacionais foram detectadas nas investigações médicas, por radiografias
e
espirometria, a instituição conta com a parceria do Centro de Referência em
Saúde do Trabalhador (Cerest/SP)”, salienta o médico.
“A instituição começou a discutir saúde e segurança no trabalho em
todas as classes trabalhadoras
que estejam ou não inseridas nas normas
regulamentadoras”, salienta Daltrini.
Ao tratar a NRº32 o médico comentou
que esta NR fortalece as normas regulamentadoras nºs 7 e 9.
Disse ainda, que
todas as empresas começaram a respeitar a norma, no entanto, isso não ocorre
nos hospitais.
Ainda sobre o setor de saúde, Antonio
Ricardo enfatiza que o corpo de funcionários de um hospital
que vai do médico
ao faxineiro – precisam saber quais são as vacinas que devem tomar
e que estão
descritas na própria norma regulamentadora.
Os riscos de acidentes ocupacionais e
as medidas de prevenção também são pontos fortes a serem obedecidos.
“A saúde
do trabalhador que está envolvido com o setor de saúde ainda é precária.
Em um
estudo recente realizado por uma pesquisadora da Fundacentro, em um hospital na
cidade de São Paulo, concluiu que depois de tantos anos, em torno de 50% dos
profissionais continuam sem a vacina da hepatite”,
enfatiza Ricardo.
O médico frisa que no setor de saúde
existe um nexo causal muito grande,
porque é difícil fazer exame médico nesses
profissionais que deveriam privar pela saúde.
A higiene também é apontada por
Daltrini com sendo uma falha.
“É inadmissível que profissionais que cuidam
diretamente da saúde dos pacientes,
não adotem medidas de higiene, como lavar
as mãos ao sair do banheiro.
Existem médicos que cumprimentam os pacientes sem
lavar as mãos de um paciente para outro”,
salienta o palestrante.
Os acidentes
com perfurocortantes é outra realidade apontada pelo médico e que ocorrem nos
hospitais,
sobretudo, com os profissionais de limpeza.
Em 2005, o médico fez um curso na
Organização Internacional do Trabalho (OIT) da Itália,
nesse evento Ricardo
conheceu um pesquisador da Espanha, o qual aprendeu toda a área de prevenção e
mecanismo de prevenção no Brasil. “A área da Previdência Social funciona bem,
de acordo com o pesquisador, porém, eram necessárias algumas melhorias”, relata
Daltrini.
Para o médico, a prevenção séria
começa dentro de casa, principalmente quando tem criança.
Os casos de acidentes
domésticos são os responsáveis por mortes e internações de crianças em estado
grave. “Alguns cuidados são necessários, como por exemplo, produtos de limpeza
não podem ficar no chão,
porque a criança pode ingerir e isso causará danos
estomacais graves”, salienta Ricardo.
Além da intoxicação relatada pelo médico,
outros acidentes que ocorrem são quedas, queimaduras e afogamentos.
Daltrini ainda discorre sobre
acidentes que ocorriam há 25 anos na região do nordeste,
o qual os
trabalhadores do setor agrícola utilizavam a máquina “pica pau” e perdiam as
mãos durante a atividade.
Na época,
a Fundacentro junto com a Universidade de
São Paulo (USP) fizeram um trabalho para reduzir os acidentes.
Esse trabalho
foi de implantar uma proteção na máquina para não ocorrer mais acidentes.
“Avança muito e retrocede também,
o que eu quero dizer é que o mesmo acidente
de dois anos para cá voltaram a ocorrer naquela região”,
relata o médico. Disse
ainda que muitos servidores se aposentaram na instituição e muitos outros estão
para se aposentar “precisamos repor o quadro de pesquisadores que fomentam a
área de SST e o concurso é muito importante para que possa assegurar que os
trabalhos de pesquisas continuem”, finaliza.
Participaram também do evento, o
coordenador técnico e a pesquisadora da Fundacentro/Santos,
Josué Amador da
Silva e Juliana Andrade de Oliveira.
Estiveram presentes e compuseram a mesa de
abertura, o secretario geral Ademir Joaquim Irussa,
do Sintrasaúde de Santos;
Ricardo Saraiva Big, do Sindicato dos Bancários de Santos e Região;
Edson
Augusto Nascimento Santos, do Sindicato dos Operários e Trabalhadores
Portuários (Sintraport)
e Marcelo Mota da Nova Central.
O coordenador técnico Josué Amador
comenta que a reativação da instituição em Santos
será importante no sentido de
contemplar as atividades desenvolvidas pela Fundacentro no que se refere às
pesquisas em segurança e saúde dos trabalhadores.
“Todos os temas que foram
abordados desde o início do Ciclo foram escolhidos justamente
para abranger
todos os trabalhadores da Baixada Santista”, discorre Josué.
O secretario Ademir enfatiza que a
ausência da Fundacentro/Santos fez com que
o Conselho Sindical enfrentasse
grandes dificuldades.
“Consideramos uma vitória em saber que teremos a
instituição como a Fundacentro na Baixada Santista novamente, principalmente
porque teremos uma equipe técnica que a região necessita”, salienta Irussa.
Ricardo Big relata que o ciclo de
debates oferecido pela instituição tem sido importantes e continua a sua fala
na questão do trabalho terceirizado, na sua visão esse trabalho é precário.
“Quem perde são os trabalhadores, exemplo dos bancos que terão terceirizados e,
com isso,
ocorrerá a precarização do trabalho em nosso País”, explana Big.
O sindicalista disse ainda que a
terceirização é uma forma de escravizar os trabalhadores
e que vai contra aos
vários artigos da Constituição.
“Não existirá classe trabalhadora, por isso não
podemos deixar que os serviços sejam terceirizados”,
finaliza Ricardo Saraiva.
Marcelo Mota parabeniza a iniciativa
da Fundacentro e que os eventos e a reativação
de um órgão em prol da saúde do
trabalhador fortalecem as Cipas em Santos.
Já Edson Santos, da Sintraport,
fortalece as falas de todos sobre a reativação da instituição e
a iniciativa de
promover palestras com pesquisadores de alto nível da instituição.
“Somos todos
trabalhadores e precisamos discutir as condições de trabalho decente.
É
fundamental que um órgão de pesquisa, como a Fundacentro, seja reativado em
nossa região,
especialmente por fomentar questões de segurança e saúde no
trabalho para a classe trabalhadora”,
enaltece Marcelo.
A pesquisadora da Fundacentro/Santos,
Juliana Oliveira,
salienta que a terceirização promove o adoecimento dos
trabalhadores e citou que na França
reduziu para 35 horas de trabalho, no
entanto, elevou o número de horas extras,
ocasionando o adoecimento do
trabalhador.
“Eu não quero me tornar especialista em assédio moral, por isso é
importante iniciativas que possibilitem uma discussão e implantação de
ambientes saudáveis”, enfatiza Juliana.
Os trabalhadores do Sindiminérios de
Santos,
Rodrigo Fonseca, José Ricardo Félix Barros e Anderson Bispo de Souza
disseram que assistiram às palestras oferecidas pela Fundacentro, além disso,
estão ansiosos para a reativação da instituição em Santos.
Fonte Fundacentro
Nenhum comentário:
Postar um comentário